sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

P27: 1º Encontro da Tabanca do Centro

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RELATÓRIO DA OPERAÇÃO "COZIDO À PORTUGUESA"


O toque a reunir


Perspectiva mais geral que se conseguiu das forças em Operação



O "capacete" Lapão


O "inimigo"





Manhã cedo, aí pelo raiar das 11.15, aterrou em Monte Real a Força Aérea, acompanhada da Enfermagem Especializada em saltos de pára-quedas, prontos para as primeiras instruções sobre a Operação “Cozido à Portuguesa”.
À sua espera, a minha pessoa, “graduada” em Comandante Improvisado das Forças Camarigas, aguardava-os no Palace Hotel Monte Real, onde pernoitaram para o dia seguinte, pois a Operação revelava-se cansativa.
Acertados os primeiros pormenores, rumámos para o ponto de encontro, onde esperaríamos pelo resto das forças, para depois prosseguirmos para o Teatro de Operações.
Qual não é o nosso espanto quando verificámos que numa dedicação total à Operação, já alguns camarigos se tinham adiantado, quais batedores/picadores, (até lá estava um das “especiais”), e desbravando terreno, nos receberam com alegria incontida.
Entretanto o resto das forças foram chegando, tais como reforço para a Força Aérea, (que a operação era de vulto), transmissões, enfermeiros, operacionais e outras coisas mais, um homem de Astrolábio e Sextante, e também calculem bem, um enviado julgamos que da Nato, vindo expressamente da Lapónia para ver as forças a actuarem e com elas participar nesta Operação de grande envergadura.
Ansioso por entrar em combate, o pessoal olhava e questionava o Comandante Improvisado, que assobiando para o lado tentava disfarçar, dizendo que o inimigo ainda não estava pronto, que a Operação devia iniciar-se à hora marcada, que ainda faltavam algumas forças importantes para a Operação, e todo o género de desculpas esfarrapadas, que não conseguiam demover as forças presentes de avançar para o objectivo.
Assim decidiu o Comandante Improvisado rumar ao Teatro de Operações e questionar da possibilidade de se avançar desde logo para o terreno e fazer alguns exercícios degustativos mesmo antes de o inimigo estar pronto para o combate.
Tendo obtido luz verde, correu, (devagarinho que a idade conta), a chamar os operacionais, que muito ordeiramente, ao magote, se dirigiram para o terreno de combate.
Tranquilamente e em silêncio quase absoluto, como é apanágio dos Portugueses, (não se ouvia uma mosca, tal era o barulho), ocuparam as suas posições e cada um deu início aos primeiros exercícios, utilizando para tal uma broa divinal, um pão a sério, azeitonas de rija têmpera e um tinto de se lhe tirar a barretina!
Convém informar que, apoiando-se nas medidas em boa hora tomadas em Portugal de aceitar nas Forças Armadas as Senhoras deste país, algumas delas, convocadas pelo dever pátrio e também para controlarem os copos dos maridos, responderam sim à chamada, abrilhantando assim com graciosidade esta Operação que se poderia revestir de graves riscos para as nossas forças, causados por alguns possíveis excessos.
Chegada a hora aprazada, deu-se a conhecer o inimigo, que se apresentou bem ataviado, nas couves com sabor a campo, na cozedura certa, as batatas sabendo a batata e não a terra, uns nabos bem melhores do que este nabo que escreve, uns enchidos que se percebia nunca terem conhecido plástico de embalagem no vácuo e umas carnes suculentas, recheadas dos seus líquidos próprios e que se desfaziam na boca.
Nesse momento houve algum descontrolo, (perfeitamente aceitável dada a ansiedade de entrar em combate), e mesmo sem esperarem a voz de ataque, todos se atiraram ao inimigo com notável empenho e valentia.
“Dos fracos não reza a história”e ninguém se negava, (com risco da própria barriga), a ir lutando denodadamente tentando esgotar o inimigo, o que se afigurava tarefa assaz difícil, visto que o mesmo ia sendo reforçado em permanência pela Senhora Dona Preciosa e seu apoio logístico, incansáveis nessa missão.
O representante da Nato, (acreditamos que o fosse), vindo da Suécia, ia conversando e tentando inteirar-se deste tipo de combate tão usual no nosso país, e integrando-se totalmente nas forças presentes lutava também ele incansavelmente para chegar á vitória final.
Mas há derrotas que são vitórias, e humildemente temos que, dizendo a verdade, dar a conhecer a nossa derrota, a nossa capitulação, perante a qualidade e quantidade do inimigo.
De tal forma a batalha foi, que houve alguns que ainda levaram inimigo para casa a fim de prosseguirem o combate, depois de um merecido interregno.
Começou então o rescaldo da Operação à volta de uns quantos bafejados pela sorte que ainda tiveram direito a arroz doce, mas não ficando os outros atrás, perante uma mesa ataviada de doces e frutas em qualidade e quantidade.
Começou então também a perceber-se pelo meio das conversas, o nome de um tal Luís Graça, havendo unanimidade no reconhecimento que só era possível agora convocar estas forças para tais Operações devido à sua brilhante ideia de ter fundado e liderar a Tabanca Grande, que é afinal o Quartel General onde acabam por reportar todas estas forças já disseminadas em boa hora, pelo nosso Portugal.
O tal representante da Nato, (seria ou não?), embalado nesta união de forças e depois de já ter recebido uns vinhos Portugueses para o aquecerem nas longas noites da Lapónia, decidiu brindar o Comandante Improvisado com um “capacete” típico das terras mais a Norte da Suécia, bem como, um artefacto que imitava a “voz” das renas daquelas paragens, que servirão ou não, para fazer o “Cozido à Laponesa”.
Coube então a vez ao Comandante Improvisado de usar da palavra para ler um relatório circunstanciado, em verso, sobre a Tabanca do Centro escrito e trazido por quem veio das planícies alentejanas.
Pediu depois que cada um colaborasse nos custos da Operação que se revelaram assustadoramente elevados, 8,50€ por cada combatente, e a Preciosa, (tratemo-la assim carinhosamente), num rasgo de generosidade ainda colocou à disposição das forças, duas garrafas de um liquido amarelado, que segundo diziam teria vindo da Escócia.
Depois desse momento o Comandante Improvisado continuou no uso da palavra para acertar agulhas sobre o combate já nos seus momentos finais, e alertar as forças para a necessidade de se traçarem novas Operações, e sobretudo como aproveitar as sinergias, (estava a ver que não utilizava esta palavra!), geradas neste grupo.
Passou depois a palavra ao homem da água que se queixou amargamente de que a picada para a fonte de água potável tinha muito mau piso e que precisava de materiais para arranjar a dita cuja.
Como “quem não chora não mama”, logo ali se lhe arranjaram creio que 155,00€, o que não dando para alcatroar a picada, já dá para a desmatação.
Aproveitando a deixa, outro homem da logística veio alertar as forças para a necessidade de ajudar de várias formas o povo irmão da Guiné, pelo que pedia a compreensão das forças presentes.
Estas intervenções levaram o Comandante Improvisado a propôr que, não colocando de lado essas ajudas, este grupo de combatentes reunidos na Tabanca do Centro se deveria preocupar em ajudar os ex-combatentes que nada têm e vivem em dificuldades, o que foi de um modo geral bem aceite, ficando cada um de dar o seu contributo em ideias para melhor se colocar em prática tal acção.
Perante o dever cumprido, e bem cumprido, e dada a ordem de desmobilização, o pessoal começou a retirar em boa ordem, não deixando nunca de gabar a qualidade e quantidade do inimigo que se apresentou a combate.
Outras Operações irão ser agendadas e em tempo será dado conhecimento das mesmas aos denodados combatentes.


Monte Real, 29 de Janeiro de 2010

O Comandante Improvisado
Joaquim Mexia Alves
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Nota: Como podem facilmente constatar, não citei nomes de ninguém, porque, (esperteza minha), correndo o risco de me esquecer de alguém, safei-me assim airosamente do imbróglio que podia acontecer.
Ficamos, na Tabanca do Centro à espera de textos e sobretudo de ideias para aplicarmos as tais sinergias, (ena pá, consegui utilizar a palavra duas vezes), em prol dos ex-combatentes necessitados.
Para este efeito utilizar o tabanca.centro@gmail.com
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