quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

P1357: O NOSSO PRÓXIMO ENCONTRO

              Caros camaradas

Prosseguimos as nossas diligências no sentido de se encontrar a melhor proposta para a realização do próximo convívio da Tabanca do Centro, apontado para 25 de Janeiro de 2023.

Na sequência do contacto com a gerência da Quinta do Paul, na Ortigosa, recebemos agora a resposta que transcrevemos:

---------- Mensagem encaminhada de Gerência Quinta do Paul 

Assunto: EMENTA AMIGOS Joaquim Mexia Alves 2 Quartas Feiras 22

Para: Joaquim Alves

Votos de Santo Natal, Sr Joaquim M Alves

Os preços baixos  serão sempre adversários da qualidade.

Dispomos de um excelente serviço de Buffet a 18,5€ por pessoa com bebidas. Único senão: Não é em sala exclusiva, no entanto temos a possibilidade de reservar uma zona da sala com uma separação com cortinado.

O Buffet é comum, faça-nos uma visita e no local avalia essa possibilidade.

O Almoço em sala exclusiva, não conseguimos valores inferiores a 22€  por pessoa. Pressupondo saída cerca das 14h30/15horas

Os convidados também devem ter em conta que se almoçarem em casa gastam 10€, ao almoçar fora só tem o custo da diferença ou seja 12€.

Melhores Cumprimentos

Gerência Fernando Vieira Cardoso

Quinta do Paul   

Consideramos que a opção Buffet parece ser interessante pois deixa a cada um a possibilidade de escolher a comida que mais lhe agradar. Tendo em consideração os preços propostos, um pouco elevados para o habitual nos nossos encontros, parece-nos sensato optar pela proposta de Buffet a 18,50€, com utilização de um cortinado para separar o grupo dos restantes clientes, dando-lhe alguma privacidade.

Gostariamos de saber a vossa opinião sobre esta proposta que, embora um pouco cara, tem a seu favor uma perspectiva de boa qualidade do serviço, ementa prática para o pessoal e facilidade de estacionamento das nossas viaturas.

Ficamos a aguardar o vosso parecer, para o que poderão utilizar a caixa de comentários deste Post, ou enviando uma mensagem para tabanca.centro@gmail.com

Naturalmente convirá que os vossos pareceres nos cheguem nos próximos dez dias, tendo em atenção a abertura das inscrições em 15 de Janeiro próximo.

A Tabanca do Centro

P1356: DO RIBATEJO AO MAR

Uma descrição exemplar de uma zona da nossa Tabanca do Centro, pela pena do saudoso poeta António Lúcio Vieira, nosso camarada, que nos deixou em Junho de 2020.

                        UMA REGIÃO SINGULAR

NO CENTRO DE PORTUGAL

Invulgarmente diverso e rico em atractivos turísticos é, indubitavelmente, todo o espaço, numa cintura de poucas dezenas de quilómetros, que circunscreve a periferia de Torres Novas.

Situada na fronteira entre a região estremenha e o Ribatejo, erguendo-se numa paisagem única em Portugal, a uma altitude que atinge os 678 m, distingue-se, na região, o Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, mais de dois terços do Maciço Calcário Estremenho, no qual se englobam as duas serras que lhe dão o nome e abrange os municípios de Alcobaça e Porto de Mós, no distrito de Leiria; Alcanena, Rio Maior, Santarém, Torres Novas e Ourém, no distrito de Santarém.

Numa área bela e agreste, recheada de escarpas, de grutas e algares, encontram-se, em profundos vales e encostas, para além de uma vasta e diversa fauna e flora, muros de pedra solta, rústicas aldeias de pedra, por onde, de quando em vez, deambulam praticantes de desportos radicais, do montanhismo ao BTT, da espeleologia aos passeios equestres.

No alto da longa Serra de Candeeiros, de onde se desfruta toda a vasta paisagem circundante, o visitante pode sentir-se nas “nuvens” e reparar em cada pormenor de uma belíssima paisagem, que se estende de Peniche ao Cabo da Roca e da Serra de Sicó a Torres Vedras.

Naquele que é um dos maiores reservatórios de água doce subterrânea de Portugal, reproduzem-se mais de seiscentas espécies vegetais, (cerca de um quinto das espécies existentes em Portugal) muitas das quais não se encontram em qualquer outro local do planeta.

É neste rico e tão diversificado território classificado, que se conservam as Marinhas de Sal, de Rio Maior, importante jazida de sal-gema, em pleno sopé da Serra dos Candeeiros, a trinta quilómetros do mar. Rodeadas de arvoredo e terras de cultivo, as Salinas riomaiorenses (das poucas de origem não marinha existentes em Portugal) apresentam-se como uma minúscula aldeia, com ruas de pedra e casas de madeira, onde se destacam uns peculiares tanques de formas e dimensões irregulares, os quais, a partir de meados da Primavera, se enchem de água salgada e dão origem a verdadeiras pirâmides de sal.

Faça-se então uma ronda pela região e comece-se pelas jazidas, com as marcas de trilhos de dinossauro, na antiga “Pedreira do Galinha”, exactamente na linha de fronteira que separa o concelho de Torres Novas do de Ourém. O Monumento Natural, posto a descoberto no extremo oriental da Serra de Aire, na povoação de Bairro, em pleno Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, contém um importante registo fóssil do período Jurássico, as marcas de alguns dos maiores seres que povoaram o planeta Terra: os dinossáurios saurópodes, na laje calcária onde as pegadas de dinossáurios se conservaram ao longo de 175 milhões de anos, podem ser observados cerca de 20 trilhos ou pistas, uma delas com 147m e outra com 142m de comprimento.

Escassos quilómetros adiante, chega-se ao santuário mariano da Cova de Iria, na cidade de Fátima, que a Igreja Católica designa por Altar do Mundo e que se assume como um dos locais de peregrinação mais importante da Cristandade. Aí se diz ter Nossa Senhora aparecido, em 13 de Maio de 1917, a três crianças que pastoreavam rebanhos.

Desde esse distante ano de 1917, não mais cessaram de acorrer à Cova da Iria milhares e milhares de peregrinos, oriundos de todo os continentes, fazendo do local, com a sua presença, um dos lugares de oração mais concorridos do mundo.

Não muito distante daquele local de peregrinação, abrem-se, aos olhos dos visitantes, as deslumbrantes grutas naturais, ainda no maciço calcário do Parque Natural das Serras d’Aire e Candeeiros. Presentes em todos os roteiros turísticos da Europa, as grutas de S. António e de Alvados, nas proximidades, respectivamente das aldeias de Serra de Santo António e de Alvados e a dos Moinhos Velhos, em Mira d’Aire (esta última eleita, em 2010, como uma das Sete Maravilhas Naturais de Portugal) todas abrigadas no rendilhado subsolo da serra de Santo António, constituem outros dos aliciantes desta privilegiada região do centro do país.

Em terras de Ourém, uma antiga fortificação muçulmana terá dado origem ao singular castelo da cidade, já que se acredita ter sido a mesma reconstruída nos primeiros tempos da monarquia, uma vez que remonta a 1178 a primeira referência a um castelo de planta triangular no alto do monte.

Antiga residência dos Condes de Ourém e muito ligado à figura de Nuno Álvares Pereira, o castelo, com os seus invulgares torreões, erguidos em 1450, o paço dos condes e a antiga cidadela, são igualmente motivos justificativos de uma visita.

Ainda no concelho oureense, na margem esquerda do rio Nabão, a praia fluvial e os banhos quentes com águas termais, indicadas para doenças de pele, fazem de Agroal um dos locais da região mais procurados na época estival.

Integrados no mesmo perímetro geoturístico, que abraça o concelho de Torres Novas, encontram-se a vasta albufeira do Castelo do Bode, fonte de vida, espaço de lazer, cuja reserva de água abastece parte de Lisboa, assim como alguns concelhos vizinhos do alto e médio Ribatejo e na qual o turismo e os desportos aquáticos, servidos por deslumbrante paisagem natural, encontram espaço particularmente privilegiado.

Do passado medieval da região, emergem, próximo do perímetro militar de Tancos, o romântico castelo de Almourol, cofre de lendas, encimando pequena ilha rochosa no leito do Tejo e o Convento de Cristo, sobranceiro à bela cidade de Tomar, ambos seculares legados dos cavaleiros Templários, cuja sede da ordem Gualdim Paes aquartelou na cidade do Nabão.

De deslumbre em deslumbre, parte-se à descoberta, ali mesmo ao lado, do Parque temático de Astronomia, do Centro de Ciência Viva, do enlace dos rios Tejo e Zêzere, do horto e da Casa de Camões, tudo ali na romântica e cativante vila de Constância, a quem o poeta Vasco de Lima Couto chamou “vila-poema”; do aprazível oásis, constituído pela cativante praia fluvial, rodeada por espaços verdes, estruturas de apoio e restauração, parques de campismo e infantil, de um outro moderno Centro de Ciência Viva e de um exemplar Observatório dos Morcegos, na aprazível região de Olhos d’Água, junto à nascente do rio Alviela, em Alcanena.

A nordeste, à beira da N1 e já próximo da costa atlântica, ergue-se o Mosteiro de Santa Maria da Vitória, vulgarmente conhecido por Mosteiro da Batalha, caracterizado pela singularidade das suas capelas inacabadas: as Capelas Imperfeitas.

Um pouco abaixo, depara-se o visitante com o majestoso e romântico Mosteiro de Alcobaça, oficialmente designado por Real Abadia de Santa Maria de Alcobaça; morada dos eternos amantes Pedro e Inês. Ambos os monumentos são jóias histórico-arquitectónicas e autênticas páginas vivas do passado de Portugal.

Mais para oeste, estendida no regaço da Pederneira abre-se, na costa marítima, a enseada da típica praia da Nazaré, a mais bela e romântica, a mais cantada das praias de Portugal. Lugar eleito pelos amantes do surf, cavaleiros das gigantescas ondas que fazem daquela privilegiada zona atlântica o cartaz turístico-desportivo mais divulgado no mundo entre os amantes da modalidade.

A Feira Nacional da Agricultura e do Ribatejo, em Santarém e a do Cavalo, pelo S. Martinho, na vizinha e característica Golegã, a Festa da Bênção do Gado, na vila de Riachos, no concelho torrejano e a dos Tabuleiros, em Tomar, a Festa dos Rios, na encantadora Constância, que o Tejo e o Zêzere abraçam; o Festival da Enguia, na aldeia torrejana de Boquilobo, berço do lendário Humberto Delgado, tal como a Feira Nacional dos Frutos Secos, que há muitos anos tem lugar na torrejana cidade almondina, são outros tantos eventos de legítimo destaque, nesta multifacetada e tão bafejada região do centro do país.

Na cidade ferroviária de Entroncamento abrem-se, entretanto, as páginas da história do comboio em Portugal, no Museu e na Rotunda das Locomotivas, da Fundação do Museu Nacional Ferroviário.

Servida pela mais estratégica rede rodoferroviária nacional, através da qual se parte para a Europa, ou dela se chega e onde, no espaço de escassos quilómetros, que se estendem por uma nesga de terra, aqui se descobre e se desfruta de um mundo de cativantes atractivos, onde os ecos da História, as belezas naturais, os costumes, a aventura e o laser, a fauna e a flora, a gastronomia, o artesanato e as tradições religiosas e profanas, os monumentos e a actividade turístico-desportiva, se conjugam para fazer deste pequeno rincão, do centro de Portugal, um museu vivo, um manual de História, de estórias e de lendas, um caleidoscópio de belezas e visões e sabores, um pequeno mundo, afinal, onde tudo se oferece e se desfruta.

Um pedaço de Portugal, tão diverso, mágico e cativante, como um bazar oriental, tão deslumbrante e colorido e tão singular, que nenhuma outra região do país o iguala.

António Lúcio Vieira ©

23-3-2015

quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

P1354: UM CONTO DE NATAL

                        CONTO DE NATAL 2022

Aproximava-se o Natal e a inspiração não vinha.

Desde há mais de dez anos que em cada Natal escrevia um Conto que, volta e meia, relia e se espantava como tinha tido tal inspiração.

A verdade é que, normalmente, quando se aproximava o Natal, numa qualquer madrugada acordava às seis ou sete da manhã, (o que tantas vezes lhe acontecia), e, sem perceber como ou porquê, a história para o Conto surgia no seu coração, no seu pensamento.

Depois era só escrever, mais tarde, e ao tempo que escrevia iam surgindo as frases encadeadas.

Mas este ano, nada!

O tempo estava a acabar e nem uma “luzinha” sequer de uma qualquer ideia para o seu Conto de Natal de 2022.

Percorria na memória cenas bíblicas, histórias passadas, episódios natalícios, mas nada, nenhum desses pensamentos lhe transmitia aquela “segurança” que costumava sentir quando lhe vinha ao coração e ao pensamento a trave mestra de cada Conto de Natal.

Bem, pensou ele, chegou ao fim este ciclo de Contos de Natal.

Acabaram-se as ideias, acabaram-se as razões, ou, simplesmente, haverá outro modo de escrever sobre o Natal, porque a escrita para ele, era um contínuo processo em que as palavras iam aparecendo conforme escrevia.

“Arrumou” os pensamentos na “gaveta mental” dos Contos de Natal e decidiu procurar outro modo de escrever o Natal.

Naquela madrugada de 24 de Dezembro, mais uma vez, acordou às seis da manhã.

Seria para rezar, certamente, porque o Conto de Natal já estava “arrumado” na memória.

Foi então que ouviu dentro de si uma voz que lhe dizia.

Queres um Conto de Natal, Joaquim?

Ficou em silêncio com receio que aquele momento acabasse de repente, mas no seu coração apenas dizia sim, mil vezes sim.

Novamente ouviu, ou sentiu, no seu coração aquela voz que lhe disse:

Pois bem o teu Conto de Natal este ano, Joaquim, sou Eu!

És Tu, Senhor? - Perguntou sem perceber.

Sim, Joaquim, sou Eu!

O teu Conto de Natal este ano sou Eu naqueles que sofrem.

O teu Conto de Natal este ano sou Eu naqueles que nada têm.

O teu Conto de Natal este ano sou Eu naqueles que estão doentes.

O teu Conto de Natal este ano sou Eu naqueles que estão presos.

O teu Conto de Natal este ano sou Eu naqueles que estão em guerra.

O teu Conto de Natal este ano sou Eu naqueles que estão abandonados.

O teu Conto de Natal este ano sou Eu naqueles que estão desesperados.

O teu Conto de Natal este ano sou Eu naqueles que estão sós.

O teu Conto de Natal este ano sou Eu naqueles que são perseguidos.

O teu Conto de Natal este ano sou Eu naqueles que são ofendidos.

O teu Conto de Natal este ano sou Eu naqueles que estão traumatizados.

O teu Conto de Natal este ano sou Eu naqueles que não têm esperança.

O teu Conto de Natal este ano sou Eu naqueles que não têm amor.

O teu Conto de Natal este ano sou Eu naqueles que Me afastam.

O teu Conto de Natal este ano sou Eu naqueles que não acreditam.

O teu Conto de Natal este ano sou Eu naqueles que cantam, apesar de todas as dificuldades, «glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade.»

Abriu os olhos, sorriu, e disse numa prece do seu coração:

Que lindo Conto de Natal, Senhor! Só podia ser escrito por Ti!


Marinha Grande, 21 de Dezembro de 2022

Joaquim Mexia Alves