Bom, hoje é mais uma mini-Karas... Também, com o jet-set a banhos e sem convívios para recordar, o que é que queriam?...
terça-feira, 30 de julho de 2013
terça-feira, 23 de julho de 2013
P354: TODOS PASSÁMOS POR ISTO...
APERTAR COM OS "PIRAS"
Este texto já é algo "antigo" - foi publicado em Março de 2010 nos blogues "Especialistas da BA12" e "Luís Graça & Camaradas da Guiné". Pensamos que muitos dos nossos camarigos ainda não o terão lido, por isso.. cá vai!... MP
A
chegada à Guiné do pessoal novato prestava-se na maioria dos casos a que o
recém-chegado fosse objecto de uma recepção personalizada por parte do pessoal
"veterano" há longo tempo (meses...) estabelecido no burgo.
Não
sei como se processava esta recepção nas unidades do Exército mas penso que,
tratando-se de rendições colectivas em que uma Companhia era substituída por
outra, as cenas de recepção aos caloiros ("piras") deviam ser um acto
mais colectivo do que sucedia na Força Aérea.
De
facto, a maioria das nossas rendições era feita a título individual ("O
Ten. X é nomeado para a BA12/Esq. 121 em substituição do Cap. Y", etc.).
Portanto, o que sucedia era que permanentemente na BA12 se assistia à chegada
sucessiva de novas caras, para substituir camaradas que entretanto acabavam a
sua comissão.
Este
facto proporcionava aos recém-chegados uma recepção personalizada, situação que
testemunhámos frequentemente ao longo da nossa comissão, ou que sofremos nós
próprios à nossa chegada ao TO da Guiné.
Um
pouco de acordo com as características do novato, assim era preparada a
recepção. Muitas vezes era engendrado um cenário em que os actores trocavam os
seus papéis; quase sempre duas figuras importantes nesta recepção eram o "comandante"
e o "capelão", motivo pelo qual era dado um certo ênfase às suas
actuações, pelo papel importante que tinham na endoutrinação do
"pira" e que exigia desses actores um ar sério e ponderado.
Estou
a falar do "pira" mas o primeiro caso que refiro é o de uma
"pira", a enfermeira pára-quedista N... (a quem tínhamos a mania de
chamar Amélia, vá-se lá saber porquê...) recém-chegada à Base, que logo no dia
da sua apresentação teve direito à devida recepção, com a necessária conivência
das suas camaradas enfermeiras lá colocadas.
Para
além de um cenário maquiavélico que era engendrado (afinal até já estávamos no
tempo em que isso se aproximava da realidade...), que passou pela ementa do
jantar - uma "carne de macaco" que afinal era gazela - sucedeu que
nesse fim da tarde se processava o treino da artilharia anti-aérea da BA12, com
a largada de "flares" que eram massacrados pelos artilheiros no seu
treino.
Naturalmente, aproveitou-se a coincidência para convencer a
"pira" que a Base estava a ser abonada pelo IN* e, para agravar mais
a situação, inventou-se uma série de evacuações a serem feitas de imediato, para
pistas no mato e já noite cerrada, sendo que foi solicitada a sua colaboração
para avançar, dada a necessidade de enfermeiras para o efeito.
Bem argumentou a
pobre que nem farda ou equipamento tinha, ao que lhe foi dito que ia mesmo assim,
à paisa... É claro que a coisa foi abortada antes que a "pira" se
apagasse ali mesmo.
No
meu caso pessoal a coisa também não foi boa pois, sendo um oficial do quadro
habituado ao cumprimento rigoroso do respeito hierárquico, não me agradavam
muito os avanços dos alferes e furriéis "veteranos" que se valiam da
sua "antiguidade na Guiné" para apertarem comigo. Considerava eu que,
lá por ser "pira", não era razão para me pisarem os galões, só para
me mostrarem o seu "estatuto" superior de "velhinhos".
Isso
levou a que, num certo serão, uns tantos malandros resolvessem atacar o meu
quarto disparando uns very-lights pela janela. E que a coisa não foi fácil é
que até um bocado do fósforo de um deles veio atingir a minha mão, que ainda
hoje tenho uma marca num dedo para o comprovar. O facto é que isso provocou da
minha parte uma forte reacção, pois só me lembro de sair porta fora a disparar
very-lights com a minha caneta, e não eram para o ar...
Felizmente conseguiu-se
acabar esse serão sem baixas a lamentar. Da minha parte, no dia seguinte tive
que tomar três acções imediatas: repor o stock dos very-lights indevidamente
gastos, que podiam ser essenciais para a minha sobrevivência (e foram...);
mandar pôr uma nova rede mosquiteiro na janela, que a outra tinha ficado toda
furada; finalmente, ligar menos às tentativas de "praxe" dos tais
"veteranos" e ganhar experiência rapidamente, para os calar(**).
Finalmente,
um último exemplo, que não presenciei, pois se trata precisamente do piloto que
foi substituir-me enquanto estive incapacitado. O Capitão B... nem era sequer
um novato (já tinha feito uma comissão em Fiat G-91, em Moçambique). Mas, sendo
"pira" na Guiné, teve direito à sua recepção, que mais tarde me
descreveram.
Imagine-se
o que é, à chegada do Capitão B..., aparecerem no terminal das chegadas da BA12
dois pilotos entrapados - O Comandante da Esquadra com a cabeça enfaixada e o
outro piloto com um braço ao peito, a convencerem o recém-chegado que, dada a
incapacidade dos dois e havendo pouco pessoal disponível, era necessário que o
outro avançasse para um apoio de fogo imediato (ele que nem conhecia o
território...). Eh!Eh! Tenho pena de não ter podido assistir a esta cena...
Enfim,
estas acções, mais do que pretenderem achincalhar alguém, tinham como objectivo
"desmamar" os novatos e apressar a sua integração no cenário de
guerra existente. E nenhum mal daí veio para os "piras" que, à sua
chegada, levavam um tratamento de choque para se aperceberem mais depressa do
sítio em que tinham caído.
Miguel
Pessoa
(*) Ocorrência que infelizmente não era preciso
encenar em muitos dos nossos aquartelamentos.
(**) O que consegui
rapidamente. Pois se até era eu quem atribuía as missões diárias aos pilotos...
quarta-feira, 17 de julho de 2013
domingo, 14 de julho de 2013
P352: O PORQUÊ DO "CAMARIGO"
"CAMARIGO"
Uma
tentativa de explicação para a palavra “camarigo”.
Em
primeiro lugar o óbvio!
Camarigo
é a junção das palavras camarada com amigo!
Quando
comecei a frequentar a Tabanca Grande, (já lá vão uns anos), comecei também a
descobrir melhor uma relação com os ex-combatentes da Guiné, que não se
restringia apenas àqueles com quem tinha estado, mas se alargava a todos os
outros que lá estavam, não só na altura, mas também antes e depois.
O
termo utilizado pelos militares para se tratarem uns aos outros é camarada, o
que está certo sem dúvida, com vemos no dicionário.
Camarada:
companheiro de quarto; colega; parceiro; condiscípulo; indivíduos do mesmo
ofício; tratamento entre militares e entre filiados de certos partidos
políticos…
Ora isto parecia-me pouco, para definir a relação que nos une como ex-combatentes, e até também porque verdadeiramente já não somos militares.
Mas
fomos realmente companheiros de quarto, (ainda o somos quando os mesmos sonhos
ou pesadelos nos envolvem à noite), e parceiros, e colegas e sei lá mais o quê.
Mas
somos muito mais do que isso!
Somos
sentimento e emoção e não é raro num reencontro, numa história contada ou lida,
virem-nos as lágrimas aos olhos e apetecer-nos abraçar com força aquele que
conta a história, para lhe dizer que sabemos bem o que foi, o que é, e muito
provavelmente o que continuará a ser.
Ora
isso vai muito para além da camaradagem, pois revela sentimentos de
afectividade, de compreensão, de conhecimento, enfim numa palavra: de amizade.
Quando
um de nós sofre, não sofre apenas um camarada, sofre também um amigo, por isso
sofremos todos com ele, mesmo que não o conheçamos pessoalmente!
Quando
um de nós se alegra, não se alegra apenas um camarada, alegra-se também um
amigo, por isso nos alegramos todos com ele, mesmo que não o conheçamos
pessoalmente!
Quando
um de nós morre, não morre apenas um camarada, morre também um amigo, por isso
morremos nós também um pouco, mesmo que não o conheçamos pessoalmente!
Lá
longe, na Guiné, muitos de nós desabafaram com certeza aos ouvidos do outro, as
alegrias e as tristezas de uma vida que se fazia longe de nós.
Um
filho que nascia, uma mãe ou um pai que morria, um namoro que acabava, uma
dúvida, uma incerteza, um desespero e uma alegria, enfim tudo aquilo que faz
parte da vida e que tantas vezes ia parar ao ombro do que estava ao nosso lado,
do que estava connosco.
E
hoje isso ainda acontece, quando nos encontramos, ou quando nos procuramos num
telefonema, ou numa visita oportuna.
Então
era preciso para mim, procurar maneira de revelar com uma palavra aquilo que ia
descobrindo, aquilo que ia tomando lugar no meu coração.
Porque
o amigo também não chegava para definir essa relação:
Amigo:
aquele que estima outra pessoa ou é por ela estimado; partidário; amásio;
amante; afeiçoado…
E
o óbvio apareceu diante de mim.
Somos
camaradas, mas somos mais do que isso, somos amigos!
Somos
assim camaradas e amigos, ou seja, somos CAMARIGOS!
É isso que eu sinto e é isso que sempre pretendo transmitir em cada encontro e em cada momento em que estamos juntos e não só.
Tenho
um coração mole, (graças a Deus), a lágrima fácil, e os braços com uma
“tendência compulsiva” para se abrirem, por isso arranjei a palavra que
servisse para expressar os meus sentimentos em relação a todos vós.
Por
isso gosto de vos tratar pelo nome próprio, para estar mais perto de vós e me
sentir mais perto de vós!
Por
isso também, aqui fica o meu forte, enorme e camarigo abraço para todos vós.
Joaquim
Mexia Alves
quinta-feira, 11 de julho de 2013
sábado, 6 de julho de 2013
quarta-feira, 3 de julho de 2013
P349: 29º Encontro da Tabanca do Centro - Reportagem fotográfica
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Fotografias do Miguel Pessoa
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