sexta-feira, 26 de abril de 2024
terça-feira, 23 de abril de 2024
quarta-feira, 17 de abril de 2024
domingo, 14 de abril de 2024
quinta-feira, 11 de abril de 2024
domingo, 7 de abril de 2024
P1467: A TABANCA DO CENTRO APOIA POPULAÇÃO NA GUINÉ (2)
quarta-feira, 3 de abril de 2024
P1466: 94º Encontro da Tabanca do Centro - 27 de Março de 2024
quarta-feira, 27 de março de 2024
domingo, 24 de março de 2024
quarta-feira, 20 de março de 2024
domingo, 17 de março de 2024
P1462 - AMARGAS RECORDAÇÕES...
IRMÃOS DE ARMAS
E de repente extinguiu-se-lhe nos olhos o olhar!
Um daqueles que estava sentado à mesa, bastante mais novo do que todos os outros, ficou admirado e perguntou a quem estava ao seu lado o que se passava com aquele cujo o olhar se tinha alheado.
Respondeu-lhe o que era mais velho e tinha por lá passado:
Não te preocupes, porque ele foi
viajar ao equador, passear nas bolanhas do calor, visitar as matas do horror,
caminhar nas picadas da dor e enfrentar a guerra do desamor.
Agora não está cá, está mais longe,
está por lá!
Mas não te preocupes que ele vai
voltar, assim que a recordação o deixar.
Já ninguém olhava para ele, porque todos percebiam aquilo que com ele se passava.
Iam conversando, comendo, bebendo,
as vozes elevavam-se por cima de tudo o resto e ele continuava com o seu olhar
absorto, passeando por onde ninguém já se encontrava.
Passado um pouco de tempo o seu olhar ausente, regressou ao presente.
Havia nos seus olhos uma espécie de lágrimas, uma espécie de dor, uma espécie de torpor, que ele com um abanar de cabeça, quis afastar daquele momento, mas de tal modo, que um daqueles que estava a seu lado lhe perguntou:
Estiveste por lá agora, não foi?
Ele respondeu com um tom decidido e afirmativo:
- Sim, andei a passear por aquelas
picadas, aquelas bolanhas, aquelas matas, onde tantos de nós ficaram, mas onde
se construiu a amizade entre nós, que eu ainda não sei explicar.
Olharam-se nos olhos e aqueles que estavam na mesma mesa perceberam o que se passava.
Pois, porque os outros que não tinham vivido aquela guerra, não conseguiam perceber o que se tinha passado naqueles breves e profundos momentos.
Olharam-se, sorriram, os olhos marejaram-se de lágrimas e disseram uns aos outros: Que aqueles que lá ficaram, estejam connosco agora, enquanto nós aqui estamos celebrando o que passámos.
Todos perceberam que o coração os oprimia, os levava a viver aquilo que já não queriam viver, mas que tinham vivido um dia.
Olharam-se nos olhos mais uma vez, pensaram nos que não percebem aquilo que por eles passaram, e num breve momento de silêncio, perceberam que todos eles falavam afinal a mesma língua.
Raios partam a guerra, disseram uns, e os outros anuíram dizendo:
Raios partam a guerra, que nos mói
por dentro, sem sabermos quanto e quando.
Aquele que tinha começado aquele momento, estava ainda meio afastado de tudo o que se passava, porque não sabia o que havia de dizer, não sabia o que tinha sentido, não sabia como se exprimir.
Então um deles, cheio de coragem, levantou a voz e disse:
- Nós somos muito mais do que nós
próprios, somos muito mais do que a opinião dos que pensam mal de nós, somos
muito mais do que aquilo somos, porque com estas mãos, com este sentido que
temos, com este viver que vivemos, somos tudo aquilo que fomos, mais do que
ainda somos, mais do que podemos sentir, porque no fundo, meus caros camaradas,
nós somos tão só e apenas, verdadeiramente, Irmãos de Armas!
Joaquim Mexia Alves
sexta-feira, 15 de março de 2024
P1461: A TABANCA DO CENTRO APOIA POPULAÇÃO NA GUINÉ
terça-feira, 12 de março de 2024
domingo, 10 de março de 2024
P1459: PARTIU UM GRANDE HOMEM!
MAJOR ANTÓNIO LOBATO
O Major Piloto Aviador António Lobato durante a sua comissão na Guiné depois de
um acidente com o seu T6 foi feito prisioneiro pelo PAIGC, e assim esteve
durante mais de sete anos até ser libertado pelas Forças Armadas Portuguesas na
célebre Operação Mar Verde em 22 de Novembro de 1970.
Seria muito longo o texto para descrever a história do seu cativeiro e as tentativas de fuga por ele ensaiadas e realizadas. Mas podem ser ouvidas no podcast do Observador https://observador.pt/programas/o-sargento-na-cela-7/estreia-o-sargento-na-cela-7-episodio-1-o-prisioneiro/
E quem tiver possibilidade de encontrar o livro “Liberdade ou Evasão”, por ele escrito, poderá conhecer em pormenor a história da sua luta naquele período negro da sua vida.
Em qualquer país que honrasse os seus filhos combatentes com orgulho e dignidade, a vida do Major Piloto Aviador António Lobato seria com certeza objecto de um filme que narrasse a sua coragem e destemor.
Infelizmente em Portugal, os combatentes da guerra de África continuam a ser
desprezados e totalmente esquecidos.
Mas a Pátria Portuguesa não esquecerá com certeza o Major Piloto Aviador
António Lobato e nós combatentes orgulhamo-nos de o ter como camarada de armas.
Não tendo a operação Mar Verde atingido os objectivos pretendidos pelo Governo de então, ela valeu pela libertação dos militares portugueses em poder do PAIGC, entre eles este nosso camarada, que pôde assim gozar ainda de mais de 53 anos de liberdade.
Honra e louvor ao Major Aviador António Lobato!
9 de Março de 2024
Joaquim Mexia Alves / Miguel Pessoa
quinta-feira, 7 de março de 2024
segunda-feira, 4 de março de 2024
P1457: 93º Encontro da Tabanca do Centro - 23 de Fevereiro de 2024
quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024
sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024
terça-feira, 20 de fevereiro de 2024
sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024
domingo, 11 de fevereiro de 2024
quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024
segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024
sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024
sexta-feira, 26 de janeiro de 2024
terça-feira, 23 de janeiro de 2024
sexta-feira, 19 de janeiro de 2024
segunda-feira, 15 de janeiro de 2024
P1445: SINEIRO DE RECURSO...
O “ALEGRE” FUNERAL DA MINHA AVÓ
Deixo-vos aqui uma pequena lembrança do que acima indico, o dia do funeral da minha avó Josefa, que me ocorreu ao deparar com uma foto dela, que eu tirei, foto essa que a minha irmã tinha (e tem) lá na casa da aldeia onde agora vive.
Não sei precisar que idade eu tinha por essa ocasião, creio que uns 15 ou 16 anos (no limite em 1964) e, por esse tempo, o meu Avô “Xico” Valério - que, diziam, era “mau como as cobras”- era uma espécie de “regedor”, já que tomava conta da casa da Junta de Freguesia ao mesmo tempo que operava também como uma espécie de “sacristão”, já que também zelava pela Igreja da aldeia e coadjuvava o Pároco que aos domingos e pelas Festas (de datas religiosas e das datas profanas) vinha do Cartaxo.
O meu Avô era como as pessoas dos meios rurais daqueles tempos, ajeitava-se para fazer “tudo e mais alguma coisa”. Por via disso, dados esses seus conhecimentos - de trabalhos de construção civil, de agricultura, lavoura, lidar com gado, etc. - trabalhou numa então grande propriedade em Vila Chã de Ourique, a “Casa Francisco Ribeiros”, na qualidade de uma espécie de “feitor”, cabendo-lhe orientar trabalhos e dirigir o pessoal. Aqui é que as coisas se complicavam, pois, naqueles tempos, a rudeza do trabalho, a falta de formação das pessoas e a propensão para desafiar qualquer autoridade (fosse ela qual fosse ou de quem fosse), obrigavam a ser duro, inflexível, pois caso contrário seria “trucidado”. Daí a fama de “mau como as cobras”, mas completamente injusta.
Naturalmente, quando a minha avó faleceu, em casa, como era habitual (não sei se se lembram, mas não havia SNS e nos meios rurais, e não só, morria-se em casa depois de se experimentar várias “mezinhas caseiras”) o meu avô estava por lá procurando fazer o que seria necessário para o funeral que seguiria de casa para o Cemitério da terra, a Aldeia de Vale da Pinta.
Mas não havia ninguém que pudesse, ou soubesse, tocar o sino a acompanhar o desenvolvimento do funeral e o meu avô não o poderia fazer.
Por essa ocasião fiquei muito desapontado
com a Igreja e os seus seguidores pois revelaram uma grande falta de piedade
cristã, o que me levou de imediato a tomar a decisão de ir “tocar o sino” e
depois a afastar-me de tal grupo de “falsos cristãos”.
Como não tinha experiência de “tocador
de sino” e também, verdade seja dita, estava revoltado com a situação, lá fui
puxando as cordas e … bem …, a “sinfonia” que se ouviu durante o funeral, em vez
de batidas compassadas, lúgubres, soou bem mais a “toque de festa”, com badaladas
quase contínuas, que pareciam transmitir “alegria”.
Pelo menos foi o que ouvia
dizer pelas “gentes piedosas” quando me inquiriam (quando souberam que tinha
sido eu o “sineiro”) o que tinha sido “aquilo”.
Para mim foi uma grande e boa
homenagem que consegui prestar à minha Avó a qual, havendo Céu, estará lá com
toda a certeza.
Hélder Valério Sousa