sábado, 23 de dezembro de 2023

P1440: COM VOTOS DE UM FELIZ NATAL PARA TODOS!


                            O MAIS BELO POEMA DE NATAL…

Mulheres atarefadas
Tratam do bacalhau,
Do peru, das rabanadas.
Não esqueças o colorau,
O azeite e o bolo-rei!
Está bem, eu sei!
E as garrafas de vinho?
Já vão a caminho!
Oh mãe, estou pr'a ver
Que prendas vou ter.
Que prendas terei?
- Não sei, não sei...
Num qualquer lado,
Esquecido, abandonado,
O Deus-Menino
Murmura baixinho:
- Então e Eu,
Toda a gente Me esqueceu?

Senta-se a família

À volta da mesa.
Não há sinal da cruz,
Nem oração ou reza.
Tilintam copos e talheres.
Crianças, homens e mulheres
Em eufórico ambiente.
Lá fora tão frio,
Cá dentro tão quente!

Algures esquecido,
Ouve-se Jesus dorido:
- Então e Eu,
Toda a gente Me esqueceu?

Rasgam-se embrulhos,

Admiram-se as prendas,
Aumentam os barulhos
Com mais oferendas.
Amontoam-se sacos e papeis
Sem regras nem leis.

E Cristo Menino
A fazer beicinho:
- Então e Eu,
Toda a gente Me esqueceu?

O sono está a chegar.
Tantos restos por mesa e chão!
Cada um vai transportar
Bem-estar no coração.

A noite vai terminar

E o Menino, quase a chorar:
- Então e Eu,
Toda a gente Me esqueceu?
Foi a festa do Meu Natal
E, do princípio ao fim,
Quem se lembrou de Mim?
Não tive teto nem afeto!
Em tudo, tudo, eu medito
E pergunto no fechar da luz:
- Foi este o Natal de Jesus?!!!

João Coelho dos Santos

in Lágrima do Mar - 1996


quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

P1439: UM CONTO DE NATAL

 CONTO DE NATAL 2023

Sentada no cadeirão do lar onde passava os longos dias da sua velhice, sonhava acordada vendo os seus filhos entrarem pela porta daquela sala para lhe darem um beijo de Boas Festas pelo Natal.

Olhava para as suas companheiras e companheiros pensando que alguns deles, coitados, não teriam filhos que os viessem beijar e desejar bom Natal.

Verdade seja dita, pensou ela, que há muito tempo os seus filhos não a vinham visitar, mas o seu coração de mãe, cheio de amor, ia encontrando desculpas para eles não a visitarem. 


Coitadas das suas “meninas” e “meninos”, com certeza atarefados nas suas vidas de trabalho, de família, já com filhas e filhos a criar e que, por isso, não teriam tempo para a visitar.


Sorriu ao lembrar-se das suas netas e netos que há tanto tempo já não via e até lhe parecia, (a sua memória já não era muito fidedigna), que talvez houvesse alguns que ainda não conhecia.


Os seus olhos doces encheram-se de lágrimas suaves quando se lembrou da sua antiga casa e do Natal, ainda com o seu homem e aquelas seis filhas e filhos que Deus lhes tinha dado ao redor da mesa, numa algazarra alegre e bem disposta.

Que saudades lhe vieram ao coração ao lembrar-se de todos esses Natais onde se percebia bem como a família ia crescendo sem parar.


Fechou os olhos e numa prece a Deus, pediu por todos eles e também, (embora com algum receio que estivesse a pedir demais), que o Menino Jesus lhe concedesse a alegria de viver esses Natais tão realmente quanto possível.

Regressou à realidade do lar e da sala onde se encontrava, respondeu qualquer coisa, sem pensar, a uma qualquer pergunta da companheira do lado, olhou para o grande calendário pendurado na parede, (também não era preciso ser tão grande, até parece que ali estava para contarem os dias que lhes faltavam para partir definitivamente!!!), e viu que era dia 24 de Dezembro pelo que, pensou ela quase num sonho, ainda havia tempo para a família a vir visitar.


A tarde chegava ao fim e ela, resignadamente, olhou para o crucifixo pendurado na parede e para o pequeno presépio colocado numa mesa de canto, e rezou baixinho: 

Obrigado Jesus porque quiseste nascer para nós, quiseste ser igual a nós e até morrer por nós, para nos salvar.

Olha por todos os meus e dá-lhes tanta felicidade como me deste a mim, até mais, eu Te peço, e não deixes que nunca se sintam sós.

Perdoa por me sentir nestes momentos tão só, tão desamparada, mas olha, Jesus, coloco estes momentos na Tua Cruz, dou-tos como presentes no Teu Presépio, oferecendo-os pela conversão, felicidade e salvação de todos os meus.


Aquela oração trouxe uma paz e uma alegria serena ao seu coração e ela sorrindo, pensou: Sou tão feliz por ter Jesus comigo!


Foi nessa altura que a porta da sala se abriu e o seu filho mais velho entrou e chegando a ela beijou-a com toda a ternura dizendo-lhe: Anda, mãe, a empregada do lar já está a fazer-te uma pequena mala para vires jantar e passar a noite de Natal a nossa casa!

Ela nem sabia o que dizer e as lágrimas inundaram-lhe a cara.


À porta de casa do seu filho, depois de sair do carro, beijou-o novamente e de mão dada com ele entrou em sua casa, que afinal era a mesma casa que tinha sido sua.


Ao chegar à sala da casa, ficou completamente rendida à alegria, à saudade, a algo tão inexplicável que parecia lhe “rebentava” qualquer coisa no seu coração.


Ali, naquela sala de tantas memórias, estavam todas as suas filhas e filhos com as suas famílias, que a rodearam e cobriram de beijos e abraços.

Ia jurar que a um canto da sala estava o seu querido marido sorrindo para ela de felicidade.

Fechou os olhos e rezou: Obrigado Jesus, porque me ouviste e agora me fazes viver novamente o Natal de sempre!

Joaquim Mexia Alves



segunda-feira, 30 de outubro de 2023

P1427: À MODA DO "KAMBUTA"...

PEQUENO TEXTO ESCRITO NO CALÃO DA NOSSA ZONA

Cá o Manelito Netito da nha Abozita Ti Maribieira, sim o Soba Kambuta dos Dembos, só pra na iri sozinhun chatiou a Piquena Namorado Esposa pra elan o acumpanhari pra servir di GPS, pruqui eli já na vai lá sozinhun, bem continua Manelito antes que a pilha do xinês dê o pummmm e já foste.

Bein bamus lá, eu e a nha Piquena Namorado Esposa já há muito tempo que andávamos para irmos até há Tabanca do Centro para carregamos baterias, porque já há uns anos para cá que o destino e a nossa saúde nos tem trocado as voltas, porra Manelito, desenrola o novelo e desembuxa, tá bein! vou cuntinuari, ó pá querein lá saberi?

Aqui há uns tempuns, o mê primun qui moram aclá prós lados da Bouan Bistan tlifnoumi cum mau feitiun e a ralharmin cum amiassans e tudun, a dzermin, tás a óbirin! ó tu e a tu Piquenan Namoradan baun á nha Tabanca, ó snãun bou aí eu e lebu o mê cãum e eli mijati nas tuans pernans, e atãun eu cheiun do medun, e a trimerin cmu barans berdins, fiquein a pinsarin si dibian iri ó nãun.

Uns dians a seguirin cá recebi um tligraman, di queim haviam di serin, do mê cumpadrin HOMIM GRANDIN, o RÉGLE, já na sein bein, eu cá já na doun a kotan ca perdigotan, bein eli é um bum cumpadrin, caté é mê bezinhun, eli é donun da Tabanca, e cá eu soun o donun da nha Sanzala, o mê cumpadrin no tligraman só mi dezian assim, ó Cumpadrin Sobam Kambuta tásmi a óbiri? Vai á nha Tabanca do Centro qui temuns umans contans antigans pra fazerin e a justarin tás a óbirmim e mais na digun, dizinrascatim, teins aí a tuan capueiran dus passaruns di ferrun bein acabalun da abiouan da sextan feiran mas na ti isqueçans, di trazerin a tu Piquenan Namoradan pra serin tistimunham, nãun du Jiubáns nãun, bora lá Soba Kambuta bein atéa á Nha Tabanca na ti isqueçans, e cá o melgan, pican miolus cum medun di arripiarin na pudian dezerin nãun, e mains na digun pruqui a pilhan do xinês já está a chatiarin.

Meus amigos da Tabanca do Centro, não tenho palavras para escrever, para agradecer a atenção que tiveram comigo e com a Nha Piquena Namorada Esposa, eu já há uns anos que não participava, a saúde tem-nos sido madrasta, só consigo dizer e escrever, obrigado a todos/as e até qualquer dia, aqui ou noutro lado, está a ser difícil, desejo muita saúde, alegria, boa disposição, paz e amor nos vossos lares, para mim melhores dias virão, e dia 24 de Novembro lá estarei na CASA AMARELA mais uma vez.

Abreijos meus e da nha Piquena Namorada Esposa para todos/as.

"Manuel Kambuta dos Dembos"

 

segunda-feira, 23 de outubro de 2023

P1424: IDA PARA A GUINÉ

 JÁ LÁ VÃO 55 ANOS! 


Como recordar é viver, há dias que nunca esqueceremos, e o dia 23 de Outubro de 1968 é um desses dias.

Era meio-dia em ponto quando o UÍGE silvou várias vezes a querer dizer que estava pronto para mais uma viagem.

O pessoal já tinha embarcado ao som de marchas militares. Os cumprimentos oficiais, da praxe, já tinham sido feitos. As escadas já tinham sido retiradas. O cordame também já tinha sido recolhido. E os dois rebocadores que o haviam de levar até ao meio do Tejo já estavam a postos.

No cais a multidão ainda era imensa. Os lenços acenavam das varandas da gare a corresponder aos lenços que das amuradas do barco também acenavam. Eram as
despedidas.

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Navio Uíge - Com a devida vénia a http://navios.no.sapo.pt/

A banda militar estava a acabar os seus acordes e o UÍGE lá se encaminhou para o melhor local do Tejo para iniciar mais uma viagem de 5 dias até às terras da Guiné. Depois foi o passar sobre a Ponte Salazar a caminho do Oceano e tudo isso pareceu muito rápido. Depois foram cinco dias de mar e céu, com mais ou menos acompanhamento dos chamados peixes voadores, a passagem relativamente perto das Canárias e a chegada ao largo de Bissau a 28 de Outubro.

image.png

A Ponte Salazar em 1966 - Com a devida vénia a http://www.skyscrapercity.com/

Foram só cinco dias, mas dias inesquecíveis. E como a maioria viajou nos porões, nessas grandes caves fechadas de onde só se via a luz do dia pela buraco por onde entrávamos, nem vale a pena dizer nada sobre essas “maravilhosas” acomodações.

Foi um bom princípio, sem dúvida, para o que nos estava guardado. Depois, bem depois, foram vinte e cinco meses e dez dias, passados todos naquela terra quente que, ao fim deste tempo todo, nunca mais consegue encontrar a paz a que tem direito e de que tanto precisa.

Carlos Pinheiro
23.10.2012

quinta-feira, 21 de setembro de 2023

P1417: DIVULGAÇÃO

Solicitou-nos o Núcleo de Leiria da Liga dos Combatentes que colaborássemos na divulgação de um evento que irá decorrer em Leiria nas próximas semanas, nas instalações do Banco das Artes – Galeria.

Deixamos-vos ainda alguma informação retirada da Net.

O LOCAL

Construído em 1923 para agência do Banco de Portugal, o edifício faz parte da história e da paisagem urbana de Leiria.

Esta é uma das inúmeras marcas deixadas pelo arquiteto Ernesto Korrodi, sendo hoje um dos principais espaços culturais da cidade.

LOCALIZAÇÃO
Largo 5 de Outubro, n.º 43, 2400-120 Leiria
GPS: 39º44’41.2”N | 8º48’24.8”W
 

HORÁRIO

Segunda a sexta: 09h00 – 12h30 | 14h00 – 17h30 (serviços administrativos)
Segunda a sexta: 09h00 – 12h00 | 14h00 – 17h00 (durante exposições)
Sábado e domingo: 14h00 – 18:00 (durante exposições)

ENTRADA GRATUITA

INFORMAÇÃO ADICIONAL
Telefone: 244 839 619 | 244 839 606

Ainda através do nosso camarada Mário Ley Garcia temos a informação de que no dia 23 de Setembro, às 16h00, no mesmo local (edifício do ex-banco de Portugal, perto do Jardim Luís de Camões) será lançado o livro de evocação do centenário do Núcleo de Leiria da Liga dos Combatentes escrito pelo Doutor Acácio de Sousa e pelo Mário Ley Garcia.

De seguida será então inaugurada a exposição de pintura do pintor Leiriense, Sousa Lopes, que retratou a guerra em quadros.

Se tiverem oportunidade compareçam.