quinta-feira, 29 de setembro de 2022

P1342: JÁ VAI SENDO TEMPO...

                         RETOMAR OS NOSSOS CONVÍVIOS

Já vai longo o tempo que nos temos mantido afastados dos nossos convívios da Tabanca do Centro, sendo que o último almoço que nos reuniu foi realizado no já remoto mês de Fevereiro de 2020!

As condições que existiam então já não se verificam – o espaço cedido pela Paróquia de Monte Real não irá ser utilizado e as instalações de que a D. Preciosa dispõe dificilmente acolherão com segurança mais que 30 ou 40 comensais. E mesmo parte do pessoal que colaborava na casa teve que procurar outros meios de subsistência, devido a uma actividade mais limitada da D. Preciosa durante a pandemia.

Consideramos por isso que a continuidade da colaboração nos moldes anteriores será difícil de garantir, pelo que procurámos na zona outras alternativas, embora sabendo que será impossível conseguirmos os preços praticados nos nossos convívios de então.

Uma primeira hipótese que considerámos foi o restaurante Saloon na Quinta do Paul (Ortigosa), que nos garante um espaço óptimo para convívio, bom espaço de estacionamento para as viaturas e um ambiente agradável e seguro. E não fica longe de Monte Real e de Leiria. Claro que os preços propostos pelo restaurante (20€) fogem um pouco ao que estávamos habituados, mas também temos que reconhecer ter havido neste interregno um significativo aumento do custo de vida. E também será de referir que haverá um aumento da qualidade do local do convívio em relação ao anterior.


Restaurante Saloon

Amplo espaço interior
Espaço exterior muito agradável
Localização do restaurante na Quinta do Paul, não muito longe de Monte Real
Aqui fica então a proposta da restaurante Saloon, na Quinta do Paul:

À MESA - SALA EXCLUSIVA

ENTRADAS Á MESA

Quarteto de Frutas c/ Presunto

Selecção de Padaria: Broa

Espetadinha de Chouriço; Morcela e entremeadas

 SOPA (A ESCOLHER uma das SOPAS)

Creme de Legumes ou Canja de Aves

(*)PEIXE ou CARNE

Novilho Raça Marinhoa, batatinhas assadas e salteado de legumes

Entrecosto de Porco com molho de leitão, Saladas e Batata Assada

SOBREMESAS:

Tranche de Chocolate e Caramelo Salgado e apontamento de frutas

BEBIDAS:

Vinhos Quinta do Paul Branco e Tinto; Frisante Branco

Águas/Refrigerantes/Cerveja/Café/Chá

Por Pessoa 20€

Horas de permanência prevista 3h30 a 4 horas

(*) Selecionar um dos pratos

Temos ainda alguns contactos para apresentação de proposta por outra empresa, mas que não está ainda disponível de momento. Assim, tendo em consideração a proposta de almoço agora apresentada, cabe ao pessoal pronunciar-se sobre o interesse de avançarmos proximamente com um convívio nestes moldes, ressalvando que em qualquer momento poderemos seguir outro caminho, caso venha a ser encontrada uma opção mais atractiva para o nosso grupo.

Caso seja considerado um valor pesado para as bolsas do pessoal, poderíamos ainda considerar uma redução do número de convívios por ano – no anterior eram organizados 8 convívios por ano, este número poderia ser reduzido para 6, à média de um encontro a cada dois meses. Mas esta é uma opção que gostaríamos de evitar, pois o sistema anterior parecia estar a funcionar bem (Só não se faziam convívios nos meses de Julho, Agosto e Dezembro, por motivos óbvios, bem como no mês da realização do convívio anual da Tabanca Grande, em Maio ou Junho).

Ficamos pois à espera dos vossos comentários e sugestões, que podem deixar na caixa de comentários a este post:

     É aceitável para ti o valor de 20€ proposto pelo restaurante?

     Agrada-te o lugar proposto para o convívio?

     Aceitarias manter os 8 convívios por ano ou preferias uma redução do nº de encontros?

     Tens sugestões a apresentar sobre este assunto?

E não demorem a enviar-nos os vossos pareceres, pois seria interessante avançarmos já com um primeiro convívio nestes novos moldes, ainda este ano!

A Tabanca do Centro

segunda-feira, 19 de setembro de 2022

P1341: LEMBRANDO O VELHO SISTEMA DE ENSINO...

                            AS VIRTUDES DO ENSINO

           EM TEMPOS REMOTOS

Há sempre uma necessidade reclamada por amigos para que se possa contribuir com textos tendo em vista alimentar as suas publicações. Nem sempre ocorre inspiração para recorrer à memória a fim de materializar recordações. Desta vez, depois de algum vazio mental, lembrei-me, já nem sei porquê, de um episódio, melhor dizendo, de uma sequência de episódios, que originaram situações que potenciaram consequências.

E por isso atrevo-me a pedir que depois de lerem, se lerem, me ajudem com as vossas opiniões, sobre que lições se podem tirar (se é que se podem tirar algumas) do conjunto das situações.

1.    - Vamos aos factos.

Depois de ter feito o Curso de Montador-Electricista (era assim que se designava) na Escola Industrial e Comercial de Vila Franca de Xira, terminado em 1964, fui para Lisboa, cidade grande, fazer as chamadas Secções Preparatórias para o possível ingresso no Instituto Industrial. Essa fase intermédia ocorreu na Escola Industrial Machado de Castro, nos anos letivos de 1964/65 e 1965/66. Os exames de admissão decorreram com aproveitamento e deste modo entrei no Instituto Industrial de Lisboa para o Curso de Eletrotecnia e Máquinas em Outubro de 1966.

2.    – Enquadramento social

Dois pequenos apontamentos para ajudar a complementar as situações e a focalizar as “cenas” na época.

Um desses apontamentos é para lembrar que o Ensino estava elitizado. Havia a via liceal e a via do chamado “ensino técnico”. Aos “liceais” estava aberta a via para a Universidade, nas suas várias vertentes, com os seus “cursos superiores”, enquanto que para os do “ensino técnico” era privilegiada a “via profissional”, ou seja, a entrada no mercado de trabalho para exercer uma profissão ou então, através dos “Institutos”, para almejar alcançar uma situação que seria sempre reconhecida como “cursos médios”.

Ao nível do ensino da engenharia isso traduzia-se a que as duas vertentes, a “universitária” e a “média” se materializavam no Instituto Superior Técnico (e Faculdades de Engenharia) e nos Institutos Industriais, sedo que essa separação elitizada projetava-se na Instituição Militar com os primeiros a integrar os Cursos de Oficiais Milicianos (o COM) e os outros os Cursos de Sargentos Milicianos (o CSM).

Outro pequeno apontamento é que pelos anos acima indicados, talvez ainda se lembrem, pois já são anos “do século passado”, havia um esforço de guerra governamental em terras africanas para defender da cobiça internacional aquelas terras e aquelas gentes que nos tinham sido legadas pelas gestas dos descobrimentos e que os nossos “antanhos” tinham desbravado e defendido para nós, “numa mão a Cruz, noutra a Espada”.

Para esse esforço foram mobilizados milhares de jovens. Aos que na época eram estudantes, era facultada a possibilidade de adiamento da incorporação nas Forças Armadas através de pedidos nesse sentido, com base no desenvolvimento dos estudos.

Aos jovens que frequentavam o Instituto Industrial, que para lá chegarem tinham tido, para além da 4ª Classe de escolaridade, 5 anos de Ensino Técnico e depois 2 anos das Secções Preparatórias, num total de 7 anos, mas que não tinham “equivalência funcional” aos 7 anos do Ensino Liceal, era também concedida a possibilidade de “pedido de adiamento” mas, para tal, o “aproveitamento escolar” deveria ser irrepreensível.  Havia umas quantas “cadeiras” que davam precedência a outras do ano seguinte e cuja falta implicava não se poder avançar e, consequentemente, ao nível do “aproveitamento” era considerado insuficiente para o fim pretendido.

3.    - Continuando então com os factos.

Este jovem que vos escreve, que até então tinha sido um aluno de razoável mérito, “distraiu-se” um pouco no meio da “cidade grande” e das suas solicitações, embora diariamente fizesse as viagens de comboio entre a casa familiar e a Escola. Como resultado disso, as notas da maior parte das disciplinas da 1ª Frequência desse ano letivo de 1966/67 foram o que se pode chamar “um desastre”. Após isso, e reganhando vontade, atirou-se a tentar recuperar o possível e aconselhado por um Professor de uma das cadeiras fulcrais, a Física, deixou-a “cair” para ter possibilidade e capacidade para outras. Assim fiz.

Não passei de ano na totalidade, pois algumas cadeiras ficaram para trás, mas como ainda não tinha chegado a idade da incorporação militar não houve consequências imediatas. Entrei então no meu segundo ano de presença no Instituto, ano letivo de 1967/68, embora a frequentar novamente cadeiras do 1º ano e, salvo erro, apenas duas já do 2º ano, as que não necessitavam de precedência e tinha tido aproveitamento.

Esse ano correu bem.

4.    – A situação “estranha”.

No ano seguinte, ano letivo de 1968/69, em que já tinha ido “às sortes” em Agosto 8e aprovado para todo o serviço), as coisas “complicaram-se” a partir de um acontecimento insólito. A cadeira de Matemática II tinha um professor na “teórica”, de nome “Vítor qualquer coisa”, mas por lá conhecido na gíria por “papá” já que tínhamos a “mamã”, esposa dele, a dar a “prática”. Diga-se então, em abono da verdade, que funcionava assim como uma “disciplina familiar”…

A “mamã” era uma pessoa de baixa estatura que contrastava fortemente com a altura física do “papá”, o que por vezes era motivo de piadinhas, mas o mais agravante era o facto de a senhora dar aulas a crianças do preparatório e algumas vezes não se dava conta de estar a leccionar no Instituto a “pessoas crescidas” e com recorrência, para chamar a atenção a qualquer coisa, recorria à expressão “então, meninos, tomem lá atenção a isto”, coisa que criava animosidades.

Num dia de prova prática, ocorrida num dos pavilhões onde se davam aulas por falta de instalações apropriadas (um espaço retangular com o quadro ao fundo, a secretária da docente também, carteiras distribuídas em filas e porta de entrada num canto oposto ao quadro), a “mamã” começa a escrever no quadro o enunciado da prova, obviamente estando de costas para os alunos.

Acontece que aí na terceira ou quarta questão, enquanto a escrevia, a porta do fundo foi aberta e um aluno mais velho começou a dar em voz alta a solução para uma daquelas questões. Claro que houve algum “bruá” com o insólito da situação e eu também, entre outros, voltei a cabeça para trás para ver quem e donde vinha o “atrevimento”. Nesse instante a “mamã” também se virou e disse

- “arrume os seus papéis e saia!”.

Com o pressentimento que aquilo podia ser para mim perguntei ao colega que estava ao lado, que me disse que lhe parecia que sim. Olhei para a “mamã” que nesse momento estava com a cabeça voltada para baixo e continuei a procurar responder às questões. Voltei a ouvir

- “já lhe disse, arrume os papéis e saia!”.

Incomodado com a injustiça e com o “sangue na guelra” dos 19/20 anos, levantei-me e interpelei pouco amistosamente,

- “Isso é comigo?”

- “Sim, sim, saia!”

- “Mas, professora, eu não fiz nada, não era eu que falava, além disso já tenho estas questões resolvidas, porque é que tenho que sair?”

- “Porque eu mando!”

Revoltado com a situação, levantei-me e incorretamente (do ponto de vista “civilizacional”) cheguei perto da “mamã” e, literalmente, atirei, à bruta, com o papel onde estavam algumas respostas resolvidas, para cima da secretária e saí. É preciso que se diga, também em prol da verdade, que 4 ou 5 dos colegas presentes falaram em meu abono e fizeram também menção de abandonar a sala, mas consegui demovê-los a tal.

5.    – Consequências “quase” imediatas

Um pouco mais tarde, aquando da colocação das pautas com as classificações, verifiquei que no que me dizia respeito estava lá um provocador “8”, escrito por cima de número rasurado que, notava-se bem por o verniz corretor nem sequer disfarçar bem, que tinha dois dígitos. Estava ainda a tentar perceber/digerir o que se passava e as consequências do mesmo, quando vindo do corredor da secretaria aparece o “papá”. Na minha santa ingenuidade pergunto-lhe se não teria havido algum engano pois estava convicto de que no exame final ter tido um desempenho que esperava ser da ordem dos 14 ou 15 e afinal estava na pauta um 8.

Com a maior desfaçatez perguntou sibilinamente

- “qual é o seu número?”

ao que eu disse

- “8606” e ele replicou (mostrando assim conhecer bem a “estória”

- “ah, isso, é para ver se ganhas juízo para o ano!”.

Com esta situação, não foi possível mostrar que o aproveitamento era bom e como consequência fui chamado a incorporar o Exército, a meio de Julho de 1969 na EPC (Escola Prática de Cavalaria), em Santarém, para o 1º Ciclo do CSM.

6.    - Considerações

 É aqui que peço o vosso auxílio para tentar extrair conclusões deste emaranhado de acontecimentos e seus enquadramentos.

Valorizar o sistema de Ensino então vigente? O seu elitismo? A sua forma de aplicar pedagogia?

Por outro lado, é bem verdade que, por via dos acontecimentos, tive a oportunidade de contactar e conhecer tantas pessoas com as quais agora desenvolvo relações de amizade e respeito.

Então qual deverá ser o sentimento que devo privilegiar nestas recordações?

Hélder Sousa

Fur. Mil. Transmissões TSF