sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

P25: 1º Encontro da Tabanca do Centro

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Mensagem do camarigo Zé Teixeira sobre o 1º Encontro da Tabanca do Centro








FESTA É FESTA, MEU.
Foi dia de festa em Monte Real.
Quando dois ou três ex-combatentes da Guiné se juntam, há festa. Ora, eram mais de quarenta, pá!
Eu que já estou vacinado em ajuntamentos do género, senti a comoção tomar conta de mim, quando vi aquela sala cheia. Então descobri porque é que a sala do Milho Rei em Matosinhos, só tinha trinta e sete convivas. Um bom grupo dos “habitués”, tinham ido á procura do Cozido à Portuguesa. E que saboroso cozido!
Não sei que raio de magia tomou conta de nós, os “apanhados pelo clima da Guiné”.
Em qualquer lugar onde nos encontremos, havendo alguém por perto que tenha palmilhado aquela terrinha, logo nos sentimos irmanados, como que companheiros de longa data, mesmo que nunca nos tenhamos visto ou cruzado na vida, mesmo quando a diferença no ano de nascimento (coisas dos nossos paizinhos), nos tenha atirado para a Guiné em períodos diferentes. Estivemos na Guiné e pronto…
Sobretudo quem se sente ligado à Tabanca Grande (a culpa é do Luís, a quem aproveito para lhe enviar um abraço de parabéns, bem merecido, e, da camarilha dos co-editores), há como que uma mística com características próprias e uma linguagem que nos une e nos liberta o ego, tornando cada um de nós, mais “ele”, tal como na tropa. Tiramos a máscara que a sociedade teima em impor e somos nós próprios.
Aqui em Matosinhos temos o tinto do ZÉ Manel, para ajudar, mas o que bebemos em Monte Real não lhe ficou atrás.

Este encontro inaugurativo da Tabanca do Centro foi para mim muito especial.
Primeiro, porque, sem querer louros, me senti feliz por em 2005 convidar dois amigos, antigos combatentes da Guiné, como não podia deixar de ser, a fundar o que mais tarde se chamaria Tabanca Pequena (Grande há só uma) de Matosinhos. Forma simples que encontramos de petiscar umas sardinhas semanalmente na Casa Teresa. Semente que está germinando aqui e ali, levando alegria, boa disposição e possibilitando a catarse que alguns teimavam em não querer fazer.
Segundo, tive oportunidade de reencontrar o José Belo. Comandante, camarada e amigo de quem me despedi em Abrantes em Maio de 1970, com um “até qualquer dia, meu alferes”.
Em 1975, na sequência da luta pelas suas convicções foi parar à “chossa” de Custóias.
Vivendo eu a 400 metros dessa estância de caça (dos) onde se vê o sol aos quadradinhos, senti-me no dever de o ir visitar. Não só o dever, mas também a saudade
Forcei todas as portas e consegui. Devo ter sido a única pessoa (não importante) que não sendo da família dos presos furou a barreira. À segunda tentativa na semana seguinte, tive de fugir para não levar um tiro. (houve quem insistisse e a GNR arranjou-lhe um capote de madeira).
Há dois anos, graças ao Graça e ao seu/nosso Blogue, reapareceu na Suécia. Mesmo com 40 graus negativos, conseguiu por os dedos de fora e usar o computador, parta dizer olá, estou aqui.
Depois, tal como a água a pingar na pedra, as saudades foram roendo, roendo, roendo…
Uma ajudinha do camarigo Mexia Alves e o nosso homem deixa as renas no pasto e desce a este povoado chamado Portugal, para comer um cozido à portuguesa e voltar.

Terceiro, a oportunidade que me foi dada de agitar um pouco as águas e pôr os camaradas a pensar um pouco mais na forma de ajudar os nossos irmãos guineenses ( onde é que eu já ouvi isto!) .
A Campanha das Sementes e água potável para a Guiné, esteve presente. A generosidade dos camaradas notou-se e a conta bancária cresceu mais um pouco.
Obrigado camarigo Mexia pela iniciativa. Espero sinceramente que se transforme num centro de convívio e fraternidade.
Obrigado Zé Belo, por teres vindo de tão longe, para que nos pudéssemos rever e abraçar.
Obrigado camaradas pela vossa generosidade que rendeu 155.00€ para a campanha.

Zé Teixeira
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