sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

P170: DESEJANDO A TODOS BOAS ENTRADAS EM 2012





Meus caros camarigos

Vou aproveitar esta imagem de votos de Bom Ano Novo, publicada pelo Miguel Pessoa, (sei que ele não me leva a mal), para vos dar uma noticia.

O nosso querido camarigo Vasco da Gama, foi na Quarta feira passada sujeito a uma muito delicada operação ao coração e respectivas “canalizações”.

A coisa estava muito complicada, mas tendo sido descoberta a tempo, deu origem a esta operação, que sabemos pela sua querida Celeste, correu muito bem, estando ele já em franca recuperação.

A razão de só agora o revelarmos publicamente, deveu-se ao facto de ele nos ter pedido a maior discrição sobre o seu estado de saúde, ao que nós obviamente obedecemos.

Agora que acreditamos tudo está ultrapassado, damos conta desta preocupação, que afinal sendo uma boa noticia que prevalece sobre a má noticia, é uma noticia digna de Ano Novo, e por isso mesmo vimos desejar ao Vasco, à Celeste, toda a sua família e a todos vós, camarigos, e famílias, o tal Ano Novo que todos desejamos.

A Tabanca do Centro
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terça-feira, 27 de dezembro de 2011

P169: AVENTURAS DE UMA NOTA DE 10 EUROS – 4


Nota prévia:  Para ver as minhas histórias anteriores basta ir a estes links:

Parte 2 - http://tabancadocentro.blogspot.com/2011/12/aventuras-de-uma-nota-de-10-euros-2.html


Aconchegada no bolso do blusão do Vasco preparo-me para a viagem de automóvel que há-de levar-nos a Monte Real. Como já referi anteriormente estou expectante sobre o que vai ser o meu futuro e receio afastar-me de vez deste pessoal. Mas não ganho muito em pensar nisso agora e o melhor é, do meu abrigo, ir apreciando a viagem. Começo por inspirar o cheiro do mar na zona de Buarcos, coisa que não me tinha sido possível fazer nos dois meses que passei lá em casa. Afinal, descobri durante aquele tempo que o Vasco não é da Marinha – o “Almirante” parece estar relacionado com o nome – e o “Vermelho” não tem a ver com a política mas sim com o futebol… Bom, essa última eu percebi logo ao princípio, que a caneca S.L.B. me tinha explicado tudo quando lá cheguei a casa.
Noto que mais à frente o Almirante resmunga entre dentes, pelo que calculo que já saímos de Buarcos e devemos estar a passar pela Figueira da Foz… A viagem decorre calmamente; o meu dono não aprecia muito conduzir e o tempo não ajuda, por isso ele leva condutor (neste caso condutora, a esposa, que por vezes o acompanha nestas saídas) e aproveita mesmo para, refastelado no assento do lado, tirar uma soneca durante a viagem… e eu faço o mesmo, que não vai haver muito para ouvir a não ser o ressonar dele…
Sou acordada por um movimento brusco do meu dono e percebo que ele já está a sair do automóvel. Pelos vistos já chegámos!
Sou de repente abalada por um grande safanão e apercebo-me de uma voz conhecida que fala com o Vasco. Não me tinha ainda esquecido dela! Era o Joaquim – ou Mexia Alves, como quiserem – que tinha acabado de cumprimentar o Almirante com uma vigorosa palmada nas costas e forte abraço que até me fizeram chocalhar dentro do bolso.
Estamos no Café Central, um sítio que já conheço. Já lá estão alguns dos tabanqueiros habituais e vou-me apercebendo da chegada de outros. Das conversas trocadas, vejo que o almoço tem desta vez um interesse suplementar pois comemora-se - com alguma antecipação, parece – a época de Natal que se aproxima. O tal Miguel, de que já vos falei antes – o  tal das fofocas da “Karas” – conversa agora com o meu dono. Pelas palavras trocadas percebo que o Vasco lhe terá pedido para lhe comprar um livro e ele assim fez, entregando-lho. Parece ser obra que ambos apreciam, assim como apreciam o autor – o tal JERO que já referi anteriormente – que é mais conhecido em Alcobaça que o Presidente da Câmara de lá…
Entendo que a entrega do livro implica um pagamento – e vejo-me de repente tirada do bolso do Vasco e posta nas mãos do Miguel! Surpresa completa a minha, pois pensava que a minha mudança de situação poderia ocorrer apenas após o almoço…
Parece que o Miguel não usa porta-moedas nem carteira e vejo-me aninhada juntamente com outras que já lá estavam num bolso das calças que ele reserva para esse efeito.
A situação no Café acalma enquanto o pessoal vai bebendo umas águas e eu aproveito para tentar elucidar-me junto das outras notas sobre quem é o meu novo dono. Dizem-me que, estando o Miguel habituado a utilizar um cartão para pagar despesas mais elevadas – um cartão como aquele que há uns meses me fez sair da caixa do Banco – costuma usar preferencialmente as notas de 5 euros e os trocos daí resultantes para pagar as pequenas despesas. E se despesas maiores exigirem o pagamento em dinheiro, são as notas de 20 euros que estão em maior risco de marchar… Fico a pensar se esse seu comportamento terá a ver com alguma atitude racista para com as notas de 10 euros – vermelhinhas – e lembro-me que ele não é do S.L.B… Bom, isso são preocupações para ter depois; mas fico mais descansada com o meu futuro próximo  - a não ser que vá já fazer parte do pagamento do almoço…                    
Do bolso do meu novo dono apercebo-me das suas andanças pelo meio das mesas do café, tentando encontrar os melhores ângulos para fotografar o pessoal. Finalmente levantamo-nos para nos dirigirmos para o local do almoço – a Pensão Montanha mais os seus cheirinhos apetitosos. Antes ainda paramos para a fotografia de grupo na entrada do Café. Claro que mais uma vez não fico na fotografia – nem eu, nem o meu novo dono, que é o fotógrafo de serviço como habitualmente…
Já no local do almoço um pormenor simpático; Em cada lugar, sobre o prato, está colocado um Pai Natal de chocolate, para adoçar a boca no fim da refeição. As pessoas sabem que o valor é irrisório mas a intenção é que conta. Claro que eu não sei o que é o chocolate, mas já me apercebi que é coisa que as pessoas apreciam.
Dos pormenores do almoço não vou falar para evitar maçar-vos – afinal já os relatei em texto anterior. Apenas refiro mais uma vez o ambiente amigável ali vivido, ainda reforçado pela época festiva que se aproxima e que, segundo alguém presente, “é propensa a ampliar os sentimentos fraternos de cada um para com os outros” (apenas repito o que dizem, pois não estou muito dentro desses assuntos). Ainda, neste caso particular, reparei nas movimentações do Miguel para fotografar tudo e todos, principalmente quando são apanhados desprevenidos… Dizia um que ele aproveita essas cenas maradas para publicar uns cartoons lá no blogue – já tenho algum conhecimento disso, pois na minha estadia em Buarcos tive a oportunidade de acompanhar o Vasco na leitura do que ali era publicado – e pela troca de correspondência vi que eles gostavam de se meter amigavelmente um com o outro.
Um momento interessante foi quando entregaram à D. Preciosa uma prendinha que comemorava a época de Natal que se aproxima, demonstrando simultaneamente o apreço que o grupo demonstra pela forma dedicada como ela os recebe naquela sua casa.
Chega finalmente o momento de se pagar o almoço e temo o que me possa suceder, mas rapidamente descanso quando vejo que o meu novo dono já tinha reservado outras notas para esse efeito. Assim, espera-me mais algum tempo na sua posse. Pelo menos, espero eu, até à sua chegada a Lisboa. E aí, até talvez eu tenha tempo para conhecer mais alguma coisa dessa revista de fofocas, a “Karas”, a que o Miguel está ligado.
Começam as despedidas, pois está na hora de cada um regressar às suas casas. O pessoal parece lamentar o facto de só haver novo convívio daqui a dois meses e eu própria tenho poucas esperanças de poder estar presente nessa ocasião. Mas conto ter tempo suficiente para conhecer mais pormenores sobre o Miguel, pese embora a má vontade que ele parece ter para com as notas de 10 euros como eu…

Comentário do editor:
Pois é! Surgiu aqui um problema de incompatibilidades, como aliás já estamos habituados neste país… Sucede que, tendo vindo a nota de 10 euros parar agora às minhas mãos, mas sendo eu igualmente o editor que se insurgiu com estas “coincidências” que fazem o raio da nota ir parar sistematicamente às mãos de um “tabanqueiro do centro”, achei por bem não me envolver directamente no assunto, sob risco de me acusarem de interferir no desenrolar natural da história ou exercer censura sobre os escritos aqui publicados.
Por outro lado, tenho até uma certa curiosidade em ver o que é que aquela pindérica da nota vai dizer de mim no próximo artigo… Por isso vou deixar a coisa correr, aguardando com expectativa o que aí vem. Mas ela que tenha juizinho, que o Euro circula em muito lado e pode ser que ainda a envie para a Grécia, para ela ganhar juízo!...
O editor                                               
                                                                                                                                                                      MP

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

P165: AVENTURAS DE UMA NOTA DE 10 EUROS - 3

Olá novamente! Ainda se lembram das duas histórias que já aqui contei há uns tempos atrás (*)?
Já se passaram dois meses desde que, num almoço do cozido em Monte Real, fiquei na posse do Vasco da Gama, o meu actual dono. Bom, esta minha permanência prolongada nas mãos do Vasco deve-se precisamente ao facto de, no regresso do almoço em Monte Real e tendo ficado separada das outras notas, o meu novo dono ter resolvido guardar-me no primeiro lugar que encontrou à mão de semear, que calhou ser uma caneca colocada sobre a sua secretária, bem próximo do computador. A caneca onde vivi a partir daí era nova, garrida e dentro dispunha de um espaço amplo onde me espraiava à vontade, na companhia de uma lapiseira e duas esferográficas.

Inicialmente não percebi bem o nome da caneca pois à chegada apenas divisei de relance a sigla S.L.B. na parte exterior. De conversas posteriores que tive com ela soube que se arvorava representante do Glorioso, um clube chamado Benfica e que a sua vinda para este local tinha sido resultante de uma oferta do tal Miguel que eu já referi anteriormente, lembram-se? - aquele da revista das fofocas que também é fotógrafo… Bom, parece que esse Miguel, conhecedor do fervor clubístico do Vasco, resolveu oferecer-lhe aquela caneca decorada com motivos alusivos ao clube do coração do meu dono – o tal Benfica. Coisa que até estranhei pois pelo que me contaram esse Miguel até é de outro clube…
As canecas, pelo que me foi explicado, servem para se ingerir bebidas – normalmente quentes – coisa que os humanos parecem apreciar bastante. Naquele caso particular não foi esse o destino dado à caneca (para sorte minha), antes sendo utilizada como um recipiente para as canetas… e para mim, por acréscimo…
O escritório do meu dono fica situado num local elevado, parecendo antes a torre de menagem de um castelo. Do local onde me encontro tenho uma vista privilegiada para o monitor do computador e para o exterior, conseguindo divisar lá ao fundo uma linha de água que já ouvi o meu dono dizer ser a bela praia de Buarcos (sentado ao computador, muitas vezes ele refere aos seus interlocutores esse seu carinho pelo sítio onde vive).
Já percebi também que as minhas companheiras na caneca já viveram tempos melhores, quando eram regularmente utilizadas pelo meu dono na correspondência com outras pessoas ou no registo das suas memórias. Agora esse trabalho tem passado quase exclusivamente para o computador, sendo as minhas companheiras usadas esporadicamente para assinar um qualquer documento saído da impressora ou rabiscar um lembrete qualquer. Talvez por isso, por ser um sítio pouco devassado, eu tenha passado despercebida ao longo deste tempo.
O meu dono reparou finalmente em mim. Talvez devido à minha cor e ao seu fervor clubístico resolveu fazer-me um miminho - Comprou-me um passarinho vermelho que passou a guardar-me no bico, com muito carinho. O pássaro chama-se senhor Eusébio, em homenagem a uma grande figura dos tempos do Benfica europeu, como ele diz. Aliás, pelo que guarda dentro, aquela secretária representa uma autêntica viagem no tempo, nomeadamente à época das grandes vitórias europeias do SLB. Bom, não ligo muito ao futebol embora seja obrigada a assistir a uns quantos jogos na TV, principalmente aqueles em que o seu clube entra.

E é claro que, pendurada no “Eusébio” e colocada em lugar de destaque, sou espectadora privilegiada desses jogos… e também das suas expressivas manifestações de alegria quando o seu clube marca um golo (mesmo quando é o Cardoso a marcar…), que até conseguem sacudir tudo o que está sobre a secretária. Para não falar nas explosões de fúria por vezes manifestadas em forma de potentes socos sobre o tampo da mesa ou no teclado do computador quando o adversário marca um golo. Com a violência do impacto cheguei a sair disparada juntamente com o meu suporte e não acabámos no chão porque o Vasco nos agarrou a tempo…
 Nos jogos é também habitual uma asneirita de cinco em cinco minutos, quando os "nossos" falham, o que origina que por vezes lá aparece a senhora dele: " Os teus gritos ouvem-se na rua! Que linguagem de carroceiro"... Bom, acabei por me habituar… e suponho que a esposa também…
Também me fui apercebendo das transfigurações que o meu dono sofria de acordo com os interlocutores no computador. Umas vezes é o Vasco da Gama, outras (mais amistoso) é o Vasco, por vezes surge o Almirante Vermelho (mais ilustre), outras ainda (bem rezingão…) é o D’A, um personagem curioso com um ódio visceral por um tal Sr. Morais e pelo editor da revista “Karas”; mais recentemente proclamou-se dirigente duma coisa com um nome esquisito – FRELIBU ou coisa que o valha – parece que pretendem a libertação de um buraco qualquer…
Devo confessar que estas mudanças me perturbam um pouco e me fazem lembrar um filme que uns meses atrás tinha visto (melhor dizendo, ouvido). Era uma história do Dr. Jekyll, que em determinados momentos se transformava num tenebroso Mr. Hyde; às vezes parecia-me que as alterações de comportamento do meu dono tinham algo de semelhante. Afinal aquilo parece ser tudo pose – ou não fosse o meu dono um apaixonado pelo teatro, sendo mesmo produtor e encenador de teatro amador. Um sujeito multifacetado…
Enfim, todos estes episódios que refiro fizeram-me ganhar um certo apreço pelo meu dono – e penso que de certa forma ele se afeiçoou a mim. Mas tudo o que é bom pode terminar. Tive recentemente o primeiro sinal disso mesmo: Numa dessas manifestações de entusiasmo, mais uma vez saímos disparados da mesa. Ao bater no chão o “Eusébio” desconjuntou-se todo – a situação parece não ter cura e, ainda aborrecido com o sucedido, o Vasco resolveu recambiar-me novamente para dentro da caneca… e o passarinho foi para o caixote do lixo.
Hoje sinto que uma nova etapa da minha vida se vai iniciar. Provavelmente ainda transtornado com o incidente, o meu dono resolveu hoje retirar-me da caneca e guardar-me no bolso do casaco, junto com outras notas. Pela correspondência trocada ontem, percebi que hoje é novamente “o grande dia”, o dia do cozido da Tabanca do Centro, e sei que estamos a caminho de Monte Real. Sinto que corro o risco de logo à tarde dizer finalmente adeus ao Vasco e passar para as mãos de um desconhecido que me vai levar… sei lá para onde!
Adivinho que, a ocorrer, esta separação lhe vai custar - ou talvez não! Na idade dele é moda mudar, assim haja  "nota". Resta-me a consolação de, até lá, poder deliciar-me de novo com o cheirinho apetitoso dos cozinhados da D. Preciosa e assistir a mais uma alegre confraternização do pessoal da Tabanca do Centro…

(*) Para ver as minhas histórias anteriores basta ir a estes links:
Parte 1 – http://tabancadocentro.blogspot.com/2011/11/aventuras-de-uma-nota-de-10-euros-1.html
Parte 2 - http://tabancadocentro.blogspot.com/2011/12/aventuras-de-uma-nota-de-10-euros-2.html


Comentário do editor:
Estas histórias da nota de 10€ já começam a chatear-me! A sujeita passa o tempo a circular entre o pessoal da Tabanca do Centro – e isso não é normal! Cheira-me que há aqui um arranjinho entre eles, isto de modo a permitir que a nota possa continuar a contar mais umas historietas – sempre com os tipos do costume…

Se na próxima história (se a houver!) a nota passar para outro Tabanqueiro do Centro ainda perco as estribeiras e ou rasgo a história ou queimo a nota! Vamos aguardar e ver o que é que isto vai dar.

                                                                    O editor


MP


Comentário de última hora:
Incluímos neste texto um comentário recebido há poucos minutos, da parte de um semi-anónimo. Por trazer uma foto e ser impossível metê-la nos comentários, foi decidido integrar a título excepcional este comentário (com a respectiva foto) no fim do texto:

"Anda para aí tudo aos saltos por causa de uma notita de dez, a penúltima do campeonato e prestes a descer de divisão, quando se deviam preocupar com coisas muito mais importantes, como EU! 
Olhem-me para a minha categoria! Até vos ponho a ver a dobrar!""
Assina, um dos mais brilhantes discípulos de ALVES dos KING'S.


domingo, 18 de dezembro de 2011

P164: SOLUÇÃO DE RECURSO...

Como habitualmente, não havendo almoço de convívio em Dezembro o almoço de 30 de Novembro foi simultaneamente uma confraternização pré-Natal (não confundir com as futuras mamãs...). Para o efeito estava prevista a cedência de uma "rena lapona" pelo Zé Belo, mas este, sempre em andanças de um lado para o outro, acabou por não nos arranjar o material pretendido. Por isso, para seguir o planeado lá tivemos que nos desenrascar com a prata da casa...
MP     

sábado, 10 de dezembro de 2011

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

P158: AVENTURAS DE UMA NOTA DE 10 EUROS - 2

Lembram-se da história que vos contei há umas semanas, acerca da minha experiência inicial no mundo dos humanos? Talvez vos tenha deixado em “suspense” relativamente ao que me esperava no fim do “almoço do cozido”. Não estão a ver de que é que estou a falar? Então é melhor darem uma vista de olhos ao meu reporte anterior, publicado aí mais abaixo no blogue (*)…
Bom, dizia eu então que nos dirigimos rumo à Pensão Montanha, não sem antes pararem todos à porta do café para tirarem uma “foto de grupo” sob a orientação de um tipo bonacheirão, cheiinho, a quem chamavam Miguel. Infelizmente, aconchegada na carteira do Joaquim, passei completamente despercebida na fotografia, ninguém ficou a saber que eu também lá estava – e a foto do tal Miguel não registou a minha passagem por aquele convívio.
Finalmente sentado o pessoal à mesa, com algum alvoroço dado o número de presentes, retomaram-se as conversas iniciadas no Café. Percebi que eu tinha ficado num local central da mesa e compreendi que ali quem orientava tudo era o Joaquim, o “Régulo da Tabanca” - como alguém lhe chamou.
Dos cheirinhos à mesa já eu tinha falado na história anterior. Bom, eles lá estavam outra vez, a rodear-nos e a abrir o apetite ao pessoal, segundo alguém disse. O facto é que os cheiros se aproximaram mais do local em que eu estava. O cozido começou a ser servido e rapidamente se abateu sobre a mesa um silêncio inesperado, enquanto o pessoal atacava o petisco…
Passado o impacto inicial, retomaram-se as conversas interrompidas. Fiquei a saber que o grupo não é só da zona de Monte Real; vem gente de longe – do Porto, Lisboa, Cascais, Fátima, Alcobaça, Cadaval, Aveiro, Figueira da Foz, etc. E pelo que me foi dado perceber, o distanciamento geográfico não tem impedido o estreitamento dos laços de amizade que têm resultado destes convívios.
Bom, parece que naquele último caso não é bem a Figueira da Foz mas sim Buarcos, mesmo ali ao lado… Na verdade não sei qual é a diferença mas que se prestou a um grande granel, lá isso foi… O tal de Buarcos, a quem umas vezes chamavam Vasco e outras Almirante Vermelho (não sei qual a distinção, nem sabia que havia pessoal da Marinha nestes convívios), mandou-se ao ar quando alguém lhe chamou figueirense – penso que seja um insulto grave, pela maneira como reagiu. Claro que acabou por passar-lhe, não sem entretanto alguns apertarem com ele por causa da camisola que usava – uma peça de cor indefinida que, segundo alguns, não faz jus ao tal título de “Almirante Vermelho” que gosta de usar. Parece ser um tipo de mil disfarces, pois alguém também lhe chamou “D’A” e outro referiu que ele era dirigente da FRELIBU, seja lá o que isso for… Essas ainda me deixaram mais baralhada, mas deduzo que sejam pseudónimos literários…
O tal Miguel parece que é tipo importante, editor de uma revista qualquer de fofocas. Talvez por isso disparava a máquina fotográfica em todas as direcções; pela velocidade com que disparava duvido que tenha saído alguma coisa de jeito…
Surge agora na conversa outro sujeito ligado a um jornal de Alcobaça, o Jero - parece que se chama assim, embora na minha curta experiência nunca tivesse ouvido esse nome noutra pessoa. Bom, estou a ver que estou rodeada de gente fina!
O pessoal começa a afastar-se da mesa para se ir abastecer das sobremesas, colocadas noutra mesa. Novamente reunidos, chegam os cafés, os digestivos… e mais conversa! Parece que todos estão satisfeitos com o modo como decorreu o almoço e alguns até mostram pena por terem que se retirar; por isso começam a fazer-se as contas para cada um pagar a sua parte.
Cada um pega na sua carteira e… o Joaquim tira-me do cantinho em que estava guardada e põe-me em cima da mesa! Portanto uma das hipóteses está posta de parte – não vou ficar com o Joaquim. 
Penso que estou a caminho da gaveta da D. Preciosa. Pelas conversas à volta da mesa parece-me que precisam de troco para o pagamento e alguém pega então em mim (Lá se vai outra hipótese – também não vou ficar com a D. Preciosa!). Vejo-me levada pelos ares e entregue ao tal Almirante!
Pelos vistos vou debandar de vez de Monte Real. Tenho curiosidade sobre o que vai ser a minha vida com este novo dono, mas as conversas que lhe ouvi no decorrer do almoço deixaram-me na expectativa do que vou encontrar no tal Buarcos que ele tanto gabou. Mas receio que esteja próxima a minha despedida definitiva a este grupo que tanto apreciei e com quem tanto aprendi.

(*) A 1ª parte foi publicada no passado dia 20 de Novembro, sob o título “Aventuras de uma nota de 10 euros - 1”.   
     Ver:  http://tabancadocentro.blogspot.com/2011/11/aventuras-de-uma-nota-de-10-euros-1.html
MP