segunda-feira, 30 de março de 2015
domingo, 29 de março de 2015
P630: Foi em 26 de Março
EM AVEIRO: APRESENTAÇÃO DO
LIVRO
“NÓS, ENFERMEIRAS
PARAQUEDISTAS”
Integrada
nas cerimónias do dia da Unidade do RI 10, efectuou-se em Aveiro, no passado
dia 26 de Março, a apresentação do livro “Nós, Enfermeiras Paraquedistas”. A
sessão decorreu nas instalações do Centro de Congressos de Aveiro, cedido para
o efeito pela Câmara Municipal de Aveiro.
Como
tinha já sucedido na apresentação original em Novembro, no Estado Maior da
Força Aérea, a sessão contou com a
presença do Professor Adriano Moreira (autor do prefácio do livro) e do TCor.
Aparício, que fez uma apreciação da obra. Igualmente presentes várias
enfermeiras paraquedistas co-autoras deste livro.
Na
mesa, presentes ainda o Presidente da Câmara de Aveiro, Engº José Ribau
Esteves, o Comandante do RI 10, Cor. José Carlos de Almeida Sobreira, a
Enfermeira Rosa Serra, coordenadora do livro, e o Dr. Vitor Raquel, da “Fronteira
do Caos Editores”.
Embora
não estivesse exageradamente preenchida, a sala contou com a presença de alguma
gente jovem e, naturalmente, de combatentes da guerra de África. Dos envolvidos
nas actividades dos blogues, registámos a presença de elementos da Tabanca
Grande, vários deles ligados igualmente à Tabanca do Centro – Jorge Picado (capitão
miliciano em Mansoa, Mansabá e Teixeira Pinto), José Armando Ferreira de
Almeida (então Furriel, contemporâneo do Luís Graça em Bambadinca), Carlos
Prata (capitão em Cafal Balanta e Bissorã), Manuel Reis (alferes em Guileje),
Miguel Pessoa (tenente na BA12).
Igualmente
várias enfermeiras “tabanqueiras” presentes - Rosa Serra, Giselda Antunes e Aura Rico Teles– para além das enfermeiras Eugénia Espírito Santo Sousa, Natércia Pais, Ana Maria Bermudes, Octávia Santos, Natália Santos e Maria de Lurdes Costa Pereira (nomes de solteiras, pelos quais eram conhecidas na época).
Como
já tinha sucedido na sessão anterior, os dois convidados fizeram apresentações
de grande interesse e qualidade, que foram bastante apreciadas pelos presentes.
E, no âmbito das comemorações do dia da Unidade, os presentes ainda puderam apreciar uma sessão de música que se seguiu a esta apresentação, proporcionada pela Banda Militar do Porto.
A Tabanca do Centro
sábado, 28 de março de 2015
quarta-feira, 25 de março de 2015
P628: DO NOSSO ALMIRANTE...
Sempre na linha da frente, trate-se do que se tratar, a Frente de Libertação de Buarkos, alcançada que foi a paz com a integração da vizinha Figueira da Foz no seio da sua freguesia, hoje denominada por Buarkos Sul, a FRELIBU, dizia, tem-se dedicado, com enorme êxito, a um conjunto de iniciativas de índole cultural que abarcam desde a agricultura e pescas até à criação de camelos para transporte nos extensos areais de Buarkos Sul, passando pelas novas tecnologias de análise futebolística, sempre tão necessárias quando o GLORIOSO segue isolado na vanguarda, navegação e pesca submarina com comissão e sem comissão.
Enfim,
uma panóplia de saberes a causar inveja aos mais doutos cibernautas,
argonautas, aeronautas e outros autas da nossa praça. Assim que me lembre, ao
correr da pena, vultos enormes como São Cristas, Rui Cantos, Paulo Janelas,
Costa do Castelo, já peroraram no nosso areópago de Buarkos Lindo.
Sempre na linha da frente, trate-se do que se tratar, a Frente de Libertação de Buarkos, alcançada que foi a paz com a integração da vizinha Figueira da Foz no seio da sua freguesia, hoje denominada por Buarkos Sul, a FRELIBU, dizia, tem-se dedicado, com enorme êxito, a um conjunto de iniciativas de índole cultural que abarcam desde a agricultura e pescas até à criação de camelos para transporte nos extensos areais de Buarkos Sul, passando pelas novas tecnologias de análise futebolística, sempre tão necessárias quando o GLORIOSO segue isolado na vanguarda, navegação e pesca submarina com comissão e sem comissão.
Enfim,
uma panóplia de saberes a causar inveja aos mais doutos cibernautas,
argonautas, aeronautas e outros autas da nossa praça. Assim que me lembre, ao
correr da pena, vultos enormes como São Cristas, Rui Cantos, Paulo Janelas,
Costa do Castelo, já peroraram no nosso areópago de Buarkos Lindo.
Desta
feita o tema, logo por outros copiado, era a saúde e o orador convidado dava
mote ao tema anunciado:
“O DR.
KAMBUTA DOS DEMBOS E A SAÚDE NO ALÉM-MAR”
Recebido por estrondosa ovação ouvida até em Leiria, a
causar inveja a alguns “copiadores”, o Dr. Kambuta sem mais demoras logo deu
início à palestra:
Eu sou
o Dr. Kambuta
Sou
escritor e poeta
Dou
injeções no braço
Na
perna e no etc.
Toda a
gente me admira
Desde
os Dembos à Guiné
O meu
lema é conhecido:
“A seringa sempre em pé”
“A seringa sempre em pé”
Já
salvei quinhentas vidas
De
militares e civis
Do presidente
do Conselho
E da
nossa embaixatriz
Com
todo o gosto aqui estou
Nesta
terra maravilhosa
Para
partilhar meu saber
Mais o
da enfermeira Rosa
Recusei
ir a Leiria
P'ra em
Buarkos estar presente
Curo
mortos e curo vivos
Só não
curo alguém doente.
Obrigado
meus senhores
Meu
Almirante Vermelho
Eu sou
um doutor de primeira
Não sou
pois nenhum fedelho.
Ó homem, grita alguém
do fundo da plateia, munido de megafone,
Deixe-se lá de versejar
Que já
me dói a barriga
Já não
posso mais esperar
Não
aguento da bexiga
E eu, ó
senhor doutor
Que
trago o menino Rodrigo
O meu
filho, o meu amor
Tem uma
dor no umbigo.
E a dor
que tenho num dente
Impossível
de suportar
Ó
Kambuta, meu confidente
Dá-me
algo para me acalmar!
Dor a
sério tenho eu
Se não
me acodem inda morro
Grita
de lá o Romeu
Brandindo
a espada do Zorro.
Ao ver
a espada no ar
Don
António de Badajoz
Deu-lhe
logo p'ra gritar:
Viva a
Figueira da Foz!
Foi o
bom e o bonito ao ouvir-se esta palavra há muito banida dos dicionários de
Buarkus.
A
multidão enfurecida lança-se sobre Don António que, sem outra solução, sobe
para o palco e implora:
Aqui me
acoito senhor
Valei-me,
Dr. Kambuta
Até o
nosso prior
Me
atirou com a batuta!
Chegue-se
pr'a lá, ó traidor
Que eu
não sou nenhum guerreiro
Pelos
Dembos espalhei amor
Era apenas Dr. Maqueiro…
À hora a que vos
escrevo, meus Camarigos da Tabanca do Centro, as sirenes das ambulâncias atroam
os ares de Buarkos e nos seus catorze hospitais não há vagas para ninguém!
Surto de gripe? Não!
Fruto de pancadaria
da grossa, que as gentes da FRELIBU tratam da saúde, sem dó nem piedade, aos
seus inimigos!
“E o Dr. Kambuta dos
Dembos?”, adivinha-se a vossa pergunta.
O Dr. Kambuta, que
também apanhou, está a tratar da saúde em Além-Mar, para as bandas de Monte
Real, sob a asa protectora do Amado Chefe que lhe arranjou um lugar nas Termas.
Ainda há gente boa!
“Je suis Almirante Rouge de Buarkus”
segunda-feira, 23 de março de 2015
sábado, 21 de março de 2015
P626: NOVA TERTÚLIA EM LEIRIA
Lembramos o pessoal interessado em assistir a mais uma sessão das II Tertúlias "A História Somos Nós" que irá realizar-se a segunda sessão deste ano no próximo dia 27 de Março pelas 18H00. Como normalmente realizar-se-á nas instalações da Livraria Arquivo e é dedicada ao tema "Estruturas religiosas e iniciativas humanitárias".
Trata-se de uma organização da Livraria Arquivo em conjunto com o Núcleo de Leiria da Liga dos Combatentes e tem o apoio do Jornal de Leiria.
Estão previstas futuramente as seguintes sessões:
3ª sessão: 24ABR2015 - O sistema educativo
4ª sessão: 29MAI2015 - Missões de voluntariado
5ª sessão: 26JUN2015 - A guerra colonial na imprensa nacional e local
quinta-feira, 19 de março de 2015
P625: LIVRO "NÓS, ENFERMEIRAS PARAQUEDISTAS"
Informámos aqui anteriormente que estão previstas para já duas apresentações deste livro editado pela "Fronteira do Caos Editores", a primeira em Aveiro, a segunda no Porto.
Da primeira apresentação deixamos-vos aqui o respectivo convite. A sessão decorrerá no auditório do Centro Cultural e de Congressos de Aveiro, pelas 18H00 do próximo dia 26 de Março. Uma oportunidade para o pessoal daquela região (e arredores...) estar presente.
Refira-se que esta sessão conta com a presença, para além de várias das co-autoras (enfermeiras paraquedistas), do Professor Adriano Moreira (autor do prefácio do livro) e do TCor. Aparício, que já tinha igualmente feito a apresentação da obra no Estado Maior da Força Aérea, no final de Novembro do ano passado.
Quanto à segunda apresentação, prevista para a Messe de Oficiais da Batalha, no Porto, aguardamos ainda a confirmação da data inicialmente programada, 9 de Abril. Aqui daremos informação logo que possível.
A Tabanca do Centro
segunda-feira, 16 de março de 2015
P624: DO "CORREIO DA MANHÃ" DE DOMINGO
Com a devida vénia a este periódico, reproduzimos as duas páginas publicadas na Revista de Domingo do "Correio da Manhã", com o testemunho do nosso camarigo Carlos Santos sobre a sua comissão na Guiné, no período de 1972 a 1974.
sexta-feira, 13 de março de 2015
P623: JERO – CRÓNICAS DOS TRIBUNAIS / 5
O PORTUGUÊS É UMA LÍNGUA
MUITO TRAIÇOEIRA...
Voltamos
ao Litoral Oeste e a uma história que não se passou no meu tempo de funcionário
dos tribunais, mas de que tenho fontes credíveis em relação à veracidade dos
factos que irei a seguir relatar.
Na
década de 70 a Nazaré ainda pertencia à comarca de Alcobaça. Aliás, a Nazaré só
na década de 90 passou a comarca e a ter o seu Tribunal.
Foi
portanto no Tribunal de Alcobaça que teve lugar o julgamento de um caso de
namorados desavindos. Filhos de famílias conhecidas “obrigaram” muitos
conter-râneos a viajar até Alcobaça, tornando pequena a velha sala de audiências
do tribunal no 1.º piso da ala norte do Mosteiro de Alcobaça. Depois de ouvidos
queixosa e réu chegou a vez das testemnhas.
- “A
senhora jura por Deus ou por sua honra dizer a verdade e só a verdade?”
- “Pela
minha honra, Sr. Doutor Juíz? Onde já vai a minha honra... Juro por Deus.”
A
resposta foi feita com a saborosa e típica pronúncia nazarena, que não é
possível aqui reproduzir...
No
processo-crime em julgamento a ofendida acusava o réu de a ter forçado a perder
a sua virgindade durante um namoro de muitos anos. E
agora o rapaz não queria assumir as suas responsabilidades. Casamento nem
pensar! Não queria mais nada com a sua antiga namorada. Ponto final.
A testemunha - que tinha jurado por Deus - disse em tribunal que toda a gente da Nazaré sabia do namoro dos dois jovens, que andavam abraçados e aos beijos por todo o lado.
-
Mas isso já foi dito, senhora testemunha - interrompeu o Juíz. Não sabe de mais
nada relevante para os autos ?
- “Uma
vez vi o casal de namorados entrar num canavial lá para os lados do Rio Alcôa”,
referiu a testemunha.
- “Está
bem - mas viu o que fizeram no tal canavial?”, questinou o juíz.
- “Vi-os
entrar e depois deitaram-se no chão”, acrescentou a testemunha.
- “Mas
isso tem interesse”, disse o juíz. “E viu o que fizeram enquanto estavam
deitados. Viu-os, por acaso, a copular?”
Aqui
a testemunha arregalou os olhos e pediu para o juíz repetir a pergunta pois não
estava a perceber.
O
juíz repetiu: - “Viu os dois, deitados no chão, a copular?”
Foi
a vez do juíz quase perder a fala e fazer um esforço sério para não se rir.
Dispensada
a testemunha o julgamento continuou, sendo certo que a cena do canavial teve
importância na decisão final.
O
réu foi condenado e já não me recordo se veio a casar ou não. Só a apresentação
da certidão de casamento evitava então a passagem pela cadeia, ficando suspensa
a pena de prisão por dois anos.
À
distância do tempo posso garantir que esta história do "copular" ou
do “cu a pular” ainda hoje é recordada em muitos tribunais da região,
competindo seriamente com aquela história do Juiz que referiu o “pénis” e que a
testemunha confundiu com o “Peres”.
O
português é, de facto, uma língua muito traiçoeira!
JERO
quarta-feira, 11 de março de 2015
P622: ABRIRAM AS INSCRIÇÕES PARA O ENCONTRO DE 27 DE MARÇO
Meus camarigos
Estão
abertas as inscrições para o nosso próximo convívio, o 44º, agendado para o
próximo dia 27 de Março. Mantém-se a ementa tradicional, o cozido à portuguesa,
bem como o preço da refeição, 10 € por cada inscrito.
Queremos
no entanto chamar a vossa atenção para o facto de as confusões com inscrições terem
sido muitas ultimamente, obrigando a esforços redobrados por parte dos
organizadores e a telefonemas constantes com a Pensão Montanha, para alterar o
número de inscritos.
Por
causa disso, e para obviar a que tais factos se vão repetindo, decidimos, aqui
na Tabanca do Centro, que quanto a
inscrições para os nossos encontros, apenas há dois meios para o fazer:
Na caixa de comentários do nosso blogue,
ou no nosso endereço e-mail, tabanca.centro@gmail.com
Outra decisão tomada, é a de que não
serão aceites inscrições fora do prazo indicado para tal.
Por favor, não telefonem a fazer inscrições, etc., porque a partir de
agora não serão aceites.
Pedimos
ainda, quando inscreverem, ou se inscreverem, camarigos que nunca estiveram na
Tabanca do Centro, que nos indiquem sempre os nomes dos mesmos, bem como o e-mail
deles.
Lembrem-se
que tudo isto dá muito trabalho, e que nem sempre temos tempo para corrigir
falhas e problemas.
Um
abraço camarigo a todos
Joaquim
Mexia Alves
segunda-feira, 9 de março de 2015
P621: II TERTÚLIAS "A HISTÓRIA SOMOS NÓS"
EM LEIRIA: SESSÃO SOBRE O
SERVIÇO DE SAÚDE NO ULTRAMAR
No passado dia 27 de Fevereiro iniciaram-se as sessões organizadas pela Livraria Arquivo e pelo Núcleo de Leiria da Liga de Combatentes, integradas nas II tertúlias "A História Somos Nós", a decorrer ao longo do presente ano. Estas sessões contam ainda com o apoio do "Jornal de Leiria". Para conhecerem o programa previsto para 2015, vejam aqui.
Esta primeira
sessão era dedicada ao tema "O serviço de saúde no ultramar" e para
ela foram convidados os Dr. José Lourenço, Dr. Américo Órfão, e os nossos
camarigos José Eduardo Oliveira (JERO) e Giselda Pessoa. Presidia à mesa o
TCor. Mário Ley Garcia, presidente do Núcleo de Leiria da Liga de Combatentes e
nosso camarigo da Tabanca do Centro.
Com assistência ainda reduzida na hora de
início da sessão, a sala acabou por compor-se razoavelmente, um pouco por obra
do pessoal da Tabanca do Centro que ali se deslocou.
Correndo o risco de falhar algum,
lembramos que, para além dos três já mencionados, presentes na mesa, se
deslocaram à Livraria Arquivo o régulo da Tabanca do Centro, Joaquim Mexia
Alves, Agostinho Gaspar, Vitor Caseiro, António Nobre, Carlos Santos, Paulo
Moreno e este vosso escriba, Miguel Pessoa.
Com a devida vénia à autora, Maria Anabela
Silva, e ao Jornal de Leiria, transcrevemos o texto que sobre este evento foi publicado
naquele periódico no passado dia 5 de Março:
Tertúlia debateu
sistema de saúde durante a guerra colonial
Tentar salvar os outros e evitar levar um
tiro
“O chefe da tabanca
tinha um tiro no peito. Cada vez que respirava, parecia ver-lhe o pulmão.
Estava moribundo. Sentei-o encostado a uma árvore e dei-lhe uma injecção de
morfina. Nunca mais esquecerei o seu olhar. Não vi o ódio na sua expressão. Vi
a resignação e um cansaço imenso. Pareceu-me preparado para morrer com
dignidade. Afinal, era o chefe. O último olhar que trocámos ficou-me gravado na
alma”. In Golpes de Mão's, de José Eduardo Reis de Oliveira
Foi
com o excerto do seu livro Golpes de Mão's que José Eduardo Oliveira, conhecido
em Alcobaça como JERO, terminou a sua intervenção na última tertúlia do ciclo A
história somos nós – da Guerra Colonial à Manutenção da Paz, realizada na
passada sexta--feira, e que desta vez debateu o sistema de saúde durante o
conflito no Ultramar.
Muito
menos dramática foi a situação com que se debateu José Esperança Lourenço
quando chegou a Marrupa, Moçambique, onde desempenhou funções de delegado de
saúde e de médico no hospital militar. “Havia uma quantidade elevada de
militares com doenças venéreas. Falei com o administrador para podermos tratar
também as mulheres. Pensei que iria encontrar meia dúzia. Afinal, era uma fila
interminável, mas consegui acabar com as venereologia”, conta o médico
estomatologista, frisando que esta era uma problemática frequente entre os
militares.
José
Oliveira nota que, quando os havia, os preservativos eram de “muito má
qualidade”, pelo que os contágios eram frequentes. E, sempre que isso
acontecia, os médicos tinham a “obrigação” de participar a situação e os
soldados “apanhavam dez dias de prisão”. E, como era fazer medicina num tempo e
em territórios em que escasseavam recursos, em que quase não havia antibióticos
- com excepção da penicilina, descoberta poucos anos antes - nem meios
auxiliares de diagnósticos?
“Dava-se
o máximo, com o pouco que se tinha, para ajudar feridos e doentes, fossem eles
soldados ou civis”, diz Américo Órfão, para quem comparar a medicina dessa
época com a actual “é comparar uma bicicleta com um Chevrolet”. “Hoje, quando
se receita um medicamento temos uma grande certeza de que vai fazer algum
efeito. Naquele tempo, as opções de tratamento era muito poucas”, alega o
médico de Leiria.
Além
da escassez de recursos, havia ainda a dificuldade acrescida quando o socorro
era prestado durante os ataques e se tinha de “tentar salvar os outros” e, ao
mesmo tempo, procurar “não levar um tiro”, nota José Oliveira.
Foi
num cenário desses que viveu um outro episódio marcante durante a sua missão na
Guiné. “Era madrugada e estávamos no mato. O nosso guia, um guineense, levou um
tiro no peito e chamaram-me. Pela primeira vez, percebi que não podia fazer
nada. Fiquei encharcado em sangue, com as balas a passarem-me por cima”,
conta.
Numa
nota menos dramática, José Oliveira recorda as dores de barriga que,
habitualmente, assolavam as tropas em dias de combate. Uma maleita que tratava
com “aspirina número 8”, nas suas diversas variantes - “aspirina para o medo
dos oficiais, aspirina para o medo dos sargentos e aspirina para o medo dos
soldados” -, que funcionava como placebo.
Apoio
às populações A par do auxílio aos soldados, os serviços médicos e de
enfermagem das tropas portuguesas tiveram também um papel preponderante no
apoio às populações locais, como testemunharam vários dos intervenientes na
tertúlia, organizada pelo Núcleo de Leiria da Liga dos Combatentes, em parceria
com a Livraria Arquivo e com o apoio do JORNAL DE LEIRIA.
Joaquim
Mexia Alves, que esteve na Guiné, considera que a população local “beneficiou
muito” com os serviços de saúde portugueses. “Um elemento da população que
tivesse uma doença ou ficasse ferido em cerca de duas horas era evacuado para
Bissau”, referiu aquele antigo combatente.
Giselda
Pessoa, que foi enfermeira pára-quedista, nota que até as populações de outros
países que viviam nas fronteiras com as antigas colónias recebiam apoio. “Chegámos
a evacuar pessoas do Senegal para Bissau. Mulheres grávidas, por exemplo”,
conta a antiga enfermeira, que recorda a sensação de alívio com que ela e as
colegas eram recebidas durante as evacuações de soldados feridos. “Sentiam-se
seguros quando nos viam. Alguns deles mantinham-se conscientes até à nossa
chegada, pensando que, se chegássemos, estariam safos”.
Piloto da Força Aérea, o coronel Miguel
Pessoa participou em muitas evacuações de feridos. Mas, houve um dia que viveu
na pele a experiência de ser ele o evacuado, quando o avião em que seguia foi
abatido por um míssil. A aeronave caiu no mato, mas o piloto (o então tenente
Miguel Pessoa) seria resgatado pelas forças portuguesas, sendo transportado de
helicóptero até Bissau, onde recebeu assistência no hospital militar.
“O método foi expedito. Correu tudo bem. Tão bem que casei com a enfermeira que fez a evacuação”, recordou Miguel Pessoa durante a tertúlia realizada na Livraria Arquivo sobre o sistema de saúde durante a guerra colonial. Num dos dois helicópteros onde fez a viagem até Bissau seguia Giselda Pessoa, enfermeira pára-quedista, com quem viria a casar (na foto, durante o resgate a Miguel Pessoa).
“O método foi expedito. Correu tudo bem. Tão bem que casei com a enfermeira que fez a evacuação”, recordou Miguel Pessoa durante a tertúlia realizada na Livraria Arquivo sobre o sistema de saúde durante a guerra colonial. Num dos dois helicópteros onde fez a viagem até Bissau seguia Giselda Pessoa, enfermeira pára-quedista, com quem viria a casar (na foto, durante o resgate a Miguel Pessoa).
Conclusões
da Tertúlia do dia 27FEV15, apresentadas pelo moderador da sessão,
TCor. Ley Garcia
TCor. Ley Garcia
A Tertúlia do
dia 27FEV15 foi dedicada ao apoio de saúde durante a Guerra do Ultramar,
nomeadamente, o acesso aos cuidados de saúde dos colonos e das populações
nativas.
Foram debatidas
questões como:
· Se a formação
dos médicos em Portugal era adequada para desempenhar a função de médico no
Ultramar;
· Se a informação
dos militares acerca das doenças venéreas era adequada para os problemas que
eles iam lá encontrar;
·
Se havia boas
estruturas de apoio à saúde;
·
Se havia muita
diferença de meios de apoio à saúde de região para região;
· Se os serviços
de saúde apenas apoiavam os militares ou também os civis brancos e negros;
· Que meios é que os
Enfermeiros tinham ao seu dispor para dar apoio directo aos feridos nos locais
onde os ia buscar ou apoiar;
· Qual a autonomia
que os Enfermeiros tinham no que respeita à decisão de colocar o evacuado do
modo mais rápido no hospital, tendo em conta a gravidade do seu estado;
·
Como teria sido
o apoio médico se já tivessem os meios de diagnóstico atuais.
No final foi
possível concluir que:
· Era necessário
os médicos terem formação complementar por causa das doenças tropicais e das
condições que iriam lá encontrar;
· Apesar de alguma
informação dadas aos militares, a maior parte deles não se sabia precaver de
forma adequada para evitar as doenças venéreas;
· Era complicado
combater as doenças venéreas por haver “profissionais” que chegavam a
deslocar-se de avião para onde os militares estavam colocados, facilitando a
transmissão da doença. Mas foi possível combatê-la em várias regiões graças a
um maior controlo conjunto destas “actividades”;
·
Era comum os
feridos resultantes de minas fracturarem os maxilares;
· Os médicos
ganharam muita experiência com doentes e feridos traumatizados, o que foi muito
útil para melhorar a medicina no Continente;
· O apoio à saúde
chegava a ser mais rápido e eficiente no Ultramar do que no Continente, mas
variava de região para região, sendo claramente melhores numas regiões do que
outras; Em muitos locais existiam médicos e enfermeiros suficientes;
· O apoio de saúde
era prestado também às populações nativas. Muitas vezes este apoio ajudava na
“conquista” das populações;
· Era comum os
enfermeiros estarem a dar os primeiros cuidados de saúde a feridos e, ao mesmo
tempo, terem de ter cuidado para não serem feridos;
· Os enfermeiros
tinham bastante autonomia e capacidade de decisão quanto ao tratamento e às
evacuações a efectuar;
· Por norma
existia um bom relacionamento entre médicos e enfermeiros, complementando-se no
seu trabalho;
Na altura da Guerra do Ultramar só existia disponível a Penicilina para utilizar como antibiótico e os diagnósticos tinham de ser feitos muito à base da observação, inquérito e apalpação dos doentes. Actualmente existem muito mais antibióticos que poderiam ter curado rapidamente muitas das doenças que os militares sofreram no Ultramar, sendo que os meios de diagnóstico actualmente existentes permitiriam aos médicos uma actuação muito mais eficaz por conseguirem identificar a doença ou as fracturas com precisão. No entanto, em zonas de combate tais meios nem sempre seriam possíveis de utilizar pelo que os conhecimentos e a experiência dos médicos e enfermeiros foram determinantes para curar os doentes e feridos da melhor maneira possível.
Agradecemos ao Jornal de Leiria, Maria Anabela Silva e Mário Ley Garcia, fundamentais para a preparação deste poste.
Na altura da Guerra do Ultramar só existia disponível a Penicilina para utilizar como antibiótico e os diagnósticos tinham de ser feitos muito à base da observação, inquérito e apalpação dos doentes. Actualmente existem muito mais antibióticos que poderiam ter curado rapidamente muitas das doenças que os militares sofreram no Ultramar, sendo que os meios de diagnóstico actualmente existentes permitiriam aos médicos uma actuação muito mais eficaz por conseguirem identificar a doença ou as fracturas com precisão. No entanto, em zonas de combate tais meios nem sempre seriam possíveis de utilizar pelo que os conhecimentos e a experiência dos médicos e enfermeiros foram determinantes para curar os doentes e feridos da melhor maneira possível.
Agradecemos ao Jornal de Leiria, Maria Anabela Silva e Mário Ley Garcia, fundamentais para a preparação deste poste.
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