ENCONTROS DE UM IMPÉRIO… DESENCONTRADO
Naquele ano de 69/70,dentro do espírito da Campanha
"Por Uma Guiné Melhor", o Comando Chefe convidava alguns muçulmanos
mais representativos para viagens de peregrinação a Meca. Por razões várias eu tinha
contribuído para que 3 "Homens Grandes" de Tabancas ao redor de
Aldeia Formosa tivessem sido incluídos (com toda a justiça) numa das listas das
viagens.
Foi em cortês gesto de agradecimento que, no regresso
de Meca, e aproveitando o estarem em Lisboa, decidiram ir "partir
mantenhas" a casa dos meus pais. Envergando os seus grandiosos trajes de
"ronco" bateram à porta precisamente no dia da semana em que a minha mãe
se reunia com amigas à volta de uma chávena de chá.
Recebo na Guiné carta do Estoril...
"Meu
querido filho"... que roupagens fantásticas! Que português tão exótico o
que falavam! Que bem educados nas suas tradições, e à sua maneira!
Que
acontecimentos incríveis que tão bem souberam descrever!
A esposa do
Presidente da Câmara de Cascais convidou-os de imediato para o visitarem!
Sabes, gostaram muito do meu chá, e principalmente
da... bavaroise de ananás!”
Sentado
contra uma árvore na mata Sul da Guiné, se não me urinei a gargalhar pouco terá
faltado.
Conhecia bem
aquelas "eternas meninas" da Parada de Cascais do Portugal de então.
Sentadas, segurando nas suas mãos delicadas por tantos
ócios, as minúsculas chávenas de chá, e discutindo as delícias da bavaroise de
ananás com aqueles heróicos combatentes Fulas.
Encontros de um Império... desencontrado.
Quem sabe se regressaram às matas do Forreá carregando
nos "R" e dizendo "pecébe" no dialecto
"bem" de uma certa capital do... tal Império...
José Belo
Foto de Fulas em traje festivo - De "Luís Graça & Camaradas da Guiné", com a devida vénia
8 comentários:
Agora percebo!
Se calhar foi por causa dessa visita a Cascais que eu tratava o Jamil Nasser do Xitole, meu particular amigo, por tio Jamil!!!
Tá a ver, Zé? Super curioso, e super divertido, o menino não acha?
Grande abraço
Joaquim
Joaquim era o teu Supetiiiiiiooo com montes de caturreira.
Até amanhã
Diz o Zé Belo que "se não me urinei a gargalhar pouco terá faltado"! E não era para menos.
Conhecedor da situação, era só dar asas à imaginação e adivinhar o que todo aquele exotismo produzia nas "tias".
Já agora, qual foi o efeito que a "bavaróóóise" produziu nos visitantes? Referiram-se a isso?
Abraço
Hélder Sousa
Meu Caro Helder.
Felizmente que,quando regressaram,já eu näo estava em Mampatá e....nunca mais os encontrei.
Deviam entäo estar um..."Máximo de Queridos!"
Aquele abraco.
Tal como diz o Hélder,também me mijei( gosto do vernáculo) de tanto rir.
As tias de Cascais provavelmente ainda não teriam o tal "accent"...
Um grande abraço e obrigado por este momento de boa disposição originada pelos Fulas...
Camarigos
Tal como diz o Hélder,também me mijei( gosto do vernáculo) de tanto rir ao ler este texto do Zé Belo lá da distante Lapónia.
As tias de Cascais provavelmente ainda não teriam o tal "accent"...
Um grande abraço e obrigado por este momento de boa disposição originada pelos Fulas...
Achei muita graça a esta descrição. Uma visita fora do comum na hora do chá, das " tias de Cascais", como as de tantas outras, nessa época. Para elas, deve ter sido uma visita algo fascinante e divertida!.. Para os "Homens Grandes", não sei!.. talvez ficassem a pensar que sempre seria melhor, lancharem na mata. Um abraço ao José Belo. Mª Arminda
Achei muita graça a esta descrição. Uma visita fora do comum na hora do chá, das " tias de Cascais", como as de tantas outras, nessa época. Para elas, deve ter sido uma visita algo fascinante e divertida!.. Para os "Homens Grandes", não sei!.. talvez ficassem a pensar que sempre seria melhor, lancharem na mata. Um abraço ao José Belo. Mª Arminda
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