segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

P428: DAS CRÓNICAS DO JERO...

Com a devida vénia, fomos rebuscar no blogue do JERO esta história acabadinha de sair... Podem ver este e outros textos do JERO no blogue http://jeroalcoa.blogspot.pt/ , de que temos ligação directa na coluna da direita, n' "O Sítio dos Camarigos".
Os editores

UMA CHAMADA A HORAS MORTAS...

Uma “chamada” com que ninguém contava…
 Saber lidar com a morte é algo difícil para a maioria das pessoas. Nessas horas o sentimento de dor e desespero pela perda é muito difícil de ultrapassar pelos familiares e amigos próximos.
Mas depois há as profissões que convivem de perto com a morte.
 Uma das profissões em que isso acontece – quase sempre em condições dramáticas - é a do perito legista. Trabalhando no Instituto Médico Legal esses profissionais, na maioria das vezes, realizam perícias de mortes trágicas, que envolvem acidentes ou assassinatos.
Há ainda o caso dos coveiros que precisam trabalhar perante o sofrimento e a dor dos familiares do ente querido que vai a enterrar.
Mas ainda antes do acto de sepultar os mortos, existe o serviço das funerárias , onde os seus funcionários, normalmente conhecido por cangalheiros, preparam o corpo para a última viagem.  Vestem, fazem maquiagem, cortam o cabelo, fazem a barba, colocam flores no caixão, para que fique uma boa impressão do falecido durante o velório. Para que um corpo fique pronto gastam-se largos minutos. Quando não são horas.
Feito o contexto do tema que hoje abordamos vamos ficar por “estórias” que constam acerca de alguns velórios.
 Desde a daquele homem do campo, cujo caixão foi transportado durante alguns quilómetros em cima de um burro até à Igreja, e que caiu tantas vezes durante o percurso que, durante o velório, abriu os olhos e voltou  (momentaneamente) à vida...assustando toda a gente.
Ou a de um pescador já idoso, que no velório na capela da sua naturalidade, “acordou” e se levantou por momentos do caixão onde repousava, sujeitando-se de imediato a um ralhete da sua (assumida) viúva, que rapidamente o aconselhou a deitar-se de novo pois as despesas do funeral já estavam feitas…
A última é dos nossos dias e aconteceu durante o velório numa capela duma igreja duma aldeia do Litoral Oeste.
Na preparação do corpo para o funeral o cangalheiro, que trabalhava sozinho, reparou que o casaco do morto era do mesmo padrão e cor do que trazia vestido, mas com uma diferença. Era novo e o seu …nem por isso. E quanto a tamanho? Eram iguais. O cangalheiro pensou em voz alta (ou teria sido em voz baixa…) que o morto não se ia importar e fez a troca.
Seguiu-se o velório. As horas foram passando e, como é habitual, com o decorrer do tempo as condolências foram escasseando e na capela mortuária ficaram os familiares mais próximos e dois ou três amigos indefectíveis. E o cangalheiro.
Perto da meia-noite tocou um telemóvel. Uma, duas, três, quatro vezes e mais vezes. Ninguém atendia. Os presentes olhavam uns para os outros mas o som do telemóvel parecia cada vez mais estridente no silêncio da noite que já ia longa.
Mas o mais estranho de tudo era que o som do telemóvel parecia vir de dentro do caixão…
O longo minuto terminou quando o cangalheiro bateu com a mão na própria cabeça e foi “ajeitar o corpo” no caixão. O som do telemóvel deixou se ouvir.
Vá se lá saber porquê!!!
Quem é que ia esperar uma “chamada” a horas mortas…
JERO

5 comentários:

joaquim disse...

Boa Jero!

Tens que me dizer qual a aldeia das nossa redondezas ... eheheh

Um abraço

Anónimo disse...

Sabe sempre bem "saborear" uma história do JERO.

Um abraço amigo

Vasco

Manuel Lopes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Manuel Lopes disse...

Tá muinta boua amigo JERO, são mesmo dos nossos lados do OUSTE da nha aldeia quem sabe....
Amigo um abraço do Manuel Lopes

Anónimo disse...

Estão muito boas amigo Jero. Ainda bem que o toque foi de um morto daí do seu lado e não cá do meu. Continue com essa boa disposição que bem falta nos faz. Um abraço. Mª Arminda