CRÓNICA DO MANUEL KAMBUTA DOS DEMBOS
Este texto do Manuel Lopes deve ser digerido com algum cuidado, tendo em conta que saímos agora dos festejos de fim de ano e ainda podemos estar algo combalidos dos neurónios. A ler com a devida contenção...
O «Manel Kambuta dos Dembos Soba da Sanzala
Dwzentosnoventa» ontem fez como sempre quando abre aquela geringonça ou que
raio é aquilo aquela coisa que mais parece uma trebisão «computador»prá gente
ber as moças na casa dos….quêêê…tá calado….quescobilhices, e foi ber o que
estaba escrito prus primos Homys Grandys na Tabanca do Centro. Biu lá umas
coisas escritas que parecia um estetamento, ele leu bezes sem conto mas na
precebeu nadita de nada, foi dromir a pinçar naquilo que os Tabanqueiros criam
dezer…pensou mas que raio o que práqui bai o qué queles querem dezer aos
camarigos será que seija abisar que apraceu mais um imposto prá gente pagar?… ai
que porra e que raio se é isso.
O sempre procupado Kambuta lá a munto custo passou a
noite sem dromir a pinçar naquilo. Hoije de manhêa cando se levantou pinçou em
descobrir tudo.
Se pinçou milhor o fez chatiar «o Periquito de
Manssoa o Home Grande da Tabanca Alkydom Agostinho Gaspar», preparou a
minssaige pra le imbiar que dizia assim «mê primo prequito Homy Grandy da
Tabanca do Alkydom, eu te primo Soba da Sanzala Dwzentosnobenta preciso que
banhas aqui o mais rápido milhor prá gente resolver um assunto queu na consigo
sozinho. Bê lá se imbias a minssaige antes de bir pra eu fazer conta aqui bai
ela».
Meteu na boca
do Morteiro e aqui bai disto… viiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiipummmmmmmm, aquela
porra cum a minssaige caiu no mei da roça do primo da Tanbamca do Alkydom caté
espantou as pobres obelhitas que barregando chamaram maluco ó Soba Kambuta (e na
era pra menos), o Home Grande do Alkydon leu e respondeu logo ca sua minsaige
que dezia assim «me primo Soba Kambuta, li o que tu escrevestes mas na precebi
nada; a tua escritura pracia rabiscos das lhas galinhas. Prá próxima bens aqui
pedir ás nhas obelhas quelas escrevem melhor que tu, ó atão pede ó tê Snoopy, tá
bem? Pega lá aqui bai» meteu aquilo na boca do Murteiro e
….ziiiiiiiiiiiiiiiipummmmmmmmmm, aquela coisa estranha caiu no pátio do Soba
Kambuta mesmo junto á casóta do Snoopy que dormia a sesta pachorramente; cum
aquele barulho deu um salto, só parou no telhado da casa, começou a latir a
chamar o dono que parecia dezer ó Kambuta és mesmo tolo, pá, bê lá a bosta canda
a fazer olha pra esta porra…bai ber o que está li…o Kambuta agarrou o papel cum
a minssaige ficou munto sastifeito pois os dois iam descubrir aquelas coisas
esquisitas.
O Homy Grandy da Tabanca do Alkydom, sem demorar
nadita mesmo, e pegou no hanimógue
burrinho de mato dos muntos que tinha pro ali espalhados na roça e zarpou picada fora cum a chuba que tinha caído ainda conseguiu passar à bulanha
do Lis cainda tinha pouca auga, assim, foi um estante enquanto chigou à Sanzala
Dwzentosnobenta bateu á pertinhola da Kubata do primo Kambuta que já estaba à
espera agarrado aquela coisa parcida á trebisão a ber se lia aquilo da Tabanca
do Centro.
O Soba Kambuta chamou o primo Homy Grande de Mansoa
pro pé da trubisão pra lerem aquele estetamento todo cus camarigos Homus
Grandes da Tabanca do Centro tinham escrebido, mas leram, releram e na
cumprenderam nada, trucaram perguntas e respostas e na chigaram a perceber nada.
Foi atão cu Soba Kambuta pinsou e pediu ó primo Homy
grande do Alkydom pra mandari umas minsaiges ós nossos Primos Homys Grandes das
Tabancas de Bwarkws «Vasco da Gama» e da Tabanca Nacêdaondy «Miguel Pessoa»
quele ia imbiari tamem uma ó nosso Primo Homy Grandy da Tabanca de Mwntarryaly «Joaquim Mexias Alves» a
pruguntari seles podiam respunder o caquilo cria dezer, o Primo de Alkydom,
disse logo pra na fazermos isso.
O Soba Kambuta, munto admirado pla risposta do Primo
Periquito do Alkydom, perguntou afinal cmé quebamos resolver isto mê primo? Ó primo Kambuta, pensa bem nisto que te bou
dezer, o nosso primo da Tabanca de Bwarkws, anda munto tarefado na
ingricultura, o de Mwntarryaly anda munto tarefado nas escritas doscritórios, e
o da Tabanca Nacêdaondy tem munto trabalho na jaringonça disto que parece a
trebisão a fazeri as coisas da Tabanca do Centro, como bez nhum deles tão pra
nos tender, temos que tentar incuntrar outro pra nus ajudari. Risposta pronta
do Kambuta, «ó primo da Mansoa, já sei quem bai resolber esta escrita ca gente
na precebe, sabes quem bai ser? Diz lá primo Kambuta dos Dembos…olha, bai ser o
nosso Primo o Homy Gandy da Tabanca de Bafatá, o mais quenhecido pru Homy
Grandy da Tabanca da Byeyra «Almiro Gonçalves» tu na sabes mas bou te dezer
axque na tropa trabalhou cumas coisas que falabam praciam uns caxótes punham
aquilo ás costas praciam quiam tocar prós bailes, o primo homy grande de
Alkidom respondeu, ó primo kambuta tou mesmo a ber qués mesmo «Matumbo, burro»
na bez um cumboio à frente dus tes olhos eu obi dezer quesses tropas eram
trasmissôs que obiam falas esquisitas e cumprindiam tudo e rispundiam, katé
pracia bruxedo queméra pessíble, mas pronto fala lá tu cuele.
O Soba Kambuta, tratou logo pru fazeri a minsaige
cuns rascunhitos sem jeito que dezia assim «Bum dia mê Primo da Tabanca da
Byeyra tou aqui ku nosso Primo da Tabanca do Alkydom temos aqui um grande
assuntum pra resolberi e na conseguimos era bum qu biesses cá agora de repente
na precisas de mnandari a minsaige bem já» meteu aquele papeli na boca do
Murteiro e aqui bai disto ziiiiiiiiiiiiiiiiipummmmmmmmm, prujeitos caiu mesmo
no meio du jardim onde taba o gato branco a drumir axeque o pobre bexano deu um
salto ficou pendurado na cruta dum penheiro a regar pragas ó kabuta pru le
estragar a sesta, o Homy Grande de Bafatá oubiu o estrondu foi ber e deu ca
minsaige agarrou logo na Berlié que tinha mais á mão e foi num estante enquanto
chigou à Sanzala Dwzentosnobenta e à kubata do Soba Kambuta, onde os dois
primos estabam todos trapalhados à espera, na esperaram mais tempo, lebaram o
Primo da Tabanca da Byeyra à tal dita coisa esquesita trebisão pra ele ler e
ber se cumpindia alguma coisa daquilo, o esperto nosso Primo Homy Grandy de
Bafatá e da Tabanca da Byeyra, até pracia bruxo, só passou cos olhos plas
letras biu logo o que era, respundeu logo, ó Pimos teijam descansados isto na é
nada prá gente pagari na é nenhum emposto, eu tamem fiquei atrapalhado cando li
a minsaige e cmessei a ler isto juntei aqui e ali umas palabritas cmu eu fazia
na nha tropa nas trasmissôs, pudemos estar descansados, agora bou boltari prá
nha Tabanca prá Byeyra, e eu tamém respundeu o primo da Tabanca do Alkydom,
agarraram a berlié e o burrinho de mato pra abalarem irem imbora mas o Soba
Kambuta dos Dembos pra ficar mais discansado na su Kubata na su Sanzala
Duzentosnobenta, pediu ó Primo da Tabanca da Byeyra pra irem os dois atrás do
primo da Tabanca do Alkydom até à ponte do rio lis porque taba a chuber munto e
a Bulanha pudia tar cum munta auga e ele podia precisar dajuda nossa, o primo
do Alkydom lá abalou a toda apressa pracia quia cum fogo no rabu, nunca mais o
bimos, mas o Kambuta e o periquito de Bafatá foram atrás dele, cando chigaram á
ponte do cóteiro biram a bolanha cheia dauga e lama e o periquito de manssoa no
meio da picada sem poder ir nem prá frente nem pra trás, os dois primos
meteram-se auga e lama a dentro até chigarem o pé do primo atrapalhado o
burrinho de mato na ligaba o metori agente cumbinamos a milhori maneira do
tirar dali, mandar uma minsaige o nosso Primo Homy Grandy da Tabanca de Mato
Cão e de Muntarryaly Joaquim Mexias Alves» assim fizeram os três primos kambuta
periquito de Alkydom e periquito da Byeyra um escrevia os otros dabam as ideias
a minsaige dezia assim «Ó Primo da Tabanca de Mwntarryaly, agente os três tês
primos kambuta piriquito do Alkydom e piriquito da Byeyra tamos a pecisar da tu
ajuda temos intalados na bolanha do lis junto à ponte do cóteiro pedimos que
mandes uma minsaige pró nosso Primo Home Grande da Tabanca de Nacêdaondy pra
ele bir fazer um riconhicimento cum abiom dos dele para mandare cá bir alguém
tirarnos tá bem?
Fazes isso ós tês primos, bai ca gente paga-te uma ceia na
taberna da ti Peciosa amanhea» minsaige acabada e aqui bai disto na boca do
murteiro, zzzzzzzzzzzzzpum, caiu na frente do Café Cintral, taba o nosso
primo a ler um jornal munto antigo já dalgumas semanas atrasadas e a buer uma
garrafa dauga de carbalheiros pra fazer a gestão dum resto de bolo rei que
tinha taxado a merenda e fez-le munto mal, coitado do nosso primo na cabou de
buer a auga escreveu a minsaige pró nosso primo da Tabanca da Nacêdaonde a
pedir o fabor, o pedido foi logo aceite, só tinha passado uns dez minutos e
passou um abiom munto baixinho próxima de nós três que deixou cair uma coisa
que pracia um missele que fez pummmm e apraceu um papel Cuma mynsayge que dezia
assim «ó mês primos teijam descansados eu bou largar outra minsaige ó nosso
primo da Tabanca de Mwntarryaly a infurmá-lo que bocês bão sair da bolanha
brebe, pra na se xatiari, e outra ó nosso Primo o Almirante da Tabanka de
Bwarkws, « Vasco da Gama» o nosso Primo que guiaba o abiom lá seguiu direito a
Bwarkus e záz deitou outra coisa que fez pummmmm ó chigar ó chão mesmo infrente
do nosso Primo Almirante Home Grande da Tabanca de Bwarkus que taba a plantari
cebolas, coitado do nosso Primo ia desfalecendo cum tal susto mas cando biu um
papel Cuma minsaige leu e praguejou ó porra tanho quir já tão a precisar da
nhajuda.
A minsaige dezia assim « mê Primo tu que precebes dessas coisas das
manias do mari, agarra a tu carabela cum que tu discubriste o caminho plu mar
direito à India e bai depressa plu mar dentro direito à Praia da Byeyra e entra
no rio lis e ó chigares à ponte de Mwnta rryal segues à esquerda plu rio de
Amor e paras na ponte do cóteiro os nossos
três primos o kambuta o grande de Manssoa e o grande de Bafatá tão aí
intalados na Bolanha» o nosso Primo Almirante de Bwarkus na tebe cum meias medidas
e arrancou ferro e zaz mar fora numa hora taba ó pé dos três primos na Bolanha
do lis cargaram o burrinho de mato cum munto custo mas cunseguiram imbarcaram todos na carabela do nosso Primo
Almirante cumbinaram para tracarem junto à ponte do rio lis pra fazerem a
supresa ó nosso Primo da Tabanca de Mwntarryali foi o que fizeram, saíram os
quatro da carabela aprubeitaram para fazerem uma camenhada até o Café central
onde foram incuntrar os otros dois Primos o da Tabanca de Mwntarryaly e o do
Abiom que tinha aterrado no campo da biação e tinha aprubeitado pra ir
cumberçar e buer uma auga das pedras com o outro primo, foi uma festa cum todos
os cinco «PRIMOS o Kambuta dos Dembos Soba da Sanzala Duzentosnobenta, Manuel
Lopes Lopes, Homem Grande de Mansoa da Tabanca Alkudom Agostinho Gaspar, Homem
Grande de Bafatá da Tabanca da Byeyra Almiro Gonçalves, Homem Grande de Mato
Cão da Tabanca de Mwntarrialy Joaquim Mexias Alves, Homem Grande da Tabanca
Nacêdaondy Miguel Pessoa, e Homem Grande da Tabanca de Bwarkws Vasco da Gama.
Finalmente uma História com um final feliz com muito humor penso eu O sempre
amigo Manuel Lopes.
6 comentários:
Lá vai um grande ziiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiipuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuum da Tabanca de BuarKos para as Tabancas dos outros primos todos. Um especial zzzzzzzzzpiiiiiiiim para o primo Manuel Lopes Lopes, o Kambuta dos Dembos.
O Homi Grandi di Tabanca di Buarkos.
O Home Grande da Tabanca Nacêdaondy Miguel Pessoa ficou c'os nwrónios esquentados e teve qu'ir buer uma auga das pedras... MP
Boa tarde Camarigos
Apesar do aviso inicial confesso que a primeira leitura me deixou um bocada “abanado”. Passei pela Farmácia da minha rua, medi a minha tensão arterial e vim almoçar. Cumprido esse sacrifício – um arroz de polvo caseiro – voltei a ler o texto e gostei.É uma questão de jeito…Parabéns portanto ao autor. Abraço de Alcobaça para o Manuel Lopes.JERO
PS- As melhores do Miguel Pessoa. Numa primeira leitura do seu comentário cheguei a assustar-me porque pensei que tinha para as Termas das Pedras Salgadas…
Uma boa noite para todos os camarigos.
É pá, peço muita desculpa aos camarigos mais sensíveis que se sentiram mal ao lerem os meus rascunhos, e, que foram obrigados a puxarem pelos neurónios para perceberem o que significava tudo aquilo, para mim, foi fácil escrever pois, é o calão da minha aldeia mas, compreendo para os que nunca ouviram falar este calão, torna-se muito difícil mas, descansem, para a próxima vai ser mais fácil ler e compreender, um abraço para todos os CAMARIGOS.
Conhecendo eu o Manel como conheço, e sendo eu destas paragens, foi mais fácil decifrar a escrita do nosso Kambuta dos Dembos!
Depois escreve ele sobre locais que percorri nos meus verdes anos, lá para os campos de "Munta Riáli", para utilizar a dicção que por aqui se usa e que deve ser um pouco cantada, para ser legitima.
Grande Manel!
Para ti um abraço.
Amigos. Fartei-me de rir. com a nova ortografia da vossa história que finalmente acabou em bem. Às tantas parecia-me que tinha os feixes nervosos, do cérebro, trocados e fazia um esforço para os entender. Juro que não estava com nenhuma ressaca da passagem de ano, ou em coma hiperglicémico dos doces do Natal. Digo-vos que foram bons momentos de boa disposição, ao ler este texto. Um abraço para os "Homes Gradis". Mª Arminda
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