terça-feira, 6 de dezembro de 2011

P158: AVENTURAS DE UMA NOTA DE 10 EUROS - 2

Lembram-se da história que vos contei há umas semanas, acerca da minha experiência inicial no mundo dos humanos? Talvez vos tenha deixado em “suspense” relativamente ao que me esperava no fim do “almoço do cozido”. Não estão a ver de que é que estou a falar? Então é melhor darem uma vista de olhos ao meu reporte anterior, publicado aí mais abaixo no blogue (*)…
Bom, dizia eu então que nos dirigimos rumo à Pensão Montanha, não sem antes pararem todos à porta do café para tirarem uma “foto de grupo” sob a orientação de um tipo bonacheirão, cheiinho, a quem chamavam Miguel. Infelizmente, aconchegada na carteira do Joaquim, passei completamente despercebida na fotografia, ninguém ficou a saber que eu também lá estava – e a foto do tal Miguel não registou a minha passagem por aquele convívio.
Finalmente sentado o pessoal à mesa, com algum alvoroço dado o número de presentes, retomaram-se as conversas iniciadas no Café. Percebi que eu tinha ficado num local central da mesa e compreendi que ali quem orientava tudo era o Joaquim, o “Régulo da Tabanca” - como alguém lhe chamou.
Dos cheirinhos à mesa já eu tinha falado na história anterior. Bom, eles lá estavam outra vez, a rodear-nos e a abrir o apetite ao pessoal, segundo alguém disse. O facto é que os cheiros se aproximaram mais do local em que eu estava. O cozido começou a ser servido e rapidamente se abateu sobre a mesa um silêncio inesperado, enquanto o pessoal atacava o petisco…
Passado o impacto inicial, retomaram-se as conversas interrompidas. Fiquei a saber que o grupo não é só da zona de Monte Real; vem gente de longe – do Porto, Lisboa, Cascais, Fátima, Alcobaça, Cadaval, Aveiro, Figueira da Foz, etc. E pelo que me foi dado perceber, o distanciamento geográfico não tem impedido o estreitamento dos laços de amizade que têm resultado destes convívios.
Bom, parece que naquele último caso não é bem a Figueira da Foz mas sim Buarcos, mesmo ali ao lado… Na verdade não sei qual é a diferença mas que se prestou a um grande granel, lá isso foi… O tal de Buarcos, a quem umas vezes chamavam Vasco e outras Almirante Vermelho (não sei qual a distinção, nem sabia que havia pessoal da Marinha nestes convívios), mandou-se ao ar quando alguém lhe chamou figueirense – penso que seja um insulto grave, pela maneira como reagiu. Claro que acabou por passar-lhe, não sem entretanto alguns apertarem com ele por causa da camisola que usava – uma peça de cor indefinida que, segundo alguns, não faz jus ao tal título de “Almirante Vermelho” que gosta de usar. Parece ser um tipo de mil disfarces, pois alguém também lhe chamou “D’A” e outro referiu que ele era dirigente da FRELIBU, seja lá o que isso for… Essas ainda me deixaram mais baralhada, mas deduzo que sejam pseudónimos literários…
O tal Miguel parece que é tipo importante, editor de uma revista qualquer de fofocas. Talvez por isso disparava a máquina fotográfica em todas as direcções; pela velocidade com que disparava duvido que tenha saído alguma coisa de jeito…
Surge agora na conversa outro sujeito ligado a um jornal de Alcobaça, o Jero - parece que se chama assim, embora na minha curta experiência nunca tivesse ouvido esse nome noutra pessoa. Bom, estou a ver que estou rodeada de gente fina!
O pessoal começa a afastar-se da mesa para se ir abastecer das sobremesas, colocadas noutra mesa. Novamente reunidos, chegam os cafés, os digestivos… e mais conversa! Parece que todos estão satisfeitos com o modo como decorreu o almoço e alguns até mostram pena por terem que se retirar; por isso começam a fazer-se as contas para cada um pagar a sua parte.
Cada um pega na sua carteira e… o Joaquim tira-me do cantinho em que estava guardada e põe-me em cima da mesa! Portanto uma das hipóteses está posta de parte – não vou ficar com o Joaquim. 
Penso que estou a caminho da gaveta da D. Preciosa. Pelas conversas à volta da mesa parece-me que precisam de troco para o pagamento e alguém pega então em mim (Lá se vai outra hipótese – também não vou ficar com a D. Preciosa!). Vejo-me levada pelos ares e entregue ao tal Almirante!
Pelos vistos vou debandar de vez de Monte Real. Tenho curiosidade sobre o que vai ser a minha vida com este novo dono, mas as conversas que lhe ouvi no decorrer do almoço deixaram-me na expectativa do que vou encontrar no tal Buarcos que ele tanto gabou. Mas receio que esteja próxima a minha despedida definitiva a este grupo que tanto apreciei e com quem tanto aprendi.

(*) A 1ª parte foi publicada no passado dia 20 de Novembro, sob o título “Aventuras de uma nota de 10 euros - 1”.   
     Ver:  http://tabancadocentro.blogspot.com/2011/11/aventuras-de-uma-nota-de-10-euros-1.html
MP

6 comentários:

Anónimo disse...

Compra via Internett de um casal de renas empalhadas e decadentes, por o trabalho encomendado por um "tal" Senhoria D'A ter sido dos mais baratos e rascas.Será que,FINALMENTE(!)vou ter a dívida paga com a nota?Näo creio,pois SEI(!!!)para onde ela de imediato foi.O "tal" Senhoria D'A que me contacte muito,mas muito,discretamente...ou e escändalo ultrapassará TUDO,mas mesmo TUDO... do acontecido durante o reinado do Sr.Eng.Sócrates! Um abraco comedido.

Sr.de Morais Alves disse...

Qualquer dia, é tempo da Tabanca do Centro apoiar a veia de escritor da "nota de 10 euros", e editar um livro com as aventuras e desventuras da dita cuja.

Claro que eu farei a recenssão do dito livro, com a ajuda do Almirante Vermelho se a tal ele se dispuser, enterrando assim por uns tempos, o machado de guerra!

Quanto ao "Rei do frio", do comentário acima, fará a correcção ortográfica de acordo com o novo acordo celebrado entre Portugal e a Suécia, ou com o célebre "cozinheiro sueco" dos marretas, já não me lembro bem!

Sempre vosso

Morais Alves

Anónimo disse...

Peço imensa desculpa pois até eu acusado tantas vezes e de forma tão injusta de ser "um crítico verrinoso", me calo com o espírito natalício, tenho de vir a terreiro e mais uma vez, isto é que é um fadário, chamar a atenção do Morais para os seus constantes dislates.

Aquele homem abre o "teclado" e sai dislate!

Brinca com o autor da "nota de dez euros", dizendo que lhe vai publicar um livro quando, todos sabemos que o iustre, o célebre, o insigne, o extraordinário, o famoso escritor só ainda escreveu página e meia....Um livro de página e meia, ó Morais, também é de menos!

Mete depois ao barulho o tal de Almirante Vermelho que eu não conheço pessoalmente, mas que deve ser do clube dele o " Clube dos Engraçadinhos", que a mim nunca fizeram ou farão afivelar um sorriso.

Dizer no entanto que o Morais tem razão ao atacar o primeiro comentador que como é seu hábito inventa histórias e tudo mistura,ameaçando-me até com o amigalhaço filósofo.

Essa do Rei do frio tem piada!
Conhecia o Rei dos frangos, era até amigo do maior produtor desses galináceos, D.Roberto Hernandez, mas até imagino o "outro" a vender blocos de gelo lá para as bandas dele.

Ainda uma piadita incompleta ao primeiro comentador do sr. Morais que se refere ao "cozinheiro" sueco, quando lhe devia responder, sem medos, ao tal que termina com abraços "comedidos" de uma forma mais áspera e desabrida : "quer "comedidos", comece pelo seu!!!, não querem lá ver.
Como sou um intectual ponderado vou deixar passar a dos "marretas", mas da próxima eu lhes digo quem com ela vai levar.

Sua SENHORIA D'A

Hélder Valério disse...

Sim senhor!

Isto cada vez está mais fino....
De forma enviesada lá se vão mimoseando com carinhosas diatribes.
Deve ser do género "quanto mais me bates mais gosto de ti", mas o que é que se há-de fazer, são assim mesmo!

Essa "nota de 10 Euros" é uma afortunada, bem vistas as coisas. Só por via do troco foi parar ao bolso (?) do senhor D'A pois caso contrário iria para onde? E, nesse caso, como poderíamos segui-lhe a história? Ainda bem que ficou "em boas mãos", como diria 'o outro'...

Abraços (se forem 'co medidos', a escolha é vossa).
Já agora, e parece que um tanto a propósito, tinha (e tenho) um amigo de nome Colaço que sempre que eu o chamava pelo nome e soando mais ou menos como "Cu lasso" , dizia sempre "colaço, de nome, de nome.."

Hélder S.

Anónimo disse...

" Esta saga da nota de dez euros, agora que está publicada a segunda parte, possibilita, para além do reconhecimento da qualidade da escrita do nosso Camarigo Miguel Pessoa, a abertura a outros episódios que eu espero sejam publicados com a maior brevidade possível!
Mas, Camaradas e Amigos, não há bela sem senão e logo, oportunista e matreiro salta um comentador do frio com piadinhas a essa vetusta e nobre figura que é sua Senhoria D'A, com histórias mirabolantes, crendo ainda que o nosso Portugal é governado por Sócrates. Não se esconda esse tal de Joseph por detrás desses baga bagas de gelo feitos, pois os senhores que escrevem nesta revista possuem altos conhecimentos e há muito que elaboraram resposta adequada para para essa "escorregadia" figura!
Não sabíamos onde se acoitava Joseph, mas a guarda-avançada da Frelibu deu com ele a refugiar-se na sua toca de gelo e por pouco não foi capturado!
Já lhe acenámos com "Cozido" e nada, não mordia a isca! Agora espere-lhe pela pancada, pois assinalámos o seu esconderijo com bandeirolas azuis e amarelas e trataremos muito em breve da sua captura e do seu julgamento!
Convido até toda a gente a assistir ao próximo passo:

Venham gregos etroianos
Portistas e Benfiquistas
Venham até os incendiários
Viscondes Sportinguistas!

Mostraremos a fotografia a verde e branco do "exigrado Joseph"

Senhoria D'A

Anónimo disse...

Boa tarde a Vocências, que ainda devem ruminar o magnífico cozido. E também para o desditoso nórdico, que bem precisa de umas gorduras para se afoitar ao frio daquela região.
Aproveito esta reunião para vos agradecer a excelente fantasia sobre a andança da nota de 10, comedida no valor, mas de evidente perspicácia e sentimentos.
Alguém coca-bichinhos, armado de máquina fotográfica para atestar o voyeurismo, esteve a inclinar-nos para um romance daquela espécime com o régulo da Tabanca. E nós a alinharmos... que fariam um belo par, apesar das nítidas diferenças de estatura, diferenças que o amor supera com facilidade. Aconteceram acasos vários, nasceu uma espécie de ternura, correspondida pelo zelo protector de quem favorece a consorte. E eu, que sou admirador de relações harmoniosas, já me entusiasmava com o provável nó, se não quando, numa manobra de mestre, de habilidade na finta do rumo estabelecido, dou com a inesperada viragem a norte, para um azimute onde paira um tal D'A, que eu duvido possa desdobrar-se por dois amores.
A este género de nuance virtuosa no encaminhar das emoções, reconheço a elevada craveira narrativa do tal enchido (não sei se será a melhor maneira de identificar um editor, que alia a arte fotográfica á subtileza da boa escrita criativa), pelo que, agora, peço às ninfas inspiradoras que não me tolham a possibilidade de continuar a acompanhar a vida aventureira da nota, que alia a ingenuidade intrinseca, com os préstimos de boa ventura para quem a detiver.
Não escondo a ansiedade da espera, e mando abraços até próxima oportunidade.
JD