FESTIVAIS OUTONAIS
DA FRELIBU
Varrendo o nosso ilustre torrão lusitano de norte a sul e
também chegando às ilhas, os festivais de verão passaram a ser obrigatórios e
são hoje, em todo o Portugal, uma verdadeira instituição, segundo uns… e uma verdadeira
praga, de acordo com outros!
É o festival da ameixa, o festival do marisco, o festival da canção, o festival da pera rocha, o festival da maçã reineta, o festival de rock no rio e no mar, e até, pasme-se o festival de arremesso da árvore do natal!
Como na Tabanca do Centro o Natal ainda se comemora em clima outonal só peço que nenhum maduro se lembre de pôr em prática tal ideia e desatar a atirar pinheiros desde o café Central para ver se acertam na pensão Montanha!
Eu, que tenho pancada, não me importava nada de participar em tal evento e é só pedir ao Kambuta dos Dembos que ele fornecesse logo três ou quatro dúzias de árvores do pinhal de Leiria que ele conhece melhor do que ninguém!
Treinava aqui nos extensos areais da Figueira e chegava a Novembro com tal músculo e pontaria que o país desportivo enchia as afamadas Termas de Monte Real, pensões e hotéis de Leiria e arredores só para me ver em acção.
Podia ser até que o Joseph Belo viesse desde o círculo
polar ártico assistir ao concurso, dar-nos o prazer da sua companhia e
trazer-me uma parelha de renas para eu me poder deslocar a Coimbra semana sim,
semana não, para controlar os triglicéridos mais o colesterol mais os rins mais
os lípidos mais o diacho que carregue as doenças!
“Mas o que é que isto tem a ver com a Frelibu?”, pergunta
o inefável, o expoente máximo na arte de “revistar”, o inexcedível Miguel
Pessoa, sempre a pedir material ao pessoal para manter em actividade o Blogue
da Tabanca do Centro que em tão boa hora criou e mantém, dirigindo a palavra ao
Amado Chefe que o acolitava na leitura!
“O gajo está a delirar! Perdoa-lhe, Miguel, que perdoar é
essencial ao nosso bem-estar e os triglicéridos subiram-lhe à cabeça”, falou
pausadamente o nosso Amado Chefe que, logo de seguida, e após valente murro na
mesa exclama: “Vou já telefonar ao gajo que, ou se cala ou se lixa, e nunca
mais põe os pés na nossa Tabanca, onde aliás já não aparece há não sei quantos
almoços”….
Retomemos então o fio à meada:
A vetusta, notável, insigne, ilustre, célebre,
extraordinária, invencível FRELIBU decidira por unanimidade organizar também o
seu festival, mas um festival a sério, um festival consentâneo com a valentia
dos seus soldados: O FESTIVAL DA BARBA
E DO BIGODE!
Estava tudo prontinho mas faltava escolher um apresentador à maneira!
“Talvez o senhor Manuel Luís Goucha, que em rapaz passava
férias na Figueira…”, alvitrou uma voz em timbre de falsete vinda do fundo da
sala.
“Kais Goucha, Kais
Caraças! O apresentador do nosso festival tem de ser um homem de cultura, um
homem sábio, um perito, um douto, um erudito, um verdadeiro feiticeiro da
palavra e em Portugal só há dois, eu, Presidente da Frelibu e o JERO de
Alcobaça!...
E, sem mais delongas, logo se lavrou o auto:
Sabendo quão és importante
Do meu humilde postigo
Saúda-te o Almirante
Um favor te venho pedir
Com toda a minha amizade
Forjada em Alcácer Quibir
Onde levámos porrada
Tenho problema bicudo
Que quero já resolver
Amigo, que sabes tudo
Ajuda-me com o teu saber
Vem depressa e a correr
Apresentar o festival
Acaba lá de comer
Antes qu’ isto corra mal!
Meus Amigos, não vos digo nem vos conto, ainda escrevia a
última linha do meu verso e já o Camarigo JERO estava em Buarcos de garfo na
mão direita e guardanapo pendurado ao pescoço tendo até tido o cuidado de
deixar crescer a barba no trajecto de Alcobaça para Buarcos.
Trocou o garfo pelo microfone e logo subindo ao palco
debaixo de estrondosa ovação assim perorou:
“Buarcos Lindo, terra
heróica de imortais navegadores, eis os resultados do concurso:
Em quarto lugar, FRELI ARANHA
Em terceiro lugar FRELIMÚSICO
Em segundo lugar FRELIPAULINHO
E logo ali se armou tamanha confusão. Uma ala da FRELIBU
gritava: “Mas que raio se está aqui a
passar? Isto é um concurso individual e é um trio que ganha?”
Logo do outro lado da sala, ainda de forma ainda mais
audível, se escuta: “Calem-se! Ou não
são capazes de ver que nós temos muito mais pêlos juntos do que vocês?!”
O nosso JERO, que já sabe que estas histórias terminam
sempre em grande pancadaria, preparava-se para subir para o seu héli quando,
uma vez mais, a tal voz de falsete sobe para o palco e diz: “Queriam….queriam….. e o/a representante da
Figueira ? Ei-lo/a!”
Caiu um silêncio sepulcral sobre a assembleia que durou
três ou quatro segundos pois logo de imediato as duas facções da FRELIBU se
uniram e desataram a atirar tomates ao senhor/a figueirista que, saltitando e
aos gritinhos, desapareceu de cena….
E eu também me vou embora antes que algum gajo da Tabanca
do Centro me atire com um molho de
hortaliça…
Vasco da Gama
“Pois
é, Vasco… Aí deves ter acordado deste sonho marado!...”, dizem os editores…
6 comentários:
Os textos do Senhor D'A Gama obrigam a repetidas leituras numa contínua busca de secretos esoterismos plenos de significados profundos,ocultos, sobrenaturais.
Nas entre-linhas estäo.... entre-linhas de entre-linhas.
Genial!
Quase Obra de fragueiro(!)deputado da Assembleia da República.
Ficamos com pergunta angustiante :Será também que existem representantes da FRELIBU entre as novas "constelacöes"?
Um mui respeitoso amplexo a Sua Senhoria D'A Gama.
Ainda atónito no meu pós-leitura de mais um genial texto do QUASE FIGUEIRENSE Amigo e Camarada Vasco da Gama esqueci-me de assinar o comentário anterior como está "nas ordes" deste blogue.
Educado num tempo em que as "ordes" eram "ordes para se cumprir" ou... desde já passo a assinar.
José Belo.
(Quase Figueirense?...quase Figueirense...até faz doer!)
Boa noite Camarigos
Que alegria ver o nosso Almirante Vasco e Presidente da FRELIBU cheio de imaginação e bom humor !
Confesso que me fartei de rir e senti-me muito honrado com o "papel" que "desempenhei" neste Festival.
Haja saúde e que venham mais crónicas de Buarcos, terra linda e cheia de gente boa.
Grande abraço de Alcobaça.
JERO
O Vasco no seu melhor!
Já cá fazia falta!!!
Abraços fortes e amigos
Joaquim
Genial história que o amigo Vasco, inventou.
Para quando os festivais da sardinha ou do salmonete? Também é terra para os levar a efeito.
Fez-me sorrir e pensar no talento que têm estes amigos, quando se unem nestes "trocadilhos e picardias".
Boa disposição, precisamos todos e eu por mim falo!..
Agradeço este momento, de bom humor.
Um abraço.
Mª Arminda
Pois, caros amigos, sá agora tirei uma folguinha para ler este delirante texto.
Delirante, na medida em que me parece pouco credível que algum "figueirense", ou "quase-figueirense" se atrevesse a ir conspurcar "Buarcos lindo". Daí que isto se fosse a sério, seria mesmo um grande pesadelo para o Da Gama e um revés para a Frelibu...
Isto para o 'sumo do artigo'. Para as personagens que entram, para além do Amado Chefe e do Editor-Chefe, foi requisitado o Jero....Ora bem, cheira-me a cumplicidade clubística mas enfim!
Quanto ao "esganiçado do fundo da sala", fico com a dúvida se seria um buarquense genuíno mas hoje em dia, vê-se de tudo.
Agora à séria, saúda-se a imaginação e a boa disposição do Vasco e a sua vontade em suplantar as chatices das doenças.
Abraços
Hélder Sousa
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