sábado, 14 de fevereiro de 2015

P610: EM FLAGRANTE DELITO...

FRUTA DA ÉPOCA

No meu tempo na Guiné os tomates cultivados pelo capelão da BA12 eram muito cobiçados, muito por nossa culpa, pois sempre que podíamos fazíamos uma colheita na horta que o capelão mantinha junto à igreja da Base.
Era generalizada a opinião, entre quem deles se servia, de que os referidos tomates, embora pequenos, eram sumarentos e saborosos e enriqueciam qualquer salada. E sabe-se o gosto que o pessoal tinha por tudo o que lhe lembrasse a metrópole. E era vê-los a "deitar abaixo" uma saladinha feita com tomates fresquinhos, acabadinhos de apanhar...
É claro que o capelão calculava perfeitamente quem eram os malandros (neste caso as malandras...) que lhe andavam a roubar a fruta, mas pactuava simpaticamente com a situação, dado ser por uma boa causa.
Mas não se ficava pelos tomates a razia que íamos fazendo nos produtos da base. Para além da fruta que íamos comprando ao responsável pela horta da Base, lá iam marchando de vez em quando uns limões, umas papaias, que o pessoal a alimentar era muito e de bom apetite.
Nem o cajueiro do Comandante escapava (do Comandante é um modo de dizer, que estava junto ao comando da Base), sendo que, um dia, havendo uma escada à mão, duas de nós (de que não vou referir os nomes...) resolveram atacar o dito cujo. Estavam elas neste preparo, penduradas nos ramos altos, quando passa o Comandante da Base, com o seu séquito. 
O facto é que o Comandante não reconheceu "as intrusas", pois se viam apenas as calças do camuflado, pelo que invectivou energicamente as duas "delinquentes", julgando que eram soldados da Polícia Aérea; e as duas no topo da árvore também não reconheceram a voz do Comandante, pelo que reagiram verbalmente em termos que não vou reproduzir aqui...
Tendo as partes procedido à identificação mútua, o incidente acabou por ficar sanado, pese embora o Comandante tenha prosseguido a sua viagem resmungando contra a lata daquele pessoal, sublinhado por um sorriso complacente dos militares que o acompanhavam.

Giselda Pessoa


2 comentários:

Hélder Valério disse...

Bem......
Salta logo à ideia aquela velha frase que nos diz que "a fruta cobiçada é a mais saborosa".
Se não é assim, acho que assenta bem!

Agora, fico a imaginar quais os impropérios "hardcore" que devem ter sido proferidos... Calculo que não devem ter incluído nenhum 'convite para jantar'...

Pois é, nesse, como noutros tempos e ocasiões, o que é preciso é 'desenrascar'.

Hélder Sousa

Anónimo disse...

Pois é amiga Giselda. Vós, deitavam a mão à fruta, mas um dia resolvemos fazer um jardim na frente do P Socorros e a nossa amiga Rosa Exposto, resolveu que era mais fácil no seu caso desviar um dos vasos mais bonitos que o bem disposto, capelão Almeida(já falecido), tinha na frente da Capela.
Estas partidinhas serviam para paródia e aliviar o stresse. A vossa partida, soube melhor ao paladar. Suas marotas!.. Bjs Mª Arminda