Pelos
vistos uma das histórias de farmácias do nosso camarigo JERO, recentemente
publicada, despoletou velhas recordações no Juvenal Amado, como ele nos relata
neste texto de introdução à sua história:
“Esta é uma pequena história contada pelo próprio há alguns anos quando o
Félix regressou da sua comissão na Guiné e era eu praticante de pintor na mesma
secção da empresa.
Os tempos
mudaram e hoje falamos abertamente de coisas que na altura eram praticamente
proibidas de mencionar em público.
O JERO
conhece bem de quem estou a falar. Não cometo nenhuma inconfidência pois já lá
vão mais de 45 anos, talvez, e não me foi pedido segredo desta bem humorada
ocorrência.
Juvenal Amado”
HISTÓRIAS DE PHARMÁCIAS
O
Félix era aprendiz de pintor na Crisal de Alcobaça e era natural o encarregado
mandá-lo fazer pequenos recados, coisa que não desagradava ao jovem, uma vez
que andar na rua era bem melhor do que estar na secção a repetir vezes sem fim
os mesmos serviços.
Ora
ia levar alguma coisa à esposa ou ia buscar o lanche para o chefe, enfim, era o
aprendiz mais novo e, por isso, mais à mão de semear para esses pequenos
serviços.
Na
nossa idade lembramos-nos de como era difícil chegar à farmácia e pedir tal
“equipamento”. Não era raro vermos homens de parte, assim como quem não quer a
coisa, à espera do momento oportuno para pedir ao empregado ou mesmo dono do
estabelecimento a famosa e milagrosa caixinha, que evitava inconvenientes ou
males maiores nos relacionamentos amorosos.
Ora
o nosso herói chegou à farmácia onde era empregada uma senhora e era natural e
de bom tom evitar-se pedir os “ditos” a ela; assim que ela via um homem assim
de lado, arranjava alguma coisa para fazer lá dentro no armazém, para que a respectiva
transacção fosse feita longe dos seus olhares.
Mas
do garoto nada disso havia a temer e à pergunta “o que queres, menino?”, logo
recebeu o pedido assim a frio - “ quero uma caixa de preservativos da marca
tal”. A empregada fez-se encarnada até às orelhas e logo retorquiu que não
tinha lá nada disso. O Félix alargou um belo sorriso, pois sabia ele bem onde
aquilo estava, disse prazenteiro apontando para a prateleira muito satisfeito
por estar a prestar um serviço, “há, há, estão ali”.
Pagou
pois já levava o dinheiro à conta e, todo satisfeito, nem se apercebeu dos
engulhos que tinha criado.
Hoje
os tempos são outros e compram-se em qualquer farmácia ou supermercado sem
constrangimentos de maior mas o Félix, sem saber, fez a sua parte na
transformação do tabu de então e na alteração dos comportamentos.
Um abraço do
Juvenal Amado
4 comentários:
Excelente "estória", Juvenal Amigo. Estou muitas vezes com o Felix, que também já me contou algumas das "boas", D'outra origem soube há tempos que em S.Martinho do Porto um freguês tocou à campainha da Farmácia (única da terra) às 2 da manhã.A farmacêutica veio à janela - morava no 1º.andar por cima da farmácia - e perguntou o que é que o senhor queria. Queria um preservativo...A farmacêutica fez uma pausa e deu-lhe um conselho:- Vá até à baía e tome um banho que "isso" passa-lhe !!! Abraço de Alcobaça, JERO.
Agora não consigo, colocar o comentário. Vamos ver se é desta. Gostei da "historinha". Outros tempos!.. Agora a juventude pede-os e tem-nos também gratuitamente, em determinadas situações de doença. Passámos do 8, para o 80. Não sei se estamos melhor nesse especto. Um abraço amigos. Mª Arminda
Está fantástica,Juvenal.Nao há nada melhor,que começar o ano á gargalhada.....Um abraço e um 2015 o melhor possível.......
Pois sim senhor, uma "história de outros tempos", conforme sabemos e que aqui tem sido referido e ainda bem sublinhado pelo comentário da nossa ilustra M.ª Arminda.
Realmente, nos tempos de hoje, é muito difícil um jovem, que tem tudo facilitado, nesses aspectos e em outros, entender, ou sequer imaginar, como as coisas se passavam ainda no início da década de 70 do séc. XX, ou seja, há escasso 40 anos...
Mas, para não 'contaminar' a história com estas lamentações, sempre digo que este tipo de constrangimento originava muitas vezes coisas muito caricatas, como as piscadelas de olho ao farmacêutico para chamar a atenção e evita assim ser atendido pela farmacêutica, a recorrência à designação "camisa de vénus" para referir o 'equipamento' e quem foi que não ouviu a graçola de ao pedido de uma dessas terem perguntado "com mangas ou sem mangas"?
Abraço
Hélder Sousa
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