MANIFESTO ANTI-KARAS
Ufa! Até que enfim! Apre! Irra! ..e outras tantas interjeições e exclamações!
Finalmente,
estou de acordo com o editor/autor da Revisteca e não por uma afirmação que faz
no seu comentário, mas por duas!
Exactamente,
estou de acordo duas vezes, quem diria, com o senhor M.P. e cito do seu
referido comentário:
…………”gosta
de umas palmadas nas costas” ( eu até acrescento que merece…)
………...”que os camaradas possam ter pelo mau trabalho”!
………...”que os camaradas possam ter pelo mau trabalho”!
Ao
contrário dos engraxadores habituais que o bajulam e adulam servilmente numa
lisonja interesseira, na esperança de um convite para um almocito no
restaurante da Força Aérea na capital, pois o pessoal anda farto, enfastiado,
abarrotado, saciado do cozido à portuguesa que o chefe impõe, ao contrário desses
marmanjos mariolas, escrevia eu, o M.P. fustiga-se a si próprio, reconhecendo,
finalmente, a qualidade fracota dos seus escritos!
É que o editor escreve num português entendível por toda a gente, o que é péssimo e, pior de tudo, não cultiva a vaidade, a afectação, a presunção!
É que o editor escreve num português entendível por toda a gente, o que é péssimo e, pior de tudo, não cultiva a vaidade, a afectação, a presunção!
Nós
exigimos nestes textos palavras dificultosas, prolixas, extensas e de difícil
articulação, mesmo que não tenham nexo, sentido ou piada!
Quanto
a este número da Karas é, de muito longe, o pior de todos.
Se os outros números se limitavam a descrever a comezaina dos tais tabanqueiros centrais, este número ultrapassa tudo ao não se quedar pela patuscada e a atrever-se a descrever a ida dos cavalheiros a uma fábrica de aviões!
Nem
vou perder tempo com os F-16 e vou directo a um logro que ocorreu nessa visita,
pois, segundo informador que se mantém no anonimato, estava prevista uma visita
à Secção Cinófila, e faziam-se até apostas acerca do filme que iriam ver; uns
diziam que seria um filme de aventuras, outros que não senhor, era um filme do
Rambo dedicado aos combatentes da Guiné e outros ainda que seria um filme de
terror pois tinham ouvido dizer que o filme eleito tinha sido um jogo qualquer
do Sporting!
Enfim, boatos, como no tempo em que os “velhotes” estavam no activo!
Em vez de qualquer uma das hipóteses apresentadas, aparecem quatro ou cinco soldados
devidamente fardados acompanhados de três escanzelados cachorros que se puseram
a andar às voltas para trás e para a frente, sempre a serem contrariados pelos
homens, pois se iam para a esquerda um dos homens logo gritava, direita, se
estavam em pé, eram mandados deitar, se paravam, obrigavam-nos a correr e o
tempo a passar e os gajos cheios de tanta fome. O meu informador até ouviu um
dos presentes dizer:
Tenho a barriga a dar horas
E os pulguentos a saltar
Nem sequer uma
bolachinha
Pr’a nossa fome matar!
Aguenta firme, aí
Tens que visitar o canil…
Chiça, estou a ver que a este passo
Só vou almoçar em Abril!
Vou mas é já e a pé
Para guardar um lugar
Pois com tanto esfomeado
Não vai cozido sobrar!
Arrancou em correria
E ouve-se um grito de dor
O apressado combatente
Foi ferrado por um Labrador!
Mas o cão, bem treinado
Apenas lhe cheirara o traseiro
E toda a malta se riu
Deste combatente fiteiro!
Ainda bem que nenhum sacana se lembrou de dizer, salta ou deita-te ou levanta-te , pois ia ser o bom e o bonito com as piruetas do tal F-
Lá
meteram os cavalheiros em duas camionetas em direcção ao Montanha, local do tal
cozido e aí foi o habitual: não se ouvia uma mosca com os gajos a enfardar e a
repetir e mais chouriço e mais carninha de vaca e mais batata e mais arroz e
mais farinheira!
As travessas desapareceram num ápice, mas os cavalheiros, habituados a comer bem lá pela Guiné, ainda se atiraram às sobremesas e às bebidas finas e tudo marchou!
Esta
patuscada vem referida na segunda parte da Karas que apenas nos mostra
fotografias, pois a máquina não captou os dichotes dos contemplados nem os
ditos jocosos e ainda bem, pois envergonharia o sujeito que escolhe as
lembranças e os amiguinhos mais chegados!
O
nosso informador não conseguiu perceber o que o senhor director da fábrica de
aviões resmungou ao receber a prenda, pois fê-lo em linguagem cifrada, mas
ouviu bem a D. Preciosa, ao ver
aproximar-se dela um dos habitués nestas andanças, a mando do auto proclamado
grã chefe, cuja fotografia não o deixa
mentir, exclamar:
Mas que triste sina a minha
Ter de aturar o rapazMas que triste sina a minha
Hoje vestido de verde
De que será mais capaz?
Vem sempre com falinhas mansas
Para ser bem servidinho
Lá tenho de lhe oferecer
Mais um naco de chouricinho!
Traz na mão uma prendinha
Que eu vou ter de aceitar
Não vá o sacana do gajo
Pôr-se pr’áqui a gritar
Eu que estou farta e refarta
De com travessas lidar
Onde raio vou pôr mais esta
Que só vem atrapalhar!
Quem tal prenda escolheu?
Terá sido Mexia, o fadista?
Ná, pelo embrulho da caixa
Foi o Jero, o jornalista!
Estou mais aliviada
Vou ter folga em Dezembro
Oxalá só me apareçam
Lá pr’a finais de Setembro!
A
D. Preciosa, com receio que houvesse problemas entre os tais amigalhaços teve o
cuidado de os separar por mesas pequenas, só faltou o arame farpado, pois
sessenta e tal criaturas juntas numa mesa corrida iria, com toda a certeza, dar
granel!
Conta
o meu informador que mesmo assim ainda houve as habituais provocações como aqui
se ilustra:
Mesa 1:
Ouça lá senhor coronel
Perdoe a minha franqueza
Trago aqui esta bombita
Pr’a arrasar aquela
mesa!
Meu general, cuidado
Bombardeie antes a orla
Olhe que o cozido está bom
E eu até comi á borla!
Isto é uma reunião
Que a todos nos seduz
Espere que chegue a
noite
Que eu depois apago a
luz.
Tenho que bombardear já
Não quero saber de paz
Ser ou não ser Natal
Para mim tanto me faz!
Mesa 2:
Venha de lá essa bomba
Com que me está a ameaçar
Com esta equipa que tenho
Não me deixo acagaçar!
Tenho escudo protector
A bomba não me cai em cima
E no final até lhe ofereço
Um verdinho Ponte de Lima.
Ouviram falar em Lima
Foi o silêncio geral
Agora é que estalou a bronca
E levantou-se o General!
Sempre
atento, soergueu-se o auto intitulado Chefe da Tabanca com cara de poucos
amigos e o nosso informador fugiu a sete pés, com medo que a sua qualidade de
infiltrado houvesse sido descoberta por algum dos amigalhaços engraxadores que tratam o régulo de Amado Chefe!
Soubemos
entretanto através de gravação que chegou aos nossos estúdios que o nosso
infiltrado receara temores infundados!
Ouçamos
pois a gravação onde se ouve com toda a clareza o tal Amado Chefe:
Tudo a sentar e é já
Não quero ninguém em pé
Aqui sou eu que mando
Vou cantar o fado da Guiné!
Pigarreou um bocado
Para aclarar sua voz
Levou sua mão ao bolso
E soltou um grito atroz!
O papel com a minha letra
Esqueci-me dele em casa
Tenho que inventar qualquer treta
Logo esqueceu a canção
E todos os combatentes
Lhe deram grande ovação!
Digam-me se com este final me limito a dizer mal!
Senhor Don de Deniz, O Labrador de Buarcos, escritor, poeta, maledicente, figurão, intérprete, autor, encenador, crítico de arte e por modéstia, etc….
23 comentários:
Demorou 67 longos anos até aprender o que é um "Buarcusense".Garanto que depois desta prosa nunca mais chamarei a ninguém...."Buarqueiro".Um grande abraco ao autor.
Resposta do editor da Karas por interposta pessoa
Ó D. Deniz, Labrador
Tanto rancor é suspeito
Deixa-nos em paz, por favor
Olha: Ninguém é perfeito!
Afinal o que fizemos
P´ra tu estares chateado?
Repara que nos ofendeste
Com esse palavreado.
Agora a sério, ó Deniz
Não tens mais em quem bater?
O que o meu chefe te diz
É que faças por esquecer…
Quem sou eu, perguntas tu…
O editor eu ajudo
Comento os cozinhados
O cozido… Enfim, tudo!
O cozido dá-te azia?
Os enchidos enfartanço?
A carne não é macia?
Olha que o bicho é manso!...
Lá no Buarcos distante
Há gente de boa cepa
Vou falar com o Almirante
P’ra te dar uma boa trepa!
O Amado Chefe atacas
Por gostar de cantar fado…
Não será o vozeirão
Que te deixa atrapalhado?
Quanto à graxa que referes
É coisa que nunca vi
Será que tu não preferes
Um pouco de chantilly?
Em nome do Editor
Miguel Gomes de Sá
Assessor pr’á Culinária
Mas que maravilha. Que grandes poetas.Muito bom. Gostei mesmo. Um abraço
Carlos Pinheiro
Ainda estou a rir!
Pois é!
O "Senhor D. Vasco" ou seja lá ele quem for, ou quiser ser, conseguiu, pelo menos desta vez, valorizar ainda mais o trabalho de MP, ao levantar tantas questiúnclas, algumas bem despropositadas (embora outras bem acertadas!), ao 'espingardar' para tanto alvo.
Agora à séria: parabéns, muito bem conseguido.
Hélder S.
O Dom Vasco da Gama,
Crítico e artista,
Tem raça, tem chama
Qual F.Lopes, o cronista.
JERO
«Senhor Don de Deniz, O Labrador de Buarcos, escritor, poeta, maledicente, figurão, intérprete, autor, encenador, crítico de arte e por modéstia, etc….»
Viva Senhor Don de Deniz
O meu muito obrigado
Faça o favor de ser feliz
Agora e daqui a bocado!
Viva Labrador de Buarcos
Terra linda e talentosa
Onde há estradas sem buracos
E muita gente famosa!
Viva lá nosso escritor
De prosa fácil e condizente
Faça-nos lá o favor
De vir comer cá c’a gente!
Viva lá Senhor poeta
De rima forte e rebuscada
Escreve para alcançar a meta
Da poesia galardoada!
Viva lá o maldicente
Que tem sempre o que dizer
Meta-se a dizer mal da gente
E fuja que lhe querem bater!
Viva lá o figurão
Com a mais fina figura
Tem a águia no coração
Mas é o dragão que perdura!
Viva lá Senhor autor
De inúmeras croniquetas
Desça lá do seu andor
E deixe-se mas é de tretas!
Viva lá o encenador
Que tem arte e maestria
Para o teatro amador
Quer de noite quer de dia!
Crítico de arte e por modéstia
É por demais conhecido
Que não lhe dê a moléstia
P’ra que seja reconhecido!
Com os comprimentos e larguras, do verdadeiro D. Deniz, pois que assim o comprova o ser de Monte Real.
Desta vez não me safo
Quero mesmo agradecer
A qualidade dos textos
São mesmo de enaltecer
Vou assim dar umas palmadas,
Nas costas dos meus Amigos
Vou escrever-lhes umas quadras
Vamos lá ver se consigo
Um trabalho de talento
Merece ser lido de pé
Como ele se apresenta
Em páginas e rodapé
Não são apenas da Karas
Já vamos nos comentários
Se fosse uma encenação
Já não faltavam cenários
A qualidade das fotos
Que ilustram o painel
São de igual qualidade
São desenhos a pincel
Qual Fernão, que Lopes?
Atreveria a fazer igual
Podia escrever, ou contar
Mas nunca melhor jornal
Faltam-me os agradecimentos
A autores tão dedicados
Um Miguel não Vasconcelos
Outro o Gama, o de Buarcos
Ficam o Chefe e o Jornalista
Para outra ocasião
Não se pode gastar tudo
Quando é pouca a inspiração
BS
Mal arrumara minha frota
Chegado de longínquas paragens
Quando desatam a chegar
Umas centenas de mensagens!
Estranhei tal movimento
Mas logo amigo me alertou:
Alguém na Revista Karas
Em Sua Senhoria falou!
Onde raio está escrito
Meu nobre e sonante nome?
Já li a revista três vezes
Não encontro o cognome
Não, não é no Senhoria
Mas sim no Almirante Vermelho
Quem falou foi Homem Grande
Não foi pois qualquer fedelho!
Procurei nos comentários
E lá estava um pedido
Do mais famoso piloto
Que frequenta o cozido!
Pedia pois ao Almirante
Homem de enorme cariz
Que em Buarcos procurasse
Um Labrador, D. Deniz!
Enviei seis emissários
Por terra e também por mar
Algum deles vai descobrir
O Deniz, para eu tramar!
Dei-lhes ração de combate
E um quilo de camarões
Pois se não forem bem tratados
Logo armam confusões!
Vejam lá que noutro dia
Estava eu para embarcar
A canalha não quis comer
E recusou-se a trabalhar
Mandei servir bife de lombo
Mais um belo linguado
Mas os gajos exigiam:
“Queremos o coelho guisado”!
Mas estou-me a desviar
Do âmago desta questão
Voltemos pois ao D. Deniz
E á busca do figurão
Pela calada da noite
Assaltámos a TV Mondego
Já os guardas ressonavam
Estava tudo posto em sossego
Vimos todas as imagens
Captadas em segredo
Descobrimos o tal Deniz
E até o D. Tancredo!
Vamos assaltar o reduto
Onde está o meliante!
Chamemos então o Otelo
Arrasa-se isso num instante!
Nosso coração estremeceu
Quando vimos D. Deniz
Repimpado e bem vestido
Num cabaré de Paris!
Ria-se e a gozar dizia:
Voltem mas é para o mato
Que eu agora vou comer
Este belo arroz de pato!
Camaradas , Amado Chefe
Meu Coronel, Meu General
Encerro aqui a missão
Por favor não me queiram mal!
Apenas vos juro aqui
Que vou continuar vigilante
Acreditem no que digo
Que é palavra de Almirante!
Sua Senhoria O Almirante Vermelho de Buarcos, mareante, comendador, andarilho de oceanos, crítico, censor e vosso humilde Camarigo.
Fico feliz por saber,
Almirante, caro amigo
Que as coisas estão a andar,
Que está tudo bem consigo
Sei que tentou apanhar
O Deniz, zaragateiro
O tipo é bom a zarpar
Mais parece um marinheiro!
Sem ofensa, Almirante!
Marinheiros são os seus
Este é somente um tratante
Fora das graças de Deus
Se Vossa Excelência permite
Umas palavras apenas
P´ra dizer a este biltre
O que penso destas cenas
Deniz, tu toma atenção
E não estejas na galhofa
Se te apanho co’o avião
Ficas feito em farofa!
Ó meu grande parasita
Vais ter que te haver comigo
Onde já se viu, vadio
Insultares um camarigo?
Vergonha da tua terra
Terás fugido p’ra fora
Será que estás na Inglaterra?
Não perdes pela demora!
És malandro… e destemido
Mas olha, não metes medo
Ainda vais ser detido
Como o Vale e Azevedo!
Porque quando aqui voltares
Olha, não estou a brincar
Podes crer, vais pelos ares
Com a trepa que vais levar!
Por agora desabafei
Fico por aqui, já chega
O que disse fá-lo-ei!
Assino: Major Alvega
O MAJOR ALVERCA RESPONDE
A UM TAL MAJOR ALVEGA
Aparece agora aqui
Um tal Alvega, Major.
Eu já nem creio no que li,
Quem se julga este estupor?!
Ele é Major? E depois?
Lá pr’á BD… Isso sim!
Majores aqui só há dois,
Sou só eu… e o Valentim…
Bom… Na banda desenhada
Talvez se possa safar
Aqui é que não faz nada
Nada, não!... Está a empatar…
Para isso já tenho quem
Lá pró Estádio de Alvalade
Não me deixe sentir bem.
Enfim! Também é da idade…
É claro que o futebol
Não deve p’raqui ser chamado.
É sempre conversa mole
Que não leva a nenhum lado.
Interessa é encontrar
O malandro do Deniz.
Pois anda pr’aí a gozar,
Tem feito aquilo que quis...
Afinal também eu quero
Apanhar esse patife.
E irei mesmo atrás dele
Nem que fuja pró Recife!
Muita água pró meu gosto…
Bom, pr’aí talvez não!
Nem pr’aí nem pró sol posto
Que é onde fica o Japão.
Pró Japão já sei quem vai:
Esse Alvega! Afinal
Não foi ele quem andou
Na 2ª guerra mundial?!
Bom, sendo assim já não vou
Fico aqui, é bem melhor.
Ainda não sabem quem sou?
Alverca, claro, o Major!
Escrevia minhas memórias
No alto do meu talento
Quando a mulher me chamou:
Anda cá, por um momento
Agora que estou inspirado
É que vens interromper?
Já te disse que só desço
Para comer e para beber!
Desce já e é depressa
Que eu deixei a porta aberta
Tens aqui um cavalheiro
Que diz ser o Major Alverca
Há quanto tempo não ouvia
O nome de tal personagem
Terá vindo a minha casa
Para me prestar homenagem?
Quase não o reconheci
Disfarçado, com cabeleira
Disse-me que era mais seguro
Pois passara pela Figueira…..
Venham de lá esses ossos
Disse-lhe em tom de galhofa
Pois o Major come mais
Que toda a população da Trofa
Entre meu caro Alverca
Que tenho todo o prazer
De no meu castelo altaneiro
O poder aqui receber!
Estou com um bocado de pressa
E venho aqui em serviço
Petiscava só qualquer coisita
Pois ando a treinar pr’a Magriço
A que devo então a honra
Desta sua visita ilustre
Enquanto iluminava a sala
Como o meu dourado lustre
É um assunto bem grave:
É a caça ao D. Deniz
Essa enguia matreira
Esse filho do Martim Moniz
Já tenho catorze aviões
Prontinhos a descolar
Carregadinhos de bombas
Para o General disparar
Eu tenho a armada pronta
E mesmo só com uma caravela
O gajo está arrumado!
Vai dançar a Zarzuela.
Confio em si meu amigo
Meu ilustre Almirante
Mas precisamos de Infantaria
Para acoitar o tratante
Quem nos poderá ajudar
A ir a pé pelo caminho?
Já sei, não diga mais
Vou telefonar a Don Coutinho!
Tem a certeza, Almirante?
Perguntou com um sorrisinho…
Não é quem você está a pensar!
Este é primo do Gago Coutinho!
Então Don Gago, por onde andais?
Estou em Roma, na Itália….
A apresentar novas tácticas
Com a minha noiva, a Natália!
Roí as unhas de inveja
E resmunguei, furioso
Ninguém pára este marmanjo
A Natália……, é curioso
Ela foi Miss Buarcos
Aqui há uns duzentos anos
Será que o tempo passou
Sem lhe ter causado danos?
Temos pois que adiar
Marcar outra reunião
Como já estou com securas
Bebo já pl’o garrafão!
E para comer, não há nada?
Perguntou o Major Alverca
Um cozido e três franguinhos
E uma grelhada de perca!
Penso que não é pedir muito
Pois eu ando de dieta
Ainda voltarei a ser
Um verdadeiro atleta
Comeram bem, melhor beberam
Perante o espanto da Celeste
E já nem sabiam se Buarcos
Era a sul ou a noroeste.
Almirante Vermelho ( Tenax propisiti viri = Homem de carácter inabalável )
REPORTE DO MAJOR ALVERCA
O Deniz, digo-vos eu,
Não tarda leva sumiço;
O Almirante já deu
As linhas mestras pr’a isso.
Descolaram os aviões
Procuram por todo o lado
O Almirante aos baldões
Já está um pouco enjoado.
P’ra que é que ele se meteu
No avião? Desgraçado!
Até parece que eu
É que possa ser culpado…
Afinal eu bem lhe disse
Que a ideia não era boa.
Com a idade é uma chatice
Mais uma volta… e a gente enjoa…
Não é que eu possa falar…
Pois estou no navio, grande tanso!
E embora saiba nadar
Já não aguento o balanço.
Saltito de um lado pr’ó outro
Enjoo que nem uma pescada
Já levei dois ou três banhos,
E afinal, do Deniz… nada!
Chego ao rádio e então reporto:
Almirante, vou voltar
É que já me sinto meio morto
Já nem consigo pensar…
Boa ideia, senhor Major
Diz-me logo o Almirante
Já não sei p’ra onde vou
Se é para a ré, se para a vante…
Em terra firme nos vimos
Com um conhaque na mão
E logo ali decidimos
O Deniz, hoje?... Já não!
Vamos mas é almoçar
Uns salmonetes grelhados
O Deniz tem que esperar
Até estarmos recobrados…
Salmonetes grelhados?
Mas que grande mentiroso
Almoçaram à fartasana
Com Don José,o Barroso
Sim isto é gajada fina
Comerem que nem leões
Em duas horas vazaram
Cinquenta panelões
Assina: "Espreitador de Buarcos, perito em disfarces"
Reacção de um irritado Major Alverca
Mas que grande mentiroso!
Como pode tal dizer?
Eu que sou tão cuidadoso
Com tudo o que vou comer!
Vegetariano é tudo
De que agora me alimento
Galinha, porco, vitela,
São base do meu sustento.
Vegetariano não sou eu
Mas tão somente a comida,
Alimento que só comeu
Vegetais em toda a vida
Por isso, senhor agente
Dos disfarces um perito
Veja-me lá se não mente
Se dá o dito por não dito!
Não era então o major!
Seria o coronel Tiririca?
Vou mas é ver um jogo
Do meu Glorioso Benfica!
Assina: " O espreitador zarolho de Buarcos"
Boa noite Amado Chefe
Proponho que se faça e publique uma edição especial do "KARAS" de Novembro, Manifesto Anti-Karas e respectivos comentários. O que se passou é imperdível. Digo eu que sou mais velho...
JERO
Também eu estou de acordo
Com Don JERO, o Ancião
Julgava-o em Alvalade
A praticar natação
Estará por certo no centro
Na sua linda Alcobaça
Vou até em sua honra
Beber mais esta taça.
Assina "O nadador salvador e bebedor de Buarcos"
Então mas que vem a ser isto
Que eu leio por aqui,
Tenho que dizer algo, não resisto
Senão dizem que morri.
Aproveitaram a ausência
Do chamado Chefe Amado
E numa prova de resistência
Fizeram versos ao quadrado.
É assim que gosto de os ver
Todos de caneta na mão
Outra com um copo a beber
P’ra aquecer a inspiração.
Continuem Almirantes e Majores
A escrever para a populaça
Mostrem que são os melhores
E logo vos darei a taça!
Que se dê como coisa certa
Por esse Portugal adentro
Que o convívio do poeta
É na Tabanca do Centro.
Do Amado Chefe, pois então!
Almirantes e do Ar Majores
De D. Deniz à procura
Esqueceram-se dos “mais” melhores
Que a pé partem à aventura.
Ó força que vais pelo Ar
E a que pelo mar navegas
Não conseguis encontrar
O Deniz porque sois cegas!
Deixai que faça o trabalho
A mais nobre infantaria
E enquanto jogais ao baralho
O Deniz ela encontraria.
Almirantes e Majores
Sentai-vos bem se quiseres
Deixai o Deniz para os melhores
De Infantaria um Alferes.
Pelas matas de Buarcos
Ou pelo Pinhal de Leiria
O Deniz cai nos buracos
Que lhe arma a Infantaria.
Sentai-vos, descansai, bebei,
Deixai o trabalho p’ra quem sabe
E em pouco tempo, direi
O Deniz na prisão cabe.
Não vos queremos incomodados
Queremos a vossa alegria
Deixai-vos estar sentados
Que o trabalho é d’Infantaria!
Por aqui me fico agora
Ficai portanto em paz
Não pensem que vou embora
Sendo preciso, volto num zás!
Alferes perito em camuflagem, Monrealense de gema, conhecido apanhador de “Denizes”
Estou boquiaberta e estupfacta, com estes eloquentes poetas, que até fiquei sem voz do riso e da boa disposição que me causaram.Continuem assim amigos e bem dispostos.
Aproveito para desejar a todos e sua famílias, um Santo e Feliz Natal. Um abraço amigo da Mª Arminda
Reporte final de um comentador imparcial, que resolveu fechar de vez este intrincado processo:
De repente,ao fim de uns meses.
O Deniz lá foi detido,
Apanhado p’los ingleses
Quando estava distraído
Há coisas que não se admite,
E sofrem uma decepção:
A justiça não permite
Que se faça a extradição!
Disse logo o almirante:
Isto vai ter que acabar!
O projecto vai avante,
Vamos ter que o raptar!
Disseram ao Chefe Amado:
Não vai a bem, vai a mal!
Porque se ele é culpado
Tratamos desse animal!
Falam logo com o Alípio
Um “duro” desembaraçado
Que saca de qualquer sítio
Um tipo que esteja ocultado
P’ra Londres segue o Alípio
Logo informa: Já o topei!
Levo-o amanhã comigo
Num avião que aluguei.
Dito e feito! Num instante
O Alípio, numa boa
Agarra no meliante
E embarca-o p’ra Lisboa
E levado ao tribunal
A pena foi definida
Vinte anos – Nada mal!
Pena não ser toda a vida…
À saída todos nós
Fomos ver aquele artista:
“Já perdeste o ar feroz…
Então adeus… e até à vista!”
Só mais uma opinião
Não a tomem por censura
Terminou de sopetão
Esta história de ternura.
Como enorme intelectual
Estou feliz com a prisão!
Mas, terá esta parte afinal
Metido poeta aldrabão?
Se o gajo estava em Paris
E foi preso em Inglaterra
Pronto, assim ele quis
Acabe-se aqui com a guerra!
Cessem as vozes discordantes
Está muito bem o final
Não conhecem, ó ignorantes!
A poesia global?
ASSINA:Poeta, vate, trovador, versejador, teórico do poetar,catedrático e lente da Universidade de Buarcos!
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