segunda-feira, 5 de julho de 2021

P1300: ESPIONAGEM NAVAL EM PLENA GUERRA FRIA

 INCIDENTE COM O U-137 EM ÁGUAS SUECAS

Por uma questão de equilíbrios talvez tenha interesse recordar, depois da espionagem militar Sueca, a espionagem militar Russa na Suécia.

Em 1981 o submarino soviético U-137 (designação dada pela Marinha Sueca), armado com mísseis do tipo kryssninger, encalhou a uns escassos mil e quinhentos metros (!) da maior e mais secreta Base Naval sueca no Báltico, situada em Karlskrona, Base onde os navios são recolhidos em tuneis abertos na rocha costeira com centenas de metros de tamanho.


Os acontecimentos posteriores à volta deste incidente poderiam ter sido gravíssimos. Temendo represálias posteriores, tanto o comandante do submarino como a maioria da tripulação desejavam pedir asilo político à Suécia.

O então Primeiro Ministro Thorbjörn Fälldin procurou activamente soluções políticas para a situação.

No entanto os Russos apresentaram um ultimato de curtíssimo prazo exigindo a entrega do submarino e a totalidade da tripulação. Caso contrário viriam buscar o submarino usando os meios que para tal fossem necessários.

Isto ao mesmo tempo em que grande parte da frota de guerra Russa no Báltico se concentrou no limite das águas territoriais suecas frente à base de Karlskrona.

A marinha sueca desencalhou o submarino e levou-o até ao limite das águas territoriais entregando-o à marinha russa com a totalidade da tripulação.

Sabe-se que posteriormente a história acabou mal para o comandante do submarino e alguns dos tripulantes.

Os detalhes à volta deste incidente são numerosos e interessantes.

José Belo

Nota sobre o U-137 (retirado da wikipédia): 

O submarino soviético S-363 era um submarino da classe Whisky da Marinha Soviética da Frota do Báltico, que se tornou notável sob a designação de U-137 quando encalhou em 27 de Outubro de 1981 na costa sul da Suécia, a aproximadamente 10 km (6,2 milhas) de Karlskrona , uma das maiores bases navais suecas. 

U-137 era o nome sueco não oficial para o navio, já que os soviéticos consideravam os nomes da maioria de seus submarinos como classificados na época e não os divulgavam. O incidente internacional que se seguiu é frequentemente referido como o incidente do Whisky com gelo (The Whiskey on the Rocks).

3 comentários:

Hélder Valério disse...

Bem... em termos de "incidentes" temos então aplicada a "teoria do compensa".
Ou seja, espionagem sueca "compensada" com espionagem russa.

Muitas destas coisas se passam, admito sem o saber de saber feito, com relativa frequência e raramente chegam ao conhecimento geral.
Acho que faz parte do modo de vida dos povos e nações ao longo de séculos, salvaguardadas as devidas "questões de época".
Claro que nestas coisas haverá sempre algum exagero. Entre os "escassos 1.500 m" da ultra-secreta base sueca aos 10 km depois referidos será tudo uma questão de escala...
Entretanto, o comandante do submarino e alguns tripulantes terão tido "dissabores".
Provavelmente deverão ter tido alguma "repreensão registada" ou que "pagar 20 flexões" ou então levaram com algum processo disciplinar com pena suspensa...
Brandos costumes..

Hélder Sousa

Anónimo disse...

Infelizmente bastantes dados da Wikipedia deverão ser lidos com cuidado.
Erros,involuntários e voluntários,surgem com mais frequência do que seria desejável.
No caso das distâncias referidas no texto deve levar-se em conta que a Base Naval de Karlskrona não está situada propriamente no centro da cidade de Karlskrona,ou mesmo no centro do arquipélago do mesmo nome.
(Ver no Google “Karlskrona Skärgård”).
As distâncias apontadas têm muito a ver com estas realidades.
Não se deverá(talvez?)ler a Wikipedia como alguns no antigamente liam o….Pravda.
No Pravda não se cometiam erros…involuntários.

Quanto ao sucedido a alguns membros da tripulação depois do regresso à União Soviética o comentador anterior é na verdade optimista ao referir “brandos costumes” e punições “simples”.
Alguns dos responsáveis terão pago com a vida.

Um abraço
J.Belod



Juvenal Amado disse...

Estes episódios lembram a todos o quanto perto estivemos e talvez ainda estejamos com a cabeça num cepo. Um abraco