PRENDA DE ANIVERSÁRIO “ORIGINAL”
Nem sei bem porquê, mas hoje veio-me à lembrança uma situação ocorrida na terça-feira dia 3 de Outubro de 1967, dia do meu 19º aniversário.
Bem,
“não saber” não é bem verdade, pois estando a remexer em coisas antigas encontrei
uma foto mais ou menos dessa data (que junto em anexo, embora seja de 1968) e
depois sim, foi fácil associar ideias.
O que se passou foi muito simples. Vivia em Vila Franca de Xira e “vivia” os seus ambientes. Por lá existe um evento chamado “Feira de Outubro” que acontece a partir do primeiro domingo desse mês, sendo que nesse ano de 1967 o dia 1 de Outubro, início da Feira, foi ao domingo.
Na Feira acontecia o que ocorria em muitas outras terras, com exposição e venda de artigos variados, loiças, roupas, brinquedos, etc., com carrocéis, pistas de “carrinhos de choque”, Circo, “poço da morte”, etc. e, por se estar em pleno coração do Ribatejo, o toiro ocupava lugar de destaque, quer pelas “corridas de toiros” quer também, de modo a poder proporcionar uma maior participação popular, pelas “esperas” seguidas das “largadas”.
Sim, eu sei que, hoje por hoje, a questão “toiros” transformou-se num “cavalo de batalha” de muitos “urbano-depressivos” que encontraram na oposição à “festa dos toiros” uma “questão fracturante”, com a qual procuram ganhar adeptos, mas esta polémica não cabe aqui e agora, tanto mais que me estou a referir a um acontecimento já velho de 53 anos, portanto não seria honesto apreciá-lo e/ou criticá-lo à luz de (pre)conceitos atuais.
E
assim também sucedeu. O problema é que, por um lado, ou não estava realmente à
distância segura, ou a minha rapidez foi menor que a do “bichinho”. No entanto
o problema foram as calças…
À
data, as “calças de ganga” que tinha não eram dessas atuais “jeans” maleáveis,
eram de material bem mais rijo e por isso, quando em corrida acelerada, pois
estava perto de mais do toiro, procurei entrar lateralmente numa “tranqueira”
(elemento vedante da rua por onde não se quer que o toiro circule e construída
por grossas tábuas de madeira horizontais e também verticais) consegui entrar
com o meu lado direito do corpo mas a carcela da braguilha ficou presa numa
dessa tábuas, originando que a perna esquerda ficasse do lado de fora, exposta
ao que pudesse acontecer.
E
aconteceu!
Vá lá! Este não era o Hélder Sousa... |
Na
ocasião não dei “parte de fraco”, ainda estava “quente”, mas depois a “coisa”
ficou vermelha, depois negra, amarela, mas com os dias (e uma pomada) lá voltou ao
“normal”.
Muitas vezes ouvia os mais velhos a dizerem, “vai mudar o tempo, os meus ossos estão a dar sinal” e eu achava que isso eram tretas.
Posso dizer que não senhor, não
eram. Nos dias de hoje posso dar testemunho da veracidade dessa afirmação, já
que a “perninha” me dá sinal das mudanças que irão ocorrer proximamente.
Em
traços gerais, foi isto, e foi assim que “ganhei” uma prenda de aniversário
especial, se bem que praticamente ninguém ficasse a saber!
Hélder Sousa
Fur. Mil. Transmissões TSF
11 comentários:
Pois amigo Hélder isso de fazer fintas aos toiros tem muito que se diga. De certo que o boi não se aleijou porque havia justiça neste mundo. Quanto á dor que sentes quando tempo muda não é da idade porque porque a outra tem a mesma idade e não te doi nada. Quanto a mim toiro só grelhado. Um abraço
Olá Juvenal
Pois, não é da idade, por si mesma. Mas foi da cornada!
O osso da coxa esquerda ressente-se.
"Brincar" com os toiros pode ser perigoso. Uma escorregadela inoportuna pode ter consequências graves.
Na foto que o Miguel colocou legenda, tenho ideia que o senhor apanhado, embora tenha descaído para o outro lado do muro, para a linha de caminho de ferro, "safou-se" mas ainda andou com um outro furinho para "fazer as necessidades".
Na foto em que está um lustroso e bem alimentado toiro e em que lá mais longe está uma "tranqueira" foi no lado direito dela, que não se vê na foto, que "tudo aconteceu" como falam os repórteres das "tv-crime".
Hélder Sousa
Ribatejano puro e verdadeiro tem muito que contar, e tu contaste muito bem. Eu também sou ribatejano, mas já do Médio Tejo onde aconteciam as picarias com vacas que por vezes eram mais castigadoras do que elgus touros, mas nunca me meti muito em apuros, mas também fiz as minhas corridas porque nessa altura a carne não me pesava muito. Parece-me que agora os tempos são outros. Um abraço Helder.
É velho o ditado: "Quem anda à chuva molha-se"!
Eu "molhei-me" algumas vezes!
Grande abraço
Joaquim
Pois, Helder,
Deixa lá! Pior era ter ficado com a "esquerda" pendurada do piton.
Abraço
Alberto Branquinho
Meus caros amigos
Há aquele velho ditado que diz que "em Roma, sê romano" e, neste caso, como disse, vivendo em Vila Franca, teria que ser influenciado pelos seus hábitos, suas práticas. E também não deixa de ser verdade, aplicando outro ditado, como diz o Joaquim, que "quem anda à chuva molha-se".
É isso mesmo! Temos que viver a nossa vida, no nosso tempo, nos nossos lugares, e não é sério, como alguns fazem, julgar coisas passadas á luz de (pre)conceitos de hoje.
Quem já viu alguma coisa dos "encierros" em Pamplona, pode ficar com uma ideia do que aqui chamamos de "esperas". Não são a mesma coisa mas dá para explicar.
Aqui, pelo menos em Vila Franca, colocam-se os toiros num cercado ao ar livre, com alguma amplitude, onde também já estão os "cabrestos". Quando é chegada a hora marcada e os responsáveis se asseguraram que as ruas estão vedadas e desimpedidas de viaturas é dado o sinal e soam alguns foguetes (em Pamplona é o "chupinazo"). Nessa altura abre-se a vedação, e enquanto uns procuram que a manada se mantenha reunida, tentando que o enquadramento dos toiros com os cabrestos se faça de modo a evitar a separação deles e isso é conseguido por uma quantidade exagerada (pela minha óptica) de campinos e "vaidosos" ganadeiros montados em cavalos que vão na frente "varrendo" as pessoas e tentando impedir a sua aproximação aos toiros sendo esse cortejo encerrado também por mais uns quantos campinos. Sucede assim uma corrida desenfreada desde o cercado até à Praça de toiros, sendo que raramente, muito raramente, se consegue separar algum toiro.
Após essa recolha à Praça, começam a ser "largados" um por um, para depois ficarem em zonas separadas entre si para permitir a brincadeira (a "humilhação", dirão hoje, alguns).
E temos então assim a "espera" e depois a "largada".
Ao fim do tempo determinado procedem novamente à recolha dos toiros à Praça.
Podia descrever mais alguma coisa, mais algumas peripécias que assisti, umas divertidas, outras apenas curiosas, outras ainda mais trágicas, mas isso pode ficar para outras recordações.
Resta apenas dizer, como resposta ao Carlos, que isso que referes das vacas serem mais "castigadoras" que os toiros se deve, em grande parte ao facto, dizem, de elas investirem e marrarem de olhos abertos, enquanto que os toiros o fazem fechando os olhos, daí irem quase sempre "ao engano".
E para o meu particular e apreciado amigo Branquinho, devo dizer que apreciei e registei o cuidado para com a minha "parte esquerda".
Abraços
Hélder Sousa
Olá Helder
Vivi um ano em Santarém (estava no Liceu) com os meus 16/17 anos e "aprendi" qualquer coisas dessas coisas.
Gostei da expressão ""vaidosos "ganadeiros"". É bem o reflexo do sentimento bem popular.
Quanto às vacas marrarem de olhos abertos e os touros marrarem de olhos fechados (depois de -estes- terem já traçado a linha de rumo a marrar), é mais um exemplo da dicotomia feminino/masculino. Coisas...
Abracinho
Alberto Branquinho
Meu bom amigo Branquinho (qualquer dia ainda "alguém" vai embirrar com isto, pois "não passa pela cabeça de ninguém" referir-se dessa maneira a outro que pudesse chamar-se "Pretinho")
Olha, quando reli o artigo depois de o enviar não suspeitava que o fosses ler e por isso não me incomodei pelo facto de estar a relatar um episódio da minha juventude e que isso pudesse ser interpretado como estando a "falar de mim e/ou do meu umbigo". Quando li o teu comentário fiquei descansado quanto a isso.
Dizes bem quanto a esse exemplo de dicotomia feminino/masculino. Para mim é justa a insistência na igualdade de direitos e de oportunidades mas bastante aberrante e contranatura essa coisa da "igualdade de género". Como não explicam, levam à letra as expressões e depois confundem "igualdade" com "igualitarismo" e dá no que tem dado: perfeitas idiotices.
No caso que temos aqui como exemplo, a Natureza mostra bem as diferenças de comportamentos associados aos diferentes géneros. Repara, escrevi "diferentes géneros" e não "igualdade de géneros".
Abração
Hélder Sousa
Não, Helder!
Não! Falaste muito mais de outros do que de ti e NUNCA do teu umbigo.
Vou-te contar, a propósito de "branquinho", dois pormenores na minha passagem pela Guiné:
1 - Fui encontrar em Canquelifá um garoto fula-forro, com tez tão clara e nariz aquilino, que passaria perfeitamente por branco. Toda a gente o chamava Branquinho, alcunha que lhe tinha sido dada pelo pessoal da Companhia que nos antecedeu. Portanto, fui encontrar um primo na Guiné.
2 - Em Catió, os milícias do João Bácar Jaló (por acharem o meu nome depreciativo), davam a volta ao nome e chamavam-me ou "alfero Franki" ou "alfero Branqui". Este último, nos primeiros tempos, era acompanhado daquela risadinha típica (sarcástica e aguda:ih!ih!ih!), virando a cara para o lado oposto, acompanhada de comentários (?) em fula. Mas juro-te que eu não ficava fulo. Depois foram-se habituando.
(Estás a ver: falei de mim e do meu umbigo. Mas não foi para dizer que sou o maior, como foi no caso da série assim intitulada).
Abração
A.B.
Uma achega daquilo que fui aprendendo ao longo dos anos passados no mundo dos toiros.
O touro, para sua defesa e ataque, serve-se apenas dos cornos, pode pisar, mas é sem intenção, isto é, fortuitamente.
As vacas bravas servem-se de tudo e pisam sem dó nem piedade se tal for necessário para se defenderem e atacarem.
Abraços a todos
Joaquim
És bem-vindo ao Clube dos Meteorologistas por técnica óssea apurada. Eu já havia sido Formado e aderido há uns anos (longos) ao repousar na terra húmida da ilha do Cômo... por imposição.
Lá, também haviam vacas, mas da outra "banda" e nunca fizeram tamanha Formação a ninguém.
Abraço
Santos OLiveira
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