quarta-feira, 19 de agosto de 2020

P1246: A EVITAR NO VERÃO


BICHOS POUCO RECOMENDÁVEIS…


José Belo
Custa a acreditar que no Círculo Polar Ártico as carraças existam em abundância nas curtas semanas  que dura o Verão local. Sobrevivem aos 40 graus negativos e à escuridão, espalhando-se agora por todos os animais que vivem na floresta (e são muitos!). Desde as manadas de renas aos alces, ursos, gazelas, linces, raposas, etc.

Os cães usam nesta época coleiras especiais impregnadas  com um produto químico contra a carraça.

São curtas as semanas em que estão activas mas podem causar sérios problemas de saúde para toda a vida. A doença chama-se aqui borelia; não sei como aí será denominada, mas creio que tem o mesmo nome.

As renas e os outros animais movem-se em distâncias enormes desde o norte da Rússia ao Atlântico e nos últimos anos têm transportado uma espécie de carraça que não existia na Escandinávia, para a mordedura da qual não há o mínimo remédio.

Nas florestas e estepes estas carraças, transportadas tanto pelos rebanhos de milhares de renas como pela muito numerosa fauna selvagem, são um verdadeiro flagelo durante as 3 semanas do Verão local.

As febres, graves inflamações cerebrais, borelia, etc, causam doenças crónicas, algumas delas mortais pela não existência de tratamento para as mesmas. Todos os que por aqui vivem se vacinam durante anos sucessivos, mas infelizmente as novas espécies de carraças trazidas ultimamente desde as estepes russas ultrapassam os efeitos das vacinas existentes.

Este pequeno animal resiste não só aos quarenta graus negativos dos nossos Invernos como aos nove meses de contínua neve no solo (Um pouco como os geniais políticos lusitanos que a tudo sobrevivem).

Precisamente neste período do ano chegam do estrangeiro numerosos “ranchos” de trabalhadores (muitos tailandeses) contratados pelas fábricas de frutos enlatados para colherem uma quantidade de toneladas das mais variadas bagas aqui existentes e muito apreciadas como compotas, marmeladas, geleias, ou nas variantes de frescas ou congeladas. As exportações para a Alemanha, entre outros, são enormes.


Depois de introdução às realidades do mato selvagem envolvente feita normalmente por um capataz lapão, tudo transmitido no noticiário da TV local, um dos tailandeses preocupado com a numerosa fauna selvagem que iria encontrar pergunta ao lapão:
- Qual é o animal mais perigoso passível de ser encontrado nas florestas locais?

O lapão,depois de uma longa pausa meditativa (quase a “modos que” alentejana) responde: - A carraça!

As febres, graves inflamações cerebrais, borelia, etc, causam doenças crónicas, algumas delas mortais pela não existência de tratamento para as mesmas. Todos os que por aqui vivem se vacinam durante anos sucessivos, mas infelizmente as novas espécies de carraças trazidas ultimamente desde as estepes russas ultrapassam os efeitos das vacinas existentes.

Desde o extremo sul da Europa até aqui já bem dentro do Círculo Polar as víboras existem!... Parece incrível mas, com as temperaturas do inverno, a escuridão e os metros de neve e gelo no solo, estes animais entram em hibernação e acordam no mês de Junho.

Estando activas nesse curto período, é recomendável ter-se em casa ampolas de soro antiofídico. A mordedura num adulto saudável não costuma causar perigo de vida, mas quanto às crianças a coisa pode ser francamente grave.

Quanto aos nossos inseparáveis cães, o problema também é sério pois são normalmente mordidos no focinho.

As injeções de soro antiofídico também são aplicáveis às “alimárias”. De qualquer modo a vastíssima área da Lapónia está bem coberta pelos helicópteros ambulância em casos de gravidade.

Enfim... a Lapónia não se resume a renas… e vodka!

José Belo


12 comentários:

Valdemar Silva disse...

Coitados dos ursos, as carraças vindas da Rússia chupam-lhes o sangue e gente vinda da Tailândia rouba-lhes as bagas do alimento.
....assim começam os nacionalismos-populistas.

Por cá também temos muitos "ursos", a quem lhes "chupam o sangue" e lhes falta a comidinha.
...esta é populista e palavra d'honra qu'é verdade.

Ab., saúde da boa e cuidado com as carraças
Valdemar Queiroz

Anónimo disse...

Meu Caro Amigo

Quanto aos “nacionalismos populistas” terá havido alguns exemplos no nosso querido Portugal de 1975.
A incompetência,as pseudo visões políticas baseadas em leituras demasiadamente primárias,demasiadamente rápidas,demasiado incompreendidas, talvez por falta de capacidade intelectual de algumas figuras carismáticas,levaram esses “populismos” a resultados que em nada contribuíram para...nada!
Sinceros sonhos e ideais de alguns utilizados por “egos”, sempre em busca de representarem teatralmente as suas grandiosas auto-avaliações.

Concordando com a afirmação de que as carraças chupam o sangue dos pobres ursos,e que os trabalhadores thailandeses lhes roubam os alimentos com as colheitas........não se deve esquecer que no fim desta “cadeia factual” estão os proprietários das enormes fábricas de conservas que pagam ordenado/hora aos desgraçados dos thailandeses escandalosamente inferior ao pago a um trabalhador local.
São teoricamente compensados com alimentação e alojamento.
Quanto ao alojamento ,este é em barracas de madeira e sem aquecimento.
Esta do aquecimento poderá aí parecer desnecessário por estarmos em Agosto.
Mas muitas das noites de Agosto neste extremo Norte têm temperaturas negativas.
Quanto às comidas e sua qualidade.......nem um dos pobres ursos ,com carraças ou sem elas,as quereria consumir!

Um abraço do J.Belo






Anónimo disse...

Meu Caro Mestre José Belo
Sempre a aprender com o meu amigo do frio.
Com que então as carraças são pequenos aracnídeo.Mas são também ectoparasitas hematófagos, responsáveis pela transmissão de inúmeras doenças.E não é de agora.Há registos fósseis sugerem sua existência há pelo menos 90 milhões de anos, com mais de 800 tipos. A partir de hoje vou "vê-la" com outros olhos...
Grande abraço e mande mais "material" ao nosso "patrão" Miguel Pessoa.
Grande abraço e fique bem.
JERO

Anónimo disse...

Na minha busca de “alimárias” exóticas, encontrei por aqui,para além das víboras citadas no texto ,
um tipo de “cobra” conhecida entre os locais como:Cobra de Cobre.
Cobra de Cobre pela sua bonita cor a cobre polido.

Francamente não sei se existe em Portugal.
A curiosidade quanto a este animal é que não se trata de uma cobra mas sim de um tipo de lagarto. Em milhares de anos de evolução acabou por perder as pernas para mais facilmente se introduzir entre as pedras na busca de presas.
Não é venenoso mas a mordedura é bastante dolorosa.

Um abraço do J.Belo

Valdemar Silva disse...

Por cá também temos a nossa 'cobra de cobre', mas chama-se "cobra-de-vidro" ou licranço (anguis fragilis).
Também é um lagarto com forma de cobra, deferindo por ter pálpebras móveis, língua dividida e não bifurcada e troca de pele aos farrapos em vez de por inteiro.
Já falamos sobre aves, alces, ursos, carraças e agora lagartos, para a próxima vamos falar, ou escrever, sobre a problemática das claras dos ovos não entrarem na doçaria conventual. ah!ah!ah!

Ab. e saúde da boa
Valdemar Queiroz

Anónimo disse...

Caro Valdemar

Quanto às profundas,abrangedoras,e exóticas áreas dos nossos conhecimentos existe ditado na Laponia muito aplicável:

“Não há lugar algum em que a mão do homem não tenha posto o...pé!”

Um abraço do J.Belo

Anónimo disse...

Ou,na(como sempre) inteligentíssima versão luso-laponica:

“.......onde o pé do homem não tenha posto a...mão!”

J.B

Anónimo disse...

“A problemática não entrada das claras na nossa doçaria conventual”

Confesso ter perdido o sono perante tal pergunta existencial!
O comentário do Camarada Valdemar Queiroz fez-me sentir,nu,ignorante e ingrato.
Quanto ao “nu” todos compreenderão que não é o mais agradável dentro do Círculo Polar Árctico.
Quanto ao “ignorante” é algo de contra-natura entre os chicos- espertos lisboetas como eu que julgam(!)sempre saber de mais.
Quanto ao ingrato,pelo facto de tendo tantas vezes saboreado alguns dos fantásticos doces conventuais em restaurantes “reservados” entre Estoris e Cascais,pouco ter procurado saber quanto às interessantes histórias das suas origens.

E cito:
“Entre os séculos XVIII e XIX Portugal era o maior produtor de ovos na Europa.
(Não foi só quanto ao glorioso Benfica que éramos os melhores do mundo!)

As claras dos ovos eram exportadas e usadas como elemento purificador na produção de vinhos brancos,assim como para engomar as roupas mais ricas e elegantes por essa Europa fora.
As quantidades excedentes das gemas eram deitadas para o lixo ou usadas na alimentação de animais.
Com a chegada das enormes quantidades de açúcar vindo das colónias foi dado novo destino às gemas dos ovos surgindo assim os nossos tão fantásticos doces conventuais......Sem as claras!”

Ps/ Sinto-me quase como Luís Graça quando didaticamente, na Tabanca Grande ,enriquece os comentários ,muitas das vezes demasiado “leves”no conteúdo , com pesquisas factuais de...ponto final.
Bem hajam os que nos afastam da escuridão!

Um abraço do J.Belo

Anónimo disse...

Em resposta ao comentário do meu Amigo e Camarada Jero.aparentemente tardia se esquecermos que na filosofia cristã os últimos são os primeiros.

Quanto aos ectoparasitas hematofogos, por muito que tente recordar quanto ao teatro de guerra da Guiné,só me vem à memória alguns dos Excelentíssimos Senhores Comandantes de Batalhões que sendo certamente fantásticos quanto a todas as “cortesias” necessárias para lá chegarem,menos o seriam quanto ao comando de homens em zonas operacionais.
Foram sem dúvida as primeiras carraças da Guiné com...patins!
Descoberta zoologicamente histórica do Senhor General Spinola .

Se não por mais,só por isso seria o meu, e de tantos outros,herói na Guiné.
(E aqui talvez seja importante salientar...”Na Guiné”)

Um grande abraço do J.Belo

Valdemar Silva disse...

Exactamente J. Belo.
Por cá também foi assim, pese embora 'humilitas si virtus', as freiras utilizavam as claras para engomar/limpar os seus hábitos, os seus e os dos padres, e na confecção de hóstias.
Com as gemas que sobravam e o açúcar, pago sabe-se lá como, começaram nas "barriga de freira" e, depois, nos "papo-de-anjo", não se sabendo ao certo se teriam começado nos "caralete ou caralhete de S. Gonçalo".

Ab. e saúde da boa
Valdemar Queiroz

Hélder Valério disse...

Por razões que não vêm ao caso pois poderiam ser consideradas "desculpas indesculpáveis", só agora estive a ler o artigo e a enriquecer-me com os diversos apêndices, a que chamam "comentários".

E o que por aqui se aprende!
São as carraças, os alces, as renas, os tailandeses, os ectoparasitas hematófagos, as bagas a as compotas, as cobras e lagartos, claras e gemas de ovos, doces e mais uma quantidade de coisas, umas de referências directas, outras de interpretações mais "elaboradas".

Quanto à "origem das carraças", embora sejam criaturinhas de milhões de anos, tendo em conta o mal que agora fazem, as condições de propagação, etc., não posso deixar de encontrar algumas semelhanças no "modus operandi" dum tal "covid" (embora maiorzinhas...) e daí ter assomado à cabeça a possibilidade das carracinhas serem..... chinesas!

Também gostei bastante de algumas "analogias" aqui apresentadas e particularmente daquele pequeno mas decisivo pormenor do "na Guiné"!

Abraço
Hélder Sousa

Anónimo disse...

Caro Hélder

Nos “pormenores”é que nos entendemos .

Um grande abraço
JBelo