P’rá vala, p’rá vala!
O grito fere-me os
ouvidos,
arrefece-me o sangue,
faz-me tremer o
coração,
mas impulsiona-me
como uma mola,
e num salto deixo a
cama.
Mergulho na
escuridão,
ouço passos a correr,
mais do que gente a
gritar
sinto o meu coração a
bater.
como se de uma cova
de cemitério se tratasse,
e ouço de imediato uma
voz,
“porra que me
pisaste!”
Os rebentamentos
sucessivos,
parecem explodir em
cada coração,
e ouvem-se
apreciações em voz alta:
“esta foi perto!”
ouviu-se aqui a
rebentar,
e logo uma outra voz
onde o humor vence o
medo:
“não há problema,
os gajos não
conseguem acertar!”
toma conta de tudo e
todos,
e há vozes que se
cruzam,
com os projécteis no
ar:
“calma, pessoal,
calma,
isto está quase a
acabar!”
A camisa encharcada
em suor,
o pó agarrado à cara,
ou está muito calor,
ou o suor é do medo!
aos gritos,
por cima do barulho
infernal:
“meu Alferes, porra,
meu Alferes!”
Volto-me para ver quem
é,
e…
caio da minha cama!
Joaquim Mexia Alves
2 comentários:
Mexia
Foi assim muitas vezes.
Quando o coração subiu há boca
Quando o medo se misturou com o cheiros.
No fim foi urgente saber que estavam todos bem e felizmente, foi assim na maioria das vezes.
Só quem lá esteve sabe que foi assim
Um abraço
Um lindo poema que nos toca a todos.
Um Camarigo abraço ao nosso Amado Chefe
Vasco A.R. da Gama
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