OUTRAS BANDEIRAS…
OUTROS COSTUMES…
OUTRAS GENTES…
Tenho por vezes meditado sobre os sentimentos com que
milhares de portugueses, nascidos, educados, muitos combatendo nas colónias sob
a bandeira tradicional de séculos, azul e branca, se terão sentido quando, bruscamente,
com a implantação da República, a Bandeira Nacional mudou totalmente de cores e
símbolos, acabando as cores tradicionais por serem substituídas pelas cores
partidárias (!) de um dos agrupamentos políticos republicanos.
Apesar de a bandeira verde-rubra ter ainda bem poucas
décadas em 1974, como teriam reagido os portugueses se algum dos muitos
"iluminados" de então têm decidido mudar as cores da Bandeira
Nacional Republicana? E se, para mais, viesse a adoptar para a nova bandeira as
cores de um dos quaisquer Partidos de então?
Hoje colocam-se bandeiras da União Europeia em lugares
de honra esquecendo que infelizmente a tal Europa "Unida" e a sua
bandeira, o que neste momento representam não será muito digno de orgulhos.
A igualdade e solidariedade entre os povos que esta
bandeira deveria representar são substituídas pelos termos
"Nós", os ricos, os que trabalham, os sérios, os capazes... e
"Eles", os outros, os das praias ao Sol...
Nesta dialéctica de falácias feita, antes lugares de
honra para a "pobre" bandeira verde-rubro, que nos representa como o
Povo que somos, com os nossos grandes defeitos, mas também, e não menos, com as
nossas grandes qualidades humanas... Qualidades que infelizmente talvez só
sejam compreendidas, em toda a sua profundidade, pelos que vivem sob outras
bandeiras há muitas décadas.
Como curiosidade, e quanto à Escandinávia e as suas
bandeiras, recordo que, quando aqui cheguei há cerca de 40 anos, estranhei que,
frente a cada vivenda, quinta, casa de férias da mais pequena à mais luxuosa, havia
um pau de bandeira. Não um pau de bandeira "à janela", mas um típico
pau de bandeira "militar" enterrado no solo.
Não só nos feriados e festas nacionais, mas também em
dias de aniversário, casamentos, baptizados ou outras festas familiares, a
bandeira lá está, bem alta e orgulhosa.
E, quando de morte na família colocada a meia haste.
Ao passar-se de carro numa qualquer estrada, ou de
barco frente a estes milhares (!) de ilhas, é impressionante o aspecto festivo
das vilas e aldeias com as suas bandeiras nacionais ao vento.
Do extremo sul ao extremo norte de todos os países
Escandinavos, incluindo a Finlândia.
Ninguém é obrigado a ter a bandeira. Tendo-a, existem
regulamentos rígidos sobre o uso da mesma e multas avultadas para aqueles que
os não cumpram.
Por exemplo, a bandeira não pode estar velha, esfarrapada,
ou com perda de cor.
As dimensões das bandeiras são estabelecidas, assim
como os paus das bandeiras em relação aos tamanhos das casas que os usam, para
em nada serem ridículos ou exagerados, e portanto menos próprios.
Isto, em toda a sua simplicidade, tem muito a ver com
um sincero e generalizado orgulho da Pátria, valores, cultura e símbolos.
Nos nossos Regimentos a Bandeira Nacional é
guardada em armário envidraçado em sala de honra. Tradições escandinavas
colocam-na em lugar dominante na caserna dos soldados mais antigos, sendo assim
a última coisa que estes militares olham ao recolher e a primeira a ser vista à
alvorada.
Outras bandeiras... outros costumes... outras
gentes...
Um grande abraço do
José Belo.
6 comentários:
olá Zé Belo,
Longe vão os tempos do orgulho na verde rubra.
Às crianças era ensinado nas escolas quer o hino nacional quer a reprentação simbólica da bandeira na vida do colectivo português.
Aquilo que todos juramos defender e era simbolizado pela bandeira perdeu,lamentavelmente,a importância que lhe dávamos,fruto dos comportamentos enviezantes surgidos de há 40 anos a esta parte. Falaste que se correu o risco de alfguns iluminados terem alterado a dita substituindo-a pela dos partidos. Não faltou muito.
Mudam-se os tempos e mudam-se as vontades...
Talvez fosse a hora de se referendar a republica imposta pelo uso das armas em 1910 e se acaso a vontade popular se inclinasse para um regímen diferente voltaríamos à branca e azul da monarquia que os nossos avoengos admiraram e honraram.
Mas branca e azul da monarquia ou verde rubra da republica o que se lamenta é que não seja honrada como é devido e se assista a actos hilariantes e simultâneamente pouco edificantes e até deprimentes, protagonizados por figuras da republica como o presidente que hasteou uma ao contrário numa cerimónia oficial faz tempo,ou como as encomendadas aos chineses que em vez dos castelos traziam uns "berloques". Casos desses têm de ser erradicados por forma a que a bandeira reganhe o estatuto de simbolo da grei. abraço para ti e todos os camarigos da Tabanca do Centro.
Gostei de ler o artigo do Melo e o comentário do Maia.
Um abraço para a Tabanca e não só
Gostei de ler o texto do José Belo e o comentário do Manuel Maia. Também nos anos 60,vi várias bandeiras hasteadas em casas nos EUA e não só em edifícios públicos. Por aqui muitas vezes a mesma, não era colocada em edifícios estatais e até saiu uma circular normativa a relembrar essa obrigatoriedade. Mais tarde no Euro 2004, foi uma euforia!.. Um dia nas traseiras de minha casa vi um senhor que tinha um pombal e o modo como os chamava para os recolher ao fim do dia, era precisamente agitando um pau que tinha atada a nossa bandeira. Fiquei indignada e a triste cena terminou. Ainda temos muito caminho a percorrer, mas no já percorrido muitos valores se perderam!.. Um abraço. Mª Arminda
Tenho andado distraído,só hoje vi o post do José Belo.
Há vinte e tal anos fui várias vezes à Dinamarca,onde ía escolher vacas,melhor dizendo,novilhas, para virem para Portugal.Aterrava em Copenhaga,aí conheci bares e o Tivoli,e apanhava outro avião para Billung,na Jutlândia,onde durante três ou quatro dias,visitava muitas casas de agricultores.Uma das imagens que me marcou profundamente,foi essa de em cada casa agrícola,haver um mastro,tipo militar,como diz o Belo,com a respectiva bandeira do País.
Fiquei tentado a copiar a ideia,não o fiz,e hoje muito menos o faria por causa desse negócio,a que chamam...futebol.
Abraços.
Paulo Santiago
Quando não se respeitam os símbolos, quando se tratam os governantes eleitos, sejam eles quem forem, com epítetos e sem respeito, quando toda uma sociedade não se respeita, fica tudo dito.
Um abraço Zé
Joaquim
Pois é, como seria se tivéssemos trocado a bandeira em 25 de Abril de 1974? Mas interrogo-me é o que seria se agora se lembrassem todos de começarem a colocar bandeiras por aí, isto sem falar que tipo de bandeiras, com castelos ou pagodes, quando até figuras com responsabilidade a colocam de pernas para o ar. Mas não só isso, regras para se utilizar a bandeira? Creio que no momento que atravessamos, onde o povo foi e está "salgado", quem conseguiria definir regras? E quem as respeitaria?
Somos de facto um povo envergonhado, com dificuldade de respeitar seja o que for, a menos que seja imposto, aí refilamos, refilamos sempre, mas baixamos as orelhas e encarneiramos, durante muitos e muitos anos.
Isto penso e digo eu.
Um abraço,
BS
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