P454: A PROPÓSITO DA CERIMÓNIA AGENDADA PARA 18 DE MARÇO

Recebi um telefonema do Regimento de Artilharia de Leiria, informando-me que já tinham a Medalha das Campanhas da Guiné, que me foi atribuída, pedindo o meu acordo para que a imposição da referida Medalha fosse realizada numa pequena Cerimónia no dia 18 de Março, pelas 12.00 no Quartel de Leiria.

Com tudo o que tinha ouvido e lido, julgava que demorasse o dobro do tempo, mas no fundo, segundo me lembro não chegou a passar um ano.

Esta cerimónia tem a importância que tem, ou seja, em termos gerais não tem o mínimo impacto, mas para mim representa um fechar da minha história como militar e como combatente.

Obviamente as recordações sempre viverão comigo, e este pequeno gesto das Forças Armadas da Nação a um combatente, (e aos outros que já receberam ou vão receber), não apaga, nem faz esquecer o modo como nós, combatentes, fomos e somos tratados sem consideração pelo nosso Estado, sobretudo aqueles que sofrem psicologicamente, fisicamente, e que hoje em dia, ainda, vivem em condições precárias, alguns mesmo sem tecto, sem abrigo, no meio da rua.

Escrevo isto, sem qualquer intuito politico, mas apenas como constatação de um facto transversal a todos os Combatentes do Ultramar.

Talvez um dia, quem sabe, a Pátria se debruce sobre os seus filhos que a ela entregaram grande parte das suas vidas, e reconheça o esforço extraordinário de cada um e das suas famílias.

Claro, que cada um está convidado a estar presente, embora julgue que tal “evento” não justifique qualquer deslocação a Leiria.

Um abraço camarigo a todos do

Joaquim Mexia Alves

Nota:

Peço encarecidamente que algum eventual comentário não fira a regra de ouro da nossa Tabanca do Centro, fazendo “análises” politicas sobre esta ou aquela situação.