O 4º
ANIVERSÁRIO DA TABANCA DO CENTRO
NA
BURILADA PERSPECTIVA DO ZÉ MANEL DINIS
Esta mania
de sortear automóveis que deu à ministra das Finanças, está a constituir
uma muito agradável surpresa. Esta afirmação tem sustentabilidade no encontro
ocorrido em Monte Real no passado dia 31. Celebrou-se ali a passagem do
4º.aniversário da Tabanca do Centro, e se o fluxo foi numeroso, não se viram
peregrinos ao longo das estradas e magnificas auto-estradas que para ali se
dirigem. Mas as vias de comunicação mostraram movimentos inusitados de
magníficos automóveis, onde os garbosos antigos combatentes se faziam
transportar para a confraternização em torno do célebre cozido. Com a crise
profunda que esmaga pensões e dilata os impostos, temos que reconhecer a óptima
ideia de S.Exa. Que os deuses a protejam!
Entre os
convivas destacava-se a armada de S.Exa. o Almirante de Buarcos, que fez
deslocar grande parte da tripulação, com fanfarra e estandartes (estes artigos
não chegaram e chegar, porque não tinham fome), todos numa comitiva de grande
expressão e gáudio. S.Exa., ora pisando os perigosos caminhos da frente, ora no
meio ou na retaguarda em consonância com a irrequietude e alegria que irradia.
Viva o Gama (vasco da), saudavam-no dos passeios antes do encontro no café,
onde se disfrutava de ondas de aperitivos.
Com uma
aterragem perfeita, sem esforçar os travões, nem fazer chiar as rodas no
pavimento, o também magnífico Pessoa nunca se desembaraçou do pára-quedas
que passou a usar em posição frontal, sobre a região do
abdómen. Acompanhava-o a delicada pára-quedista Giselda, que há muito se
lhe afeiçoou e vem dedicando, mostrando à saciedade que lá do alto podem
aterrar amores insuspeitos. Outro concorrente chegou acompanhado da sua
Mercedes, sempre esbelta e magnífica. Simpático e sequioso, o aviador Matos logo
providenciou por se integrar no grupo dos amigos que aquecem copos nas mãos.
Atarefado, e
em permanente preocupação com o bom andamento do protocolo, o grande régulo
Mexia em todas as direcções, distribuindo apertos-de-mão, sorrisos, e palavras
encorajantes para o assalto que se avizinhava. Até aqui a reportagem baseou-se
em revelações de fontes fidedignas, pelo que me desligo de responsabilidades.
Acompanhei o
Marques e a Gina na viagem desde a Costa do Sol. Pelo caminho a coluna ainda
englobou outros quatro valorosos comandados pelo Moreira. Passámos pelas hostes
em adiantado estado de preparação para o ataque, sem que lhes despertássemos a
mínima curiosidade, pois já se apresentavam numa formação de rebaldaria que
caracteriza as acções destes homens bem treinados. Por entre a multidão
ululante, ainda distingui o Sr. Abreu, que distribuía exemplares de um
manifesto pessoal de aproximação à grande China.
Ao toque de
apresentação, toda a gente desalinhou convenientemente no passeio, deixando os
técnicos das fotografias em palpitações aflitivas, quando se deram conta de que
não dispunham de grandessíssimas angulares onde coubesse toda a gente.
Destaquei entretanto algumas figuras de renome mundial (o resto do universo não
interessa para este relato), o Sousa, o Belarmino, o Reis, o JERO, e outros que
entraram em turbilhão no meu espaço visual, mas formavam um conjunto de
gabarito irrenunciável, com expressões de competência e determinação.
Após aquele
acto solene da apresentação para a posteridade, começou a deslocação na
direcção do objectivo. Alegravam-se mais as hostes que rapidamente venceram o
estrangulamento da entrada e ocuparam estrategicamente as suas posições.
Trocaram-se sinais secretos e estímulos para o bom apetite. A ala feminina,
ainda antes dos toques para início da refrega, foram presenteadas com o sorteio
de três pratos em cerâmica genuína local, de fino recorte e decorações
pictóricas. Dois elementos aproveitaram a confusão para, no aproveitamento do
conjunto legislativo que veio consignar a legitimidade dos casamentos entre
pessoas do mesmo género, declaram que tinham decidido juntar os seus destinos,
mas que ainda não tinham decidido se iriam adoptar por ser fufas ou panascas,
apenas por uma indecisão estética. Estavam nisto, quando foi anunciado o número
que atribuiu o primeiro prato: foi o dois, e logo um dos membros do casal
gritou, DUAS! SOMOS NÓS! Só não ganharam o prémio em sorteio, depois de
lexicamente vencidas pela verdade irrevogável de que o Dois nunca se pronuncia
Duas.
Comeram-se
chispes, chouriços de sangue, morcelas e farinheiras, entrecosto
e saborosas carnes de vaca e de porco, sempre acolitados por fartura de
couves, batatas, nabos e cenouras genuínas, algumas ainda traziam pedaços
da raiz, que comprovavam a autenticidade. Não houve nem desastres, nem vinho
entornado, estava tudo a correr bem. Até que começaram os mais lestos a inundar
a área das sobremesas, e de tal forma o fizeram com êxito espectacular, que foi
necessária um segundo e um terceiro reabastecimentos, sem que fosse
necessário qualquer toque para retirar. A tremenda vitória foi celebrada
com vinhos finos e mistelas da Escócia que são muito apreciadas por esta
juventude guerreira, depois do serviço de cafés que teve a função de
garantir a espevitadela do regresso aos bravos heróis desta confraternização.
Aos oitenta mastigantes, número que incluiu alguns periquitos e deixou na
enfermaria alguns veteranos vítimas da velocidade na afirmação, envio os meus
votos para que da próxima possam caber mais alguns no campo de
batalha.
José Manuel Matos Dinis
6 comentários:
Caros amigos
Aqui está uma reportagem na linha das que o Zé Dinis costuma fazer sobre a "Linha".
No essencial 'cobre' tudo, com aquele seu jeito observador.
E mesmo ligeiramente 'lesionado' (reparem no efeito da lâmina nova no seu queixo, conforme se vê na foto) manteve a boa disposição para se tentar 'infiltrar' a fim de ganhar um dos pratos sorteados, o n.º 2, conforme ele recorda sem que, modestamente, refira o seu nome como sendo um dos pretendentes falhados.
Abraço
Hélder S.
A reportagem saíu com várias falhas de conjugação verbal, do que peço desculpa, entre outras mazelas próprias de um texto tão politicamente comprometido.
Deve ter resultado da falta de energia, pois calhou-me em sorte (ou azar?) ficar sentado à mesa com dois ábituês das almoçaradas, o Bélar e o Sousa, individuos que palmilham km para dar ao dente, e alinharam a travessa conforme as suas conveniências.
Para a próxima vou comer na cozinha.
JD
Obrigado pelo teu contributo, Zé Dinis.Gostei de ler o teu texto que me fez rir.
Será que para a próxima tu e o teu amiguinho vão ganhar algum prato?
Não te preocupes com eventuais dislates de conjugação verbal pois cá por casa não há a prática da recensão feroz, mas antes o são convívio "mastigante" alicerçado numa sã e verdadeira Camaradagem, onde cabem todos os Combatentes.
Pena que não possas aparecer mais vezes e não tenhas trazido contigo o nosso Amigo Jorge Rosales.
Um abraço amigo do
Vasco A. R. da Gama
OLÁ ZÉ DINIS,
FOI UM REGABOFE DE RISO ESTE TEU BEM HUMORADO ESCRITO SOBRE UM DOS ACONTECIMENTOS NACIONAIS DE MAIOR RELEVO... " O ATAQUE À VITUALHA" EM MONTE REAL,NESSA TABANCA DO CENTRO CONHECIDA ALÉM FRONTEIRAS...
COMO SEMPRE,A AVALIAR PELOS TEUS RASGADOS ELOGIOS QUE SE JUNTARAM A OUTROS TESTEMUNHOS,FOI UM GOLPE DE MÃO BEM CONSEGUIDO NESSE ESPAÇO DE AMIZADE QUE A MALTA DO CENTRO CRIOU. ABRAÇO PARA TI E PARA TODO O "MUNDO COMEDOR"...
Caro José Dinis
Foi um prazer rever-te aqui pela Tabanca do Centro.
Tens sempre um modo de escrever que me abre um sorriso, por "ver" como "vês" o que eu "vejo".
Obrigado.
Um abraço amigo e ... volta sempre
Joaquim Mexia Alves
Boa noite JD
Mais vale tarde que nunca...Gostei muito de te ver e...de te ler. Continuas em alta. Bora viver.
Grande abraço de Alcobaça.
JERO
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