.
No
destacamento de Mato Cão, onde estive cerca de uns longos 9 meses, não havia
água, que era preciso ir buscar a outro lugar para beber e cozinhar.
Assim
o pessoal tomava banho num poço junto ao rio Geba, (servindo-se de uma terrina
de sopa da tropa para tirar a água do poço e depois umas “elegantíssimas” latas
grandes de conserva, para fazer a vez de chuveiro), no sopé do planalto em que
estava instalado o destacamento, de onde a água saía com um aspecto cor e
cheiro, comparáveis a qualquer sanita mal lavada!
As
muitas queixas de todo o pessoal junto da sede do Batalhão tiveram como
resultado uma decisão, quanto a mim inédita nos seus aspectos práticos e
eficazes.
Foi
enviado um guineense que fazia poços, para o Mato Cão, para proceder à abertura
de um dito cujo, em cima no planalto do destacamento.
O
homem teria a minha altura, ou até talvez fosse mais alto, se bem me recordo, e
sentado sobre as suas pernas, ia abrindo um poço à sua volta, mas com uma
perfeição de “corte”, que o círculo do poço parecia feito por uma máquina.
Não
sei quantos metros de profundidade alcançou, (mas foram bastantes), nem quantos
dias demorou, mas água … nada!
O
que era óbvio, pois seria bem difícil que na altura que constituía o planalto,
houvesse alguma água, que sem dúvida estaria bem mais abaixo, ao nível do rio
Geba!
Lembro-me
também que à profundidade a que o homem chegou, o calor dentro do poço era
praticamente insuportável!
Continuamos
assim na nossa vidinha de sempre, utilizando o poço junto ao rio e trazendo a
água para beber, (pouca, porque havia cerveja), e cozinhar, no “burrinho” que
apenas conseguia subir para o destacamento em marcha atrás!!!
Se
repararem na fotografia que ilustra o nosso blogue, poderão ver uma espécie de “toldo”
feito de folhas de palmeira, que cobre o dito poço que estava a ser feito, para
ao menos mitigar um pouco do calor, que lá em baixo o homem tinha de suportar.
Monte
Real, 19 de Outubro de 2012
.
.
2 comentários:
Ao ler este relato, relembro que barafustava contra a água que tinhamos em Bissau, para tomar banho. "Dá Deus nozes a quem não tem dentes"!..Pois é amigo, quem estava no mato muito sofria, sob todos os aspectos. O que vale é que já passou embora não se esqueça!.. Um abraço Mª Arminda
Mas o homem deu com água ou não?
Pegando no que a Arminda escreve,
quanto à água de Bissau, que me lembre também era muito má e quando vim de ferias até no hotel onde fiquei mais um furriel da CCS o banho era à Fula. Um bidão e uma lata de conserva de fruta para despejar água pela cabeça.
Banhos só no Saltinho onde a dita era uma fartura.
O furriel era natural de Tomar. Nunca mais o vi.
Um abraço
Enviar um comentário