quinta-feira, 4 de setembro de 2025

P1547: CONSELHO DE AMIGO

                 CONVERSA DE CHACHA…

Aconteceu-me há uns tempos que, no seguimento de um almoço-convívio da Velha Guarda Paraquedista realizado na AFAP - evento onde sou sempre bem recebido - percorri a sala adjacente onde outro pessoal almoçava igualmente, com o objectivo de cumprimentar velhos conhecidos presentes.

Acabei por parar na cavaqueira com um grupo para mim desconhecido e, palavra puxa palavra, acabámos por focar a conversa nos nossos velhos tempos da Guiné, pois chegámos à conclusão de que tínhamos estado lá na mesma altura.

Suponho que, por eu estar rodeado de pessoal paraquedista, o meu interlocutor me terá “identificado” como um paraquedista também; mas, dada a proximidade entre a BA12 e o BCP12 – ao lado um do outro em Bissalanca – as memórias acabam por se misturar e fui elucidando com alguma facilidade o sujeito sobre os pilotos e os paraquedistas que conhecia daquele tempo. E tanto falámos dos paraquedistas Rafael Durão, Araújo e Sá, Calheiros, Cordeiro, como dos pilotos Lemos Ferreira, TC Brito, Pedroso de Almeida, Mantovani, com quem tínhamos lidado naquela época.

A dada altura, resolve o sujeito perguntar-me se “eu sabia alguma coisa do Pessoa”. Como me convenci que ele me estava a confundir com um “pára”, disse-lhe que poucos contactos tinha tido com esse Major Paraquedista.

“Não”, diz-me ele. “Não é esse Pessoa! É o piloto cujo avião foi abatido lá na Guiné!”

“Eh pá, esse Pessoa sou eu!...”, respondi-lhe. Não admira que, com mais 50 anos em cima e uns bons quilos a mais, o rapaz não me tenha reconhecido… O facto é que a partir daí a conversa lá entrou nos eixos…

Vem à baila esta conversa de chacha que tive naquela dia com o perigo que às vezes há de se mandar palpites fortes de que se possam vir a arrepender, principalmente se resolverem fazer apreciações depreciativas de alguém de que ouviram falar, mas que desconhecem.

Não foi o caso presente, que ninguém fez comentários depreciativos, mas já assisti a uma cena de alguém que resolveu fazer um comentário jocoso sobre uma cena que lhe tinha sido contada, sem saber que o seu interlocutor era a pessoa visada no seu comentário…

Por isso, meus amigos, cuidado com os comentários que fazem junto de alguém que pouco ou nada conhecem, pois pode suceder que o vosso interlocutor esteja muito mais envolvido no assunto do que vocês pensam…

Miguel Pessoa

7 comentários:

joaquim disse...

E é um bom conselho sem dúvida. Já assisti a situações em que alguém falava de outrem que estava presente e o autor da conversa não sabia. E, por acaso, não levou um par de estalos por pouco!!!!

Anónimo disse...

Joaquim talvez mercidos

joaquim disse...

Sem dúvida! Se fosse eu o alvo da gracinha não sei se me teria contido.

Hélder Valério disse...

Olá! Pois sim, senhor, comentário/recomendação bem avisado. Também já fui protagonista de situações desse género, uma delas aquando da primeira vez que fui a um convívio do pessoal da CCS do BCAV2922, onde estive lá em Piche e quando em certa altura naqueles momentos iniciais de "quem és tu, o que é que fazias lá, etc." e eu disse que me chamava "Valério" e o interlocutor dizia "não, o Valério era mais magro" e eu replicava, "pois, já fui mais magro e nessa altura a alimentação não abundava", e ele começou depois a descrever uma série de peripécias e situações que ele atribuía ao "Valério" e eu dizia "pois, esse era eu!" e assim se andou mais uns instantes até que ele reconheceu (ou fingiu reconhecer...).
Outra situação já uma vez coloquei num "post" na Tabanca Grande (e que não tenho presente se foi republicado aqui) sobre a carte de condução onde em certa altura, estando na esplanada do "Ronda" com amigos dos amigos dos amigos, a conversa derivou para "tirar ou não a certa na tropa" e eu para ir ao jeito dos comentários gerais também disse que "era minha intenção fazê-lo mas lá mais para a frente quando já lá não estivesse um tal Alferes que diziam ser um fdp que era muito rigoroso e chumbava a malta", quando o fulano exatamente ao meu lado dis, calma e civilizadamente "é pá, esse Alferes, sou eu, e não achas que tenho razão"?
Bem feita, não foi?
Abraços.

Anónimo disse...

A propósito das histórias passadas de boca em boca, lembro-me de um episódio em que, estando a recuperar em Lisboa das mazelas sofridas na minha ejecção na Guiné, encontrei um camarada do Exército do meu tempo da Academia Militar. Dada a sua curiosidade, teitei resumidamente descrever-lhe o que se tinha passado na ocasião. A páginas tantas, interrompe-me ele e, com um ar céptico, diz-me ele: "Eh pá, não foi isso que me contaram!". Claro que a conversa acabou logo ali...
Dado que, por mais que uma vez, me contaram pormenores incríveis dessas minhas desventuras, chego à conclusão de que, ou tenho fraca memória, ou há uns tantos marados com muita imaginação!...

Miguel Pessoa disse...

O último comentário é do Miguel Pessoa (o próprio...)

Anónimo disse...

Ó Miguel o outro também viu o acidente fatal da Giselda!!! É só artistas!!!!