segunda-feira, 30 de dezembro de 2024
segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
sábado, 21 de dezembro de 2024
P1508: UM CONTO DE NATAL
REENCONTRO
Tantas vezes já tinha tentado falar com os seus pais para lhes pedir perdão por tantas coisas erradas que tinha feito e que o tinham levado a sair de casa. Tantos problemas que tinha causado e tinham entristecido os seus pais que, no entanto, sempre lhe respondiam com todo o amor que tinham por ele.
Lembrava-se de ter saído intempestivamente de casa, dizendo que se ia embora para sempre, deixando-os mergulhados numa profunda tristeza e desalento.
Agora via tudo isso, mas naquele tempo, um qualquer mal que ele não entendia, tinha-o levado a quase odiá-los por não quererem entender, julgava ele, as suas “verdades”.
O que seria feito deles?
Sabia que viviam na mesma casa de sempre, que os anos tinham passado por eles, e alguém lhe tinha dito que viviam sem alegria.
Também ele agora, passados aqueles anos loucos em que se tinha deixado consumir pelos maus caminhos, pela droga, pela sua mania de tudo pensar saber, sentia uma enorme tristeza dentro de si que, quando reflectia conscientemente, percebia que não era só pela vida que tinha levado, mas sobretudo por aquilo que tinha feito a seus pais e por este afastamento deles que agora vivia.
De repente percebeu algo tão nítido que ficou surpreso com ele mesmo.
“Aquilo que tinha feito a seus pais”! “Tinha
feito”!
Então se “tinha feito”, pensou ele, era passado e estava muito a tempo de ir ter com eles, pedir perdão e deixar que o amor que ele sabia eles lhe tinham, fazer o resto.
Mas dentro dele ainda vivia um orgulho
quase incontrolado.
Ir ter com eles e pedir perdão era reconhecer que tinha errado e, se ele queria sentir a paz do perdão dentro de si, a realidade é que teria de reconhecer que afinal não era dono da verdade e tinha errado, e isso parecia-lhe uma barreira quase intransponível.
Mas ele agora estava tão bem!
Tinha vencido o vício, tinha um bom emprego, um bom apartamento, enfim, uma boa vida e, no entanto, percebia, mais uma vez, que aquela situação não o deixava ser feliz e viver em paz.
Era véspera de Natal, e ele lembrou-se de que nesse mês e nesse dia, algo de bom, de sensível, se vivia sempre em casa dos seus pais, com os preparativos e a chegada do Natal, com uma alegria calma e aconchegante.
Já não rezava há tanto tempo, pensou
ele.
Tudo isso tinha afastado da sua vida e já nem se lembrava das orações que faziam em casa de seus pais.
De qualquer modo fechou os olhos, baixou a cabeça, e quase num murmúrio disse: Menino Jesus, se me amas, ajuda-me a nascer de novo.
Veio ao seu coração uma certeza inabalável: Tinha que ir a casa dos seus pais nessa noite pedir-lhes perdão e que o deixassem passar com eles a noite de Natal.
Num instante colocou algumas coisas num saco e partiu de viagem, porque já era tarde e ainda tinha muito quilómetros para fazer.
Longe, na terra de seus pais, já se
celebrava a Missa do Galo e eles lá estavam, como sempre na igreja, tentando
viver com alguma alegria a noite de Natal.
Mas era quase impossível, porque o seu
filho longe e sem saberem onde, gerava uma tristeza muito profunda nos seus
corações.
Deram as mãos no Pai Nosso e mesmo sem dizerem nada um ao outro, sabiam que nessa oração pediam ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo por aquele filho a quem tanto amavam.
Acabada a Missa saíram da igreja e caminharam apressadamente, por causa do frio, para sua casa que era ali bem perto.
Quando chegaram perto de casa, perceberam que junto à porta de entrada estava um vulto de homem, e ficaram um pouco receosos.
À medida que se aproximavam parecia-lhes que o ar se tornava mais leve, que uma qualquer melodia enchia aquela rua, que uma expectativa alegre tomava conta dos seus corações.
Foi então que reconheceram o seu filho junto à porta e, sem pensarem nem um pouco, correram para ele enquanto ele corria para eles, também.
Abraçaram-se chorando de alegria e quando ele tentava pedir-lhes perdão, eles só lhe diziam: Obrigado, obrigado por teres vindo ter connosco. Vem, entremos em casa e vivamos o Natal que fez renascer o nosso menino.
No presépio, podiam jurar que o Menino Jesus, Maria e José, sorriam embevecidos com os abraços intermináveis daquela família.
Marinha
Grande, 21 de Dezembro de 2024
Joaquim
Mexia Alves
terça-feira, 17 de dezembro de 2024
P1507: OUTRAS FESTAS NATALÍCIAS
NATAL – UMA ÉPOCA MÁGICA
![]() |
Juvenal Amado |
Tanta coisa que soava a agressão, para
quem não podia reclamá-las.
A mãe fazia os fritos de abóbora, a
batata doce frita em rodelas envoltas em açúcar e canela e uns bolinhos também
fritos a que chamam hoje carolinas.
Era uma azáfama com que se preparava o
festejo.
Comiam carne pois de bacalhau estavam fartos, eventualmente havia laranjada, bebia-se café de cevada e petiscavam os fritos e bolinhos.
As crianças deitadas agitadas mal
dormiam para ir ao sapatinho onde as esperavam as alegrias que o menino Jesus
lá tinha deixado - e também desilusões.
O comboio tinha ficado nalguma estação e
a boneca tinha ido parar por engano a outra casa. A título de justificação o
pai e mãe diziam que iam ver como tal tinha acontecido.
O pai fazia a maior parte dos brinquedos
às escondidas. Pistolas e espingardas, camas e guarda-roupa para as bonecas.
Era tudo lindo, a que se juntava uns lápis e chapéus de chocolate.
O tempo foi passado e, na vez de brinquedos, começaram a receber umas meias, uns sapatos, uma mala para a escola – material que há muito fazia falta. Rapidamente se passou dos brinquedos para as necessidades mais prementes.
Os Natais foram melhorando em função dos
filhos que logo que saídos da escola iam trabalhar. Perdia-se a magia em troca
de mais alguns bens que se podiam comprar.
Para o filho mais velho o Natal teve
mais tarde outro significado, que foi o da saudade, quando em África passou
três Natais seguidos.
O tempo corria lento e pesado, o suor corria denso encharcando o caqui nas longas noites de serviço ou em patrulhas esgotantes e perigosas. Não pensava no regresso pois era doloroso, embriagava-se e espantava assim a melancolia junto com os camaradas. Para casa escrevia que tinha sido bom e que estava bem.
Em Abril de 74 regressou a casa. Para
trás ficou um muro de recordações de bons, assim/assim e inesquecíveis maus
momentos.
Perderam-se os convívios, os calores humanos, tinha regressado - mas nunca totalmente. O que se perdeu lá ficou no passado por vezes sangrento, feito de medo e solidão, que hoje será coragem.
Casou, teve filhos e finalmente reviu-se
nos Natais passados ao assistir à agitação dos mais pequenos na antevisão das
prendas no sapatinho.
E a magia voltou a acontecer.
17
de Dezembro de 2024
Juvenal Sacadura Amado
terça-feira, 10 de dezembro de 2024
sexta-feira, 6 de dezembro de 2024
P1505: 100º ENCONTRO DA TABANCA DO CENTRO - 29NOV2024
sexta-feira, 29 de novembro de 2024
quinta-feira, 28 de novembro de 2024
P1503: RECORDANDO O 1º ENCONTRO DA TABANCA DO CENTRO
terça-feira, 26 de novembro de 2024
sexta-feira, 22 de novembro de 2024
segunda-feira, 18 de novembro de 2024
P1500: MEMÓRIAS DA GUINÉ, PASSADOS 51 ANOS
LOUVOR
Passam hoje 51 anos que este louvor foi publicado na Ordem de Serviço do Comando Territorial Independente da Guiné.
Ainda não sabia naquela altura (já tinha então acabado a Comissão Militar de 21 meses) quando seria o meu regresso a Portugal.
A C Caç 15 dos Balantas de Mansoa, era então a minha família e, embora desejasse obviamente muito regressar a casa, isso não constituía uma preocupação permanente.
Passado pouco mais de um mês, em Dezembro, fui surpreendido, verdadeiramente surpreendido, com a ordem de regresso a Portugal, de tal modo que quase não tive tempo de me despedir de todos aqueles que comigo estavam, porque a mala era então fácil de fazer, pois era apenas um pequeno saco com mais whisky do que roupa.
E assim regressei a tempo de ainda quase no limite passar o Natal de 1973, com a família em Monte Real, o que obviamente, foi para os meus pais, irmãs e irmãos, e para mim, um belíssimo presente de Natal.
Ainda hoje em dia me orgulho deste louvor e nele me revejo inteiramente.
Aqui fica a recordação.
Por Portugal, sempre!
Joaquim
Mexia Alves
quinta-feira, 14 de novembro de 2024
sexta-feira, 8 de novembro de 2024
P1498: UM MARCO IMPORTANTE
100º ENCONTRO DA TABANCA DO CENTRO
Pois é, meus camarigos, o tempo passa a voar e em Janeiro a Tabanca do Centro faz 15 anos!
Mas antes disso e já no dia 29 de Novembro, vamos ter o nosso 100º Encontro, o que é uma marca digna de ser comemorada.
Com efeito, tirando o tempo da pandemia, a Tabanca do Centro reuniu uma média de 8 vezes por ano. De fora ficaram por norma os meses de Julho e Agosto (com a dispersão do pessoal no período de férias de verão), Dezembro (devido à sobreposição com os tradicionais festejos de Natal) e o mês em que a Tabanca Grande realizava o seu Encontro Nacional (evento que não teve continuidade nestes últimos anos).
Já vão longe os encontros em que éramos sempre mais de 60 camarigos e, se bem me lembro, chegámos a ter um encontro com quase 100 camarigos.
Mudámos quatro vezes de local, pois começámos na Pensão Montanha em Monte Real, com o cozido à portuguesa, daí fomos para o salão paroquial de Monte Real, ainda com o excelente cozido à portuguesa da D. Preciosa, de quem temos muitas saudades, depois fizemos uma única experiência na “Tertúlia do Manel” e finalmente assentámos arraiais no Saloon, com o seu buffet, onde nos mantemos, pelo menos por agora.
Vêm camarigos de todo o lado, desde Lisboa até ao Porto, passando por Aveiro e outras paragens deste nosso Portugal.
Desde a primeira hora que no momento do pagamento cada um, segundo as suas possibilidades, dá mais qualquer coisa para podermos ajudar os Combatentes em dificuldades, o que tem acontecido periodicamente.
Vamos envelhecendo, mas vamos mantendo acesa a chama da amizade que une sempre aqueles que, como nós, estiveram numa guerra e foram colocando as suas vidas nas mãos daqueles que estavam ao seu lado.
Cá vos esperamos a todos, a todas as Tabancas que se vão juntando por Portugal afora, para comemorarmos condignamente e em alegria este 100º encontro da Tabanca do Centro.
Joaquim
Mexia Alves
sexta-feira, 1 de novembro de 2024
sexta-feira, 25 de outubro de 2024
terça-feira, 22 de outubro de 2024
quinta-feira, 17 de outubro de 2024
terça-feira, 8 de outubro de 2024
quinta-feira, 3 de outubro de 2024
segunda-feira, 30 de setembro de 2024
P1491: SÓ PARA QUEM POR LÁ PASSOU...
CONVERSAS IMPROVÁVEIS SOBRE A GUERRA
Tens saudades da guerra???
Não,
claro que não!
Então?
Não,
não tenho saudades da guerra, mas de quando em vez instala-se uma espécie de
nostalgia, uma qualquer coisa inexplicável, que me leva até àquele tempo,
àqueles lugares, sobretudo àqueles que comigo estavam e sentiam a mesma tensão,
o mesmo perigo e, por vezes até, o mesmo alheamento.
Mas o que significa isso?
Não
sei, não consigo explicar. É como se por momentos ali quisesse estar outra vez,
não debaixo de fogo, claro, mas vivendo aquele constante sentimento de
insegurança que nos tornava mais perto uns dos outros.
Então não são realmente saudades da guerra?
Não
claro que não! Como poderia ter saudades de algo que é destrutivo, que mata,
que nos torna por vezes quase indiferentes.
É estranho isso.
Sim,
eu sei que é estranho, que é inexplicável, mas a verdade é que o sinto por
vezes, e isso torna-me nostálgico, uma tristeza quase calorosa, que me
transporta para aquele calor, aqueles cheiros, aquela terra vermelha, aquele
pulsar de vida que se via na natureza, constantemente.
São então recordações boas?
Não
direi que são boas recordações, embora algumas delas o sejam, mas um misto de
verdade, de realidade, de sentimento onde não há fingimento.
Não há fingimento?
Sim, pelo menos eu nunca me coibi de chorar quando sentia vontade de chorar, nem de rir quando tinha vontade de rir. Era apenas eu, talvez um pouco imberbe a ser curtido pela vida, mas a descobrir em cada momento um novo alento, um novo querer viver, um novo respirar.
E de tudo isso o que mais te impressionava?
Sei
lá eu bem! Ver gente diferente de mim, mas que eu sentia e vivia como meus
irmãos de armas. Costumes diferentes, falas diferentes, sentires diferentes,
mas que se extinguiam quando chegava o momento de todos sermos um. Sentir que
podia contar com eles e que eles podiam contar comigo.
E a guerra? O mato, os tiros, os ataques?
Graças
a Deus foram relativamente poucos. No início vivia-os como momentos de
incredulidade, ou seja, pensava como era possível alguém querer matar-me ou eu poder
matar alguém. Depois eu, que sou um nervoso constante, ficava numa calma que
não sei explicar e fazia o que tinha a fazer. Finalmente vinha o alívio quando
tudo acabava.
Então é disso que tens saudades?
Não, nem pensar! Tenho saudades, se assim lhes posso chamar, do depois e dos momentos em que nos juntávamos para conversar, para dizer coisas, por vezes sem sentido, para nos rirmos, para criticarmos, enfim, para nos unirmos em torno da situação que vivíamos.
Voltavas para a guerra?
Com
a minha idade, com certeza, que não sou preciso. De qualquer modo, se o país mo
pedisse, não teria dúvidas em fazê-lo. Mas, melhor do que isso, haveria de
lutar primeiro para que nunca se chegasse a uma situação de guerra, porque a
guerra nunca resolve nada. Apenas faz vítimas e alimenta ódios.
Estás em paz?
Sim,
em relação à guerra estou em paz, embora de vez em quando os “fantasmas” desse
passado me visitem e incomodem, mas acabo sempre por encontrar o bem maior que
é a fé cristã que me alimenta e faz viver no dia a dia.
Marinha
Grande, 30 de Setembro de 2024
Joaquim
Mexia Alves
sexta-feira, 27 de setembro de 2024
terça-feira, 24 de setembro de 2024
sábado, 21 de setembro de 2024
P1488: VERDADEIROS HERÓIS...
BOMBEIROS DE PORTUGAL, OBRIGADO!
Levanto as minhas preces para Deus pelos Bombeiros que lutam contra o fogo.
É um combate desleal, porque o fogo não tem sentimentos, o fogo não “vê” crianças, mulheres, homens, velhos, não “sente” o trabalho de uma vida colocado numa casa, num terreno, num pinhal, não “ouve” os lamentos de quem tudo perde e fica sem saber como reagir.
E os Bombeiros enfrentam tudo isso, com risco da própria vida, que tantas vezes perdem ao serviço dos outros.
Chamam-lhes os “soldados da paz”, e são-no realmente, porque apenas querem “matar” o fogo para dar paz àqueles que são vítimas do mesmo.
E devem sofrer frustrações terríveis quando não conseguem, apesar de todo o seu esforço, salvar todas as pessoas e bens.
E pior ainda quando percebem, impotentes, como a política se mete no meio deste combate ao fogo, nomeando coordenadores que não têm qualquer competência ou capacidade de chefia, mas apenas porque são da cor política ou similar.
E depois ainda têm que ver os políticos “passearem-se” pelos locais de incêndios, dizendo coisas sem sentido, fazendo promessas nunca cumpridas, percebendo que ao longo dos anos tudo permanece perfeitamente na mesma, porque uma vez passada a “época dos fogos”, tudo regressa ao normal, excepto para aqueles que tudo perderam e para os Bombeiros, sobretudo aqueles que pereceram no fogo.
“Época dos fogos” até parece uma coisa irreal, como a “época da caça”, a “época da sardinha”, etc., etc.
Só para os incompetentes é que não há época!
Estão ao “serviço” permanentemente!
É preciso uma justiça competente, com a “mão pesada”, para esta “praga” de fogos que se repete todos os anos, a maior parte das vezes fogos ateados em zonas escolhidas por tantas e variadas razões, todas elas ligadas aos “negócios” e coisas parecidas.
Para quando uma verdadeira homenagem nacional aos Bombeiros, não para os políticos e seus coordenadores se mostrarem, mas para Portugal dizer obrigado a todos aqueles que são verdadeiramente os Soldados da Paz.
Que Deus cubra de bênçãos os Bombeiros e lhes pague em dobro tudo o que fazem por nós.
Obrigado, Bombeiros de Portugal!
Marinha
Grande, 21 de Setembro de 2024
Joaquim Mexia Alves
quinta-feira, 19 de setembro de 2024
sábado, 14 de setembro de 2024
terça-feira, 9 de julho de 2024
terça-feira, 2 de julho de 2024
P1484: ADAPTADO DA REVISTA SÁBADO E TABANCA GRANDE - DIREITO À INDIGNAÇÃO

Caros amigos
Fui alertado por amigos desta notícia saída na Revista Sábado, e que também foi transmitida no canal Now ontem ou sábado às 18.30
Trata-se de uma situação incrível, como é habitual, de desprezo e abandono daqueles que lutaram sob a bandeira portuguesa.
Sugiro que fosse objecto de publicação nos blogues, pedindo a quem puder e tiver influência para isso, a ajuda a este combatente guineense.
Afinal as gémeas brasileiras tiveram a nacionalidade de um dia para o outro, mas este camarigo que combateu ao nosso lado anda de "herodes para pilatos", num desprezo total pela sua vida.
https://www.sabado.pt/portugal/amp/amigos-na-guerra
Ainda sobre o assunto enviei hoje ao Presidente da República, ao Primeiro Ministro e Ministro da Defesa Nacional, o email que anexo.
"Exmo. Sr. Presidente da República
Reporto-me à notícia da Revista Sábado n.º 1052, que refere um antigo combatente guineense, Seco Mané, que serviu nas Forças Armadas Portuguesas, tendo sido ferido em combate, e que vive agora uma situação desesperada em Lisboa.
Trata-se de obter a nacionalidade portuguesa, (o que é estranho não lhe ser de imediato concedida, tendo ele sido para todos os efeitos um militar português, quando a outros sem essa condição já a têm), para que possa ter direito os tratamentos de saúde inerentes, ainda, aos seus ferimentos em combate por Portugal.
Sou um antigo combatente da Guiné, de 1971 a 1973, e esta situação, (para já não falar de outras) afigura-se-me uma vergonha para Portugal.
Venho assim, junto de V. Exa, solicitar todo o seu empenho para que tal situação seja resolvida no mais curto espaço de tempo, porque é de toda a justiça que tal aconteça para quem entregou parte da sua vida pela Pátria.
Tudo está explicado na referida notícia.
Com os melhores cumprimentos
Joaquim Manuel de Magalhães Mexia Alves
Ex- Alferes Miliciano de Operações Especiais"
2. Nota do editor do Blogue "Luís Graça e Camaradas da Guiné":
É certo e sabido a falta de consideração e o abandono a que estão sujeitos os antigos Combatentes, sejam eles brancos ou pretos.
Vi, na Now TV, a reportagem do nosso confrade Fernando Jesus Sousa, que quis o destino encontrasse um seu velho camarada da CCAÇ 6, o Seco Mané, num corredor da Associação dos Deficientes da Forças Armadas, em Lisboa, que vive em condições precárias em Portugal, com o seu filho, para tentar, junto do Hospital Militar de Lisboa, resolver um problema que tem a ver com ferimentos recebidos em combate, em Bedanda nos anos 70, ao serviço do Exército Português.
Como reza a notícia, estranhamente não tem direito à nacionalidade portuguesa apesar de o seu cartão de militar exibir as cores da nossa, e da dele, bandeira.
Lendo o caso na Revista Sábado, o nosso camarigo Joaquim Mexia Alves tomou a iniciativa de enviar ao Senhor Presidente da República, Senhor Primeiro Ministro e Senhor Ministro da Defesa, uma mensagem a dar conhecimento desta injustiça, pedindo ao mesmo tempo os seus bons ofícios no sentido de que se resolva este assunto no mais curto espaço de tempo possível.
O que sugiro? Que cada um de nós envie mensagens similares, o Joaquim Mexia Alves não se importa que se utilize a mensagem dele, às entidades abaixo citadas para que sintam que estamos todos unidos, portugueses de Portugal e camaradas guineenses que não tendo optado pelo nacionalidade portuguesa, tenham direito a ela quanto mais não seja para terem acesso ao tratamento das mazelas advindas de ferimentos em combate.
Para vos facilitar a vida, indico a maneira mais prática de aceder aos respectivos formulários de contacto.
Presidente da República: https://www.presidencia.pt/contactos/formulario-de-contacto/
Primeiro Ministro: https://www.portugal.gov.pt/pt/gc24/primeiro-ministro/contactos
Ministro da Defesa Nacional: https://www.portugal.gov.pt/pt/gc24/area-de-governo/defesa-nacional/contactos
Não me lembro de alguma vez vos ter pedido alguma coisa, desta vez faço-o para que juntos façamos sentir a quem de direito que ainda existimos e que nem sempre as nossas petições são dinheiro, também queremos os direitos e o respeito que nos são devidos enquanto antigos Combatentes.
Não estamos a pedir, estamos a exigir.
Carlos Vinhal