BICHOS POUCO RECOMENDÁVEIS…
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José Belo |
Custa a acreditar que no Círculo Polar Ártico as
carraças existam em abundância nas curtas semanas que dura o Verão local.
Sobrevivem aos 40 graus negativos e à escuridão, espalhando-se agora por todos
os animais que vivem na floresta (e são muitos!). Desde as manadas de renas aos
alces, ursos, gazelas, linces, raposas, etc.
Os cães usam nesta época coleiras especiais
impregnadas com um produto químico contra a carraça.
São curtas as semanas em que estão activas mas podem
causar sérios problemas de saúde para toda a vida. A doença chama-se aqui borelia; não sei como aí será
denominada, mas creio que tem o mesmo nome.
As renas e os outros animais movem-se em distâncias
enormes desde o norte da Rússia ao Atlântico e nos últimos anos têm
transportado uma espécie de carraça que não existia na Escandinávia, para a
mordedura da qual não há o mínimo remédio.
Nas florestas e estepes estas carraças, transportadas
tanto pelos rebanhos de milhares de renas como pela muito numerosa fauna selvagem,
são um verdadeiro flagelo durante as 3 semanas do Verão local.
As febres, graves inflamações cerebrais, borelia, etc, causam doenças crónicas,
algumas delas mortais pela não existência de tratamento para as mesmas. Todos
os que por aqui vivem se vacinam durante anos sucessivos, mas infelizmente as
novas espécies de carraças trazidas ultimamente desde as estepes russas
ultrapassam os efeitos das vacinas existentes.
Este pequeno animal resiste não só aos quarenta graus negativos dos nossos
Invernos como aos nove meses de contínua neve no solo (Um pouco como os
geniais políticos lusitanos que a tudo sobrevivem).
Precisamente neste
período do ano chegam do estrangeiro numerosos “ranchos” de trabalhadores
(muitos tailandeses) contratados pelas fábricas de frutos enlatados para
colherem uma quantidade de toneladas das mais variadas bagas aqui existentes e
muito apreciadas como compotas, marmeladas, geleias, ou nas variantes de
frescas ou congeladas. As exportações para a Alemanha, entre outros, são
enormes.
Depois de introdução às realidades do mato selvagem
envolvente feita normalmente por um capataz lapão, tudo transmitido no
noticiário da TV local, um dos tailandeses preocupado com a numerosa fauna
selvagem que iria encontrar pergunta ao lapão:
- Qual é o animal mais perigoso passível de ser encontrado nas florestas
locais?
O lapão,depois de uma longa pausa meditativa (quase a “modos que” alentejana)
responde: - A carraça!
As febres, graves inflamações cerebrais, borelia, etc,
causam doenças crónicas, algumas delas mortais pela não existência de
tratamento para as mesmas. Todos os que por aqui vivem se vacinam durante
anos sucessivos, mas infelizmente as novas espécies de carraças trazidas
ultimamente desde as estepes russas ultrapassam os efeitos das vacinas
existentes.
Desde o extremo sul da Europa até aqui já bem dentro do Círculo
Polar as víboras existem!... Parece incrível mas, com as temperaturas do
inverno, a escuridão e os metros de neve e gelo no solo, estes animais entram
em hibernação e acordam no mês de Junho.
Estando activas nesse
curto período, é recomendável ter-se em casa ampolas de soro antiofídico. A
mordedura num adulto saudável não costuma causar perigo de vida, mas quanto às
crianças a coisa pode ser francamente grave.
Quanto aos nossos
inseparáveis cães, o problema também é sério pois são normalmente mordidos no
focinho.
As injeções de soro
antiofídico também são aplicáveis às “alimárias”. De qualquer modo a
vastíssima área da Lapónia está bem coberta pelos helicópteros ambulância em
casos de gravidade.
Enfim... a Lapónia
não se resume a renas… e vodka!
José Belo