segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

P1107: MEMÓRIAS DO ENFERMERO JERO


DOUTOR POR PARTE DA MÃE
OU DO PAI?!

Dr. Nascimento e Sousa
Passou-se em Alcobaça com António Nascimento e Sousa, que foi médico radiologista uma vida inteira. Durante a guerra do Ultramar foi mobilizado para a Guiné, já com 30 e muitos anos, tendo prestado serviço como capitão-médico no HM-241 em Bissau no período de 1968 a 1970.

Um dia – já muito depois dos tempos do HM-241 - uma empregada do seu consultório em Alcobaça anunciou-lhe a presença de um Inspector das Finanças que pretendia examinar a documentação do gabinete de RX.
Nascimento e Sousa, que não conhecia o funcionário, depois de se apresentar perguntou ao inspector qual era o seu nome.
Este apressou-se a responder que era o Doutor Belmiro Tavares.
O nosso conterrâneo Nascimento e Sousa perguntou-lhe de imediato se ele era Doutor por parte da mãe ou… do pai, o que parece não ter sido par­ticularmente apreciado pelo Inspector das Finanças, que ficou com ar algo enfastiado e menos importante…
Mas não deixou de multar os serviços do médico-radiologista Nascimento e Sousa… que gastou umas “massas” mas gozou que nem um “perdido” !


DCR

JERO  (DCR)
A outra história passou-se com um contador de histórias que também andou pela Guiné como enfermeiro militar no período de 1964 a 1966. É bastante mais recente... e menos conhecida.
Também se passou em Alcobaça, no átrio da Biblioteca Municipal, em dia de apresentação de um novo livro… com alguma pompa e circunstância. Doutores e engenheiros por metro quadrado eram mais que muitos.
Quem fazia as despesas das apresentações de quem chegava junto dos (importantes) Editores de Lisboa hesitou momentaneamente quando chegou a  vez do José Eduardo Reis de Oliveira , conhecido como JERO mas… que não tinha título académico. Percebendo a situação… o dito apresentou-se: José Eduardo Reis de Oliveira… DCR!
Percebeu-se nitidamente um certo alívio dos circunstantes e a cerimónia continuou…
Momentos depois um amigo dos tempos de escola que estava por perto perguntou ao JERO: - Que história é essa do DCR?
E a resposta não tardou.
Eh pá, não tem nada que saber: Defesa Central Reformado! Não te lembras que fui defesa central dos juniores do Ginásio de Alcobaça nos tempos do Lourenço, que veio a jogar no Sporting?...
Neste País de Nobres, Doutores e Engenheiros um título… independentemente de não querer dizer nada… dá, por vezes, um certo jeito!

JERO


6 comentários:

joaquim disse...

Fantástico José Eduardo!

Fizeste-me rir e lembraste-me uma história parecida com a do Dr.

Teria eu os meus 20 anos e fui a uma festa em casa de pessoas importante da sociedade de Lisboa.
Foi-me apresentado uma sujeito que as estender-me a mão disse: José ... arquitecto.
Claro que iniciei a minha conversa com ele tratando-o por Sr. José Arquitecto, ao que o sujeito, (devia um pouco à inteligência), me respondeu que arquitecto era a sua licenciatura!!!!

Enfim, vaidades....

Grande abraço
Joaquim

Carlos Vinhal disse...

Caro JERO, achei muita piada ao teu título de DCR.
Actualmente eu e a Dina frequentamos uma Universidade Sénior onde nós os dois e uns poucos mais, somos as "avis raras" que não temos um título atrás do nome. Então a minha mulher que gosta de desmontar tudo, afirma que foi modista de alta costura, mas que não se deve confundir com estilista, porque estas não sabem executar. Quanto a mim digo que tenho a 4.ª classe adiantada mas que era o responsável pela distribuição de energia eléctrica em Média (15.000V) e Baixa (380V) Tensão em todo o Porto de Leixões, e que quando me reformei, ficou um engenheiro com as minhas funções.
Apesar de mal saber ler e escrever, a 4.ª classe adiantada não dá para muito mais, a nossa Reitora achou muito bem que eu criasse um Blogue para a nossa Universidade e nomeou-me "relações públicas", cabendo-me a missão de estar permanentemente em contacto com os colegas para os informar das actividades da Associação.
Aquele abraço.
Carlos

Carlos Vinhal disse...

Caro Joaquim, não vais acreditar, mas tivemos "aqui" um quadro superior que nos ofícios exigia que por baixo do nome aparecesse o título de Professor Doutor Arquitecto Fulano de Tal.
Omito a empresa, o nome do Fulano e o partido que o colocou "aqui".
Abraço
Carlos

Hélder Valério disse...

Meus caros

Duas histórias interessantes e comentários complementares também, além de "educativos".

São raras as pessoas que se contentam com o "Senhor" (ou "Senhora") fulano de tal, são tão possuidores de complexos de inferioridade que têm que estar a atirar aos olhos dos outros as suas qualificações académicas que, como se sabe, não são o mesmo que qualificações profissionais.

Mas gostei de ler, sim senhor!

Hélder Sousa

Carlos Pinheiro disse...

Gostei dos dois artigos do Jero. Fantásticos, cada um à sua maneira, mas mesmo fantásticos.
Parabéns,
Um abraço
CP
Nota: Eu quando estive 3 anos num serviço social, voluntário e gratuito claro, na capital, na Liga dos Bombeiros Portugueses, era frequentemente contactado pelas mais variadas entidades e normalmente intitulavam-me de Doutor. A resposta era asempre a mesma, nem doutor, nem engenheiro nem arquitecto.
Mas um dia, convidada a instituição para uma cerimónia oficial, fui designado para a ir representar, como fiz tantas vezes.Mas não é que daquela vez, onde estariam dois ministros, me pediram, dois dias antes da cerimónia que mandasse para o ministério o meu discurso? A minha resposta foi simples. O discurso é curto. É um minuto e 27 segundos, mas não envio nada antecipadamente.
E depois correuu tudo bem à excepação de um dos ministros que teve que sair à pressa antes da cerimíonia acabar.
Nesta vida acontece um pouco de tudo.
Um abraço camarigos e até quarta.
Carlos Pinheiro

Anónimo disse...

Histórias engraçadas do amigo JERO, com comentários também divertidos, que gostei de ler.
Um abraço para todos.
Mª Arminda