A CAMA DO
AUGUST STRINDBERG
August Strindberg, 1849-1912.
Dramaturgo, pintor, considerado o escritor de maior significado cultural na
literatura Sueca.
O andar no centro de Estocolmo em que viveu de 1908 a
1912, ano da sua morte, é hoje um museu famoso, mantendo-se precisamente como
estava na altura da sua morte.
No Verão de 1974 fui procurado por
um grupo de intelectuais e jornalistas suecos que desejavam trocar impressões
com Otelo.
Confesso ter ficado surpreendido com
uma directora de museu que não era nem velhinha, nem tinha óculos na ponta do
nariz.
Tudo acabou em boa jantarada, na
companhia do "Fidel de Castro da Europa”, num restaurante ao
Príncipe Real cujo proprietário era um Oficial do Exército Brasileiro,
refugiado político entre os cravos lusitanos.
Eu e a senhora Directora ficámos
bons amigos e lá partimos para duas semanas de Albufeira by night (com muita
night e pouca praia!).
No início dos anos oitenta
reencontro inesperadamente a Senhora Directora em Estocolmo.
A curiosidade dela quanto à evolução
da situação em Portugal e quanto a notícias sobre amigos comuns era grande.
Decidimos cear num restaurante
próximo do museu.
Infindável conversa sobre Portugal
pontuada com os inevitáveis SKÅL a vodka.
Pergunta-me se já tinha visitado o
apartamento do Strindberg.
Perante a minha negativa foi
decidido voltar ao museu, buscar a chave e efectuar a visita.
Entrar de madrugada num apartamento decorado
e iluminado precisamente como o faziam em 1900 tinha algo de fantasmagórico.
Um tic-tac de enorme relógio de sala
ecoava.
Depois dos skål anteriores os longos
cortinados de veludo vermelho escuro e a luz difusa convidavam ao sono
A pequena cama do quarto do escritor
parecia cada vez mais convidativa tendo em conta o frio que se fazia sentir lá
fora.
Não recordo quem decidiu... Acabámos
deitados sobre a cama do escritor SAGRADO da literatura sueca!
Grupos de crianças das escolas de
Estocolmo costumam visitar o Museu pela manhã.
Como "A sorte protege os audazes"
amanheceu uma Segunda Feira... dia em que, por aqui, os museus estão encerrados!
PS/ Meus Caros Amigos, não levo a mal que lhes custe acreditar, mesmo para os
que não fazem ideia do profundo respeito com que os suecos olham para
Strindberg e a sua obra.
Em termos comparativos, um somatório de Eça de Queiroz,
Camilo Castelo Branco e Antero de Quental!
Um grande abraço do
José Belo
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