domingo, 23 de junho de 2019

P1147: OUTRAS GENTES, OUTROS COSTUMES


NA SUÉCIA O “MIDSUMMER” FESTEJA
O SOLSTÍCIO DE VERÃO

José Belo
Dia 21 de Junho, solstício de Verão, dia mais longo do ano.
No Norte de Portugal festeja-se o São João. Na Suécia, país protestante, festeja-se nesta data o "Midsummer", que mais não é que o acima referido solstício de Verão.
Festa vinda de tempos imemoriais na qual a natureza é o figurante central.

O tão exótico Sol da Meia-noite que nos proporciona nesta altura do ano algumas semanas de luz contínua e cria  um ambiente quase mágico.
Descrevê-lo para quem nunca o presenciou é tarefa impossível para este tão limitado "escriba".
Não é em nada semelhante à luz do nascer ou pôr-do-sol, mas antes uma luminosidade quase mágica, como que criada para poetas.


A luz do sol da meia noite no Junho de Estocolmo.
Näo é täo forte como na Lapónia mas näo é menos exótica.
Depois dos longos Invernos de nove meses em que o sol nunca sobe no horizonte esta luz cria todo um ambiente propício à Festa.

No centro dos largos principais de aldeias, vilas e cidades levantam-se altos postes decorados com grinaldas de flores.
Tradicionalmente o levantamento dos postes é tarefa unicamente efectuada pelos homens da localidade, em acto simbólico da fecundação da natureza que, neste curto período do ano escandinavo, explode em criação.

A meio da manhã  os habitantes acompanhados por crianças de todas as idades formam grandes círculos concêntricos à volta do poste cantando versos tradicionais e efectuando gestos mímicos variados.
(É o momento da festa favorito das crianças!)
Tudo acompanhado a acordeão, violino e um muito antigo tipo de guitarra-violino de 12 cordas.

Todos colocam à volta da cabeça bonitas grinaldas de flores selvagens.
É então que as tais "suecas-míticas" brilham em toda a sua beleza natural fazendo esquecer a este lusitano que os vinte anos já lá vão... e que nesta altura do ano tem cerca de... trinta anos!

Ao contrário das alcachofras queimadas pelas românticas meninas do Porto na busca dos grandes amores, por aqui as jovens procuram 7 diferentes flores silvestres que devem ser colocadas sob a almofada da cama onde dormem.
Deverão então sonhar com o grande amor da sua vida.
Caso isto não aconteça não será por a magia ter falhado mas sim porque elas apanharam as flores erradas!

Ao meio da tarde come-se bem e bebe-se... ainda melhor! (Aqui estou a ser diplomático!)


A ementa tradicional desta festa consta de infindável variedade de receitas (cada dona de casa tem a sua) de filetes de arenque cru, curados com os mais variados condimentos, como a mostarda, cravinho, pickles, tomate e cebolas variadas, cominho, coentros, endro, etc, etc, etc, que são acompanhados de batata nova (e é fundamental que seja batata nova) e uma mistura de iogurte com natas frescas.


Inúmeros queijos, alguns bem curados e temperados com cominho, muita manteiga e tostas duras. Serve-se também salmão, tanto fumado como curado em mistura de 2/3 de sal, 1/3 de açúcar, pimenta moída e endro - ambos em fatias extremamente finas.
Ovos cozidos, divididos ao meio e cobertos de caviar.


Quantidade de cerveja bem gelada com teor de álcool muito (!) superior ao lusitano, acompanhada em cada gole (!) por uma também infindável variedade de vodkas condimentadas com especiarias.


Para as crianças há as muito saborosas almondegas suecas e um tipo de pequenas salsichas grelhadas.
Tudo isto finalizado por um enorme bolo de morangos com natas.

Depois da bem bebida refeição começa o baile que se prolonga por toda a não existente "noite".

(Dizem alguns que não será por acaso que o mês de Março/Abril é o mês  em que nascem mais crianças na Suécia)

Um grande abraço desde o extremo do extremo norte da Suécia.

José Belo




5 comentários:

joaquim disse...

Bem, meu amigo, deste-me vontade de ir até aí beber qualquer coisinha!!!

O meu amigo Luís Quintanilha, (Piloto da Força Aérea infelizmente já falecido), esteve uns tempos na Suécia, na altura em que era sempre de noite.
Dizia ele com graça que era uma gaita porque não tinha a noção de se era noite para beber ou se era já de dia e não podia beber!!!!

Grande abraço
Joaquim

Hélder Valério disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Hélder Valério disse...

Caros amigos

Admito que tanto tempo de noite é capaz de ser um tanto "traumatizante".
Mas depois, com o sol, as apetitosas comidas e bebidas e também as graciosidades de grinaldas, acho que era capaz de me habituar....

Abraço
Hélder Sousa

Alberto Branquinho disse...

Ó José Belo!

Qual sol da meia noite! É sempre dia.
Nessa altura, é como dizia um nortenho há 50 anos na noite lisboeta, passeando na Baixa: - O mal de Lisboa é que é sempre Domingo e sempre de dia.

É que aí, por esses espaços geográficos nórdicos e neste tempo, com tanto calorzinho "etéreo-mágico" (diz o Autor) e energia solar a descer pela coluna, concentra energia onde nunca (ou quase nunca) costuma. (Quando nos tempos "escuros" acontece concentrar-se, a necessidade de despojamento de tantas roupas toma tanto tempo e tanta energia, que esta se esgota no acto - de despir - como o Autor nos mostrou, em video há alguns anos).

Depois vem a explicação para os nascimentos de Abril: foi por causa das flores... colocadas nas cabeças e nos colchões. NÃ ACREDITO!

Abraço
Alberto Branquinho

Anónimo disse...

Caro Joaquim.

Os”locais”há muito que resolveram o problema quanto ao beber ou não.
No período das 24 horas de luz bebem para esquecer o infindável Inverno.
No Inverno bebem para recordar o curto período do Verão!

Caro Hélder.

A falta de luz é de facto traumatizante.
Obriga os “locais” a desenvolver criatividades quanto à construção das...grinaldas de flores usadas pelas muito-dadas meninas suecas.
Compreensivelmente, evito entrar em detalhes quanto às referidas ”criatividades “ para não incomodar os espíritos tão sensíveis de alguns veteranos das nossas tropas especiais.

Caro Alberto.

Quanto à energia solar descer pela coluna concentrando-se...
Estamos absolutamente de acordo.
Mas quando escreves:”Onde nunca,ou quase nunca costuma...”
Nunca,ou quase nunca?!?!?!?
Com sol da meia noite,ou sem ele;com escuridão total,ou sem ela;não vamos assim tão levianamente menosprezar as quantidades infindáveis da tal “energia solar descendo pela coluna” adquiras por alguns,em tempos já pré históricos,na praia do Tamariz-Estoril!
Concentração de energia agora tão generosamente redistribuída , mesmo nas noites mais escuras dos 40 graus negativos do Círculo Polar!
Mas,e quanto às histórias de as meninas locais,as tais muitíssimo “dadas”,andarem a apanhar flores silvestres (e dormirem?)durante a pseudo noite do tão bem bebido midsommer sueco?
Aí estou contigo quanto ao....NA ACREDITO!

Para todos um grande abraço do J.Belo.