PÁGINAS AMARELECIDAS DE UM IMPÉRIO
O Alferes Rani, seu nome de guerra desde os bons
tempos do Liceu Francês de Lisboa e das noitadas do Pub John Bull de Cascais,
comandava um Pelotão de Atiradores de Infantaria de uma Companhia no norte da
Guiné.
Aparentemente, nada de especial com o facto, não fora
o Rani… um Senhor!
Futuro herdeiro de importante empresa da época ligada
à camionagem e turismo, o Rani gostava de marcar sempre "presença".
Em visita à Tabanca junto ao quartel, apercebeu-se da existência de uma vivenda em ruínas, anteriormente habitada por família de comerciantes brancos.
Ordenou que a mesma fosse lavada cuidadosamente e
levada para a Tabanca. E que aguardassem novas instruções quanto à mesma.
Procurou de imediato, e contratou jovem e robusto
Balanta (dizia-se pagar mais ao Balanta do que recebia de soldo o comandante da
milícia local) como responsável por tudo o ligado à sanita.
O Balanta e a sanita deviam esperá-lo à saída da
Tabanca quando o Pelotão comandado pelo Rani partia para regulares
patrulhamentos na zona operacional da Companhia.
Ao sentir-se "necessitado”, a sanita era colocada
no solo, de preferência em local sombrio, e o Rani... defecava!
Não humildemente de cócoras como todos os outros
mas... senhorialmente SENTADO!
Depois de cuidadosamente limpa a sanita lá voltava ao
ombro do carregador e o patrulhamento continuava.
Apesar de a sanita ser "introduzida" no
pelotão a conveniente distância do quartel é óbvio que o facto depressa se
espalhou entre todos os militares, provocando mais ou menos gargalhadas.
O nome da família, o poder económico e os contactos
íntimos da mesma com o poder político da época, levavam a que... nem o
comandante de companhia nem o comandante do batalhão... mostrassem interesse em
aprofundar as senhoriais garotadas do Rani.
Com a chegada de Spínola à Guiné o comandante de
batalhão foi um dos que acabou por ser afastado e, discretamente no meio de
todas as "convulsões" do momento, o Rani lá foi colocado em
conveniente repartição em Bissau.
Mais ou menos no mesmo período desta aventura do Rani, três outros "meninos muito ricos e históricos" das noitadas dos Estoris e Cascais acabaram por passar pelo mato da Guiné, depois de com as suas pequenas-grandes travessuras terem caído em desgraça familiar a necessitar castigo.
Sem querer "entrar por aí"... Já estamos em
2017...
Para uns "castigo", para outros... DEVER!
Um abraço do José Belo
Lappland/Suécia/2017
3 comentários:
Mas malharam lá com os ossos!
Se fosse hoje continuariam as suas "travessuras"!!!
Grande abraço amigo e colega desses tempos
Joaquim
BELLA storia!!
Pois bem, mas fiquei com duas dúvidas, a saber:
1ª. - Se era, previamente, picado o terreno antes de assentar a sanita no chão e de ele se sentar na dita;
2ª. - Se o balanta transportaria, também, um autoclismo às costas, assim com o radiotelegrafista transportava "aquele" rádio que, a maior parte das vezes nem como arma de arremesso servia.
Para além disso, um BELO abraço.
Alberto Branquinho
Obrigado Camarigo José Belo
Quando a gente julga que já ouviu todas as histórias da Guiné...leva com uma sanita ao ombro !
Toma e embrulha,
Abraço de Alcobaça,
JERO
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