domingo, 17 de abril de 2016

P780: DO MANUEL MAIA - 16

LAS GALLETAS


Cortadas do turismo as grilhetas,
a passo ora anda a vida em "Las Galletas"
num ritmo lentidão que sabe bem...
Os belgas do TEN-BEL foram-se embora
e o pueblo retomou vida d’outrora
sem stress e devagar, como convém...

Na biblioteca, bem documentada,
consegue-se uma tarde bem passada
bebendo da tinerfeña cultura...
O espaço é agradável para ler
podendo dessa forma conhecer
do grande povo e da sua postura...

São quatro da manhã, a brisa corre
e o cheiro a maresia que decorre
anuncia uma manhã bem soalheira...
D´outono mês, o dia é já o segundo,
mais uma vez teremos "verão profundo"
em "Las Galletas" terra hospitaleira ...

Com força estava o mar em suas veias
mas nada qu’impedisse ver baleias,
deixou ver os cetáceos às seis milhas...
Ali entre os "Cristianos" e a "Gomera"
de todos conhecida é a "carretera"
que atrai embarcações das duas ilhas...

O tempo vai passando devagar
p`ra mais de quatro meses junto ao mar
aqui em "Las  Galletas", vou vivendo...
Janeiro,vinte e dois, dia decorre,
o sol brilha no azul e a brisa corre,
num banco, frente ao mar, vou escrevendo...

Gaivotas com seus pios estridentes
nas rochas quebra/mar, impacientes,
pela gratuita bucha por chegar...
De quando em vez em seus voos rasantes
espreitam com os olhos penetrantes
turquezas águas visando pescar.

Os gritos a crescer de intensidade
protestos entendíveis, em verdade,
reflexo já de um hábito ancestral...
"contrato" dá-lhes parte do pescado,
as tripas e algum peixe já amassado
que não iria à lota no final...

E chega enfim, qual benção, refeição.
Sardinha e outro pescado d’ocasião
num belo espectáculo a não perder...
Das mãos dos pescadores, jogado ao mar,
pescado aos bicos fortes vai parar
às vezes, sem mergulho, há que dizer...

Em pleno ar apanham o petisco
isento de trabalho e até de "fisco",
a vida sem esforço vão ganhando...
No céu azul, apenas salpicado
por "flocos de algodão" esbranquiçado,
depois de saciadas vão planando...

Com velas enfunadas, os veleiros,
procuram, alguns deles, bons pesqueiros
p’ras domésticas arcas atulharem...
E o generoso mar não regateia
a todos que o sulcam pois premeia
prazer sentido por o visitarem...

Caminha hoje a semana p’ro final
o dia é vinte e nove e não está mal
da praia o vento trava hoje a vontade...
Diante dum "cortado", na esplanada,
espreito um jornal que não diz nada
senão política banalidade...

Manuel Maia            


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