Aconteceu no passado dia 20 de Outubro em Santo
Tirso.
No seguimento de um
esquema há muito “desenhado” pelo “velho” Alferes Belmiro Tavares da C.Caç.
675, os antigos militares de Binta vão-se encontrando de vez em quando.
Obrigatoriamente um vez por ano no primeiro
ou segundo domingo de Maio. Sem data marcada, e um tanto ou quanto casualmente, noutros locais do País, porque o tempo passa a correr e um encontro anual
começa a saber a pouco…
No dia 20 do corrente mês de Outubro estivemos
em Santo Tirso para mais um convívio de ex-militares. Conversa animada e muitas
recordações dos bons e maus momentos do passado.
Regressámos da Guiné a bordo navio “Uíge” e
chegámos a Lisboa em 3 de Maio de 1966.
Estão passados mais de 47 anos e
reencontrei pela primeira vez desde a data do regresso o “30”, alcunha com que
passou à história o então soldado Mário Alberto Monteiro Pinto, que nasceu em
15 de Julho de 1941 em Couto, freguesia de Santo Cristina, bem perto de Santo
Tirso.
Mário Pinto,
soldado-atirador com o nº. 2330/63, foi uma figura muito popular na Companhia
não só por ser um excelente especialista do morteiro 60, que manuseava com
destreza e mestria, mas principalmente pelo seu invulgar sentido de humor, com
que animava as hostes…
Algumas das suas “partidas” – que
aconteceram durante a noite, como não podia deixar de ser - ficaram registadas
no “Diário” da Companhia como a “história do mangueiro”, “a caça aos
gambuzinos” e a duma armadilha para caçar uma hiena.
A primeira das histórias acabava com um
balde água em cima do candidato a um encontro íntimo com uma nativa debaixo de
um mangueiro, a dos gambuzinos (“mais velha do que a Sé de Braga”) mas que ainda
fez com que alguns menos avisados caíssem numa vala muito mal cheirosa e a da
hiena é requintada e vale a pena contar alguns pormenores.
O”Alcântara”, alfacinha com a mania de
espertalhão, foi convencido a cavar um buraco com mais de um metro de
profundidade para montar uma armadinha a uma hiena que nunca apareceu e se deve
ter ficado rir algures na selva africana.
Esta história deu a volta ao quartel e o
“Alcântara” não ficou muito bem na fotografia e terá perdido alguma da sua
cotação de lisboeta vivido e “prá-frentex”.
Até que um dia, ou melhor uma noite, calhou
a vez ao “30” de ser alvo de uma “partida”, com sentido de humor de gosto muito duvidoso…
Quando se deitou na cama (com mosquiteiro)
na sua caserna mal iluminada sentiu algo de estranho nas costas e encontrou debaixo da manta uma jiboia morta.
Não se livrou de um valente susto e do nojo de ter ficado com as suas costas
cheias de sangue mas… momentos depois estava sereno.
Pegou no réptil, que teria uns 4 metros de
comprimento, e arrastou-o para fora da caserna. Nunca soube quem foi o autor da
partida mas ainda hoje aposta no ”Alcântara”. Sem rancores de qualquer espécie.
E com um sorriso...
O Mário Pinto, mais conhecido pelo “30”, não sabia então como todos nós, que Binta iria fazer parte das nossas vidas «até ao fim do mundo»!
O Mário Pinto, mais conhecido pelo “30”, não sabia então como todos nós, que Binta iria fazer parte das nossas vidas «até ao fim do mundo»!
Até à próxima.
JERO
2 comentários:
Jero, um contador de histórias!
E que bem as conta!
Um grande abraço
Joaquim Mexia Alves
Amigo Jero, é sempre salutar reviver também os momentos de brincadeiras que se passaram entre vós,num período difícil das vossas vidas. Assim à distância de vários anos, a estória contada aos amigos e por um bom contador como é o caso, ainda se torna mais engraçada. Eu que tenho um receio de cobras, teria tido por certo um ataque de coração. Um abraço. Mª Arminda
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