HOMENAGEM
ÀS FLORES QUEIMADAS DO PINHAL DE
LEIRIA,
AO REI D. DINIS E AO SEU PAI D. AFONSO III
AO REI D. DINIS E AO SEU PAI D. AFONSO III
D. DENIS
Ay flores, ay flores do uerde pyno,
se sabedes nouas do meu amigo!
Ay Deus, e hu é?
Ay flores, ay flores do uerde ramo,
se sabedes nouas do meu amado!
Ay Deus, e hu é?
Se sabedes nouas do meu amigo,
aquel que mêtiu do que pos cômigo!
Ay Deus, e hu é?
Se sabedes nouas do meu amado,
aquel que mêtiu do que mh á jurado?
Ay deus, e hu é?
Vos me perguntades polo uoss` amigo,
e eu ben uos digo que é san`e uivo;
Ay Deus, e hu é?
Vos me perguntades polo uoss` amado,
e eu bê uos digo que é uiu`e sano,
Ay Deus, e hu é?
E eu bê uos digo que é san` e uyuo,
e seera uosc` ant` o prazo saydo;
Ay Deus, e hu é?
E eu bê uos digo que é uyu` e sano,
e seera uosc` ant` o prazo passado!
Ay Deus, e hu é?
NOTA - Esta "Cantiga de amigo" foi escrita pelo nosso
Rei Poeta D. Dinis, em meados do Séc. XII, há mais de 650 anos, num português
arcaico próprio da época.
O poema que acabastes de ler fala-nos de uma namorada ansiosa que
pede notícias do amigo ausente às cristas floridas dos pinheiros do verde pyno
do pinhal de Leiria. Estas cristas dos pinheiros respondem que o amigo da
donzela apaixonada chegará antes do prazo.
O nosso Rei D. Dinis, vivendo no Castelo de Leiria, passou muito
do seu tempo por terras de Monte Real (sede territorial da Tabanca do
Centro) e arredores, embalado pelos seus encantos amorosos. Hoje, se
voltasse, já não encontraria mais cristas floridas nos vetustos pinheiros
do pinhal que plantou.
Morreu o verde pinho do Rei Poeta e Lavrador. Arderam as naus do
amanhã. Há sempre "alguém" que não gosta da Natureza, que não gosta
da Poesia, que não gosta do Amor!
Manuel Frazão Vieira
ex- Alferes Milº (ex-CMT
Pel Caç Nat 55)
1 comentário:
Bela homenagem caro Manuel!
Com efeito em Monte Real ainda existem as ruínas do chamado Paço da Rainha Santa, onde diz a tradição D. Diniz ficava quando "inspeccionava" a semeadura do Pinhal de Leiria.
Aliás, à volta de Monte Real, os nomes das terras, têm fortes ligações às lendas de D. Diniz.
Grande abraço e obrigado
Joaquim
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