A VISITA AÉREA ÀS
COMPANHIAS…
QUE NÃO ACONTECEU…
Joaquim Mexia Alves |
A
verdade é que ao fim da manhã (a operação começaria ao fim da tarde), quando já
estava em Bambadinca a fim de combinar a coisa com o meu grande amigo Capitão
Bordalo, comandante da CCAÇ 12, e os seus Alferes, aterra um DO 27 na pista do
quartel.
É
sabido, pelo menos no meu tempo assim era, que os Comandantes de Batalhão
(passo a crítica jocosa), se pelavam por uma voltinha de avião ou helicóptero,
com a desculpa da visita às Companhias mais afastadas.
É
curioso que as colunas de abastecimento, pelos vistos, não serviam tal
propósito, vá-se lá saber porquê, o que pelo menos no caso do meu batalhão era
uma realidade.
Mas,
voltando aos factos, logo o Comandante do Batalhão se deslocou à pista para
tomar assento no avião e dar a sua volta aérea.
Foi então que o piloto, grande amigo meu de Monte Real, Jaime Brandão, perguntou por mim, convidando-me para ir com ele até Nova Lamego, pois iria acontecer uma noite da fados e era muito importante a presença da minha voz.
Acrescentou
ele que não havia problema, pois no outro dia voltava a Bissau e no caminho
deixava-me em Bambadinca (Era fácil, declaravam uma porta aberta e assim tinham
de aterrar…).
A cara
do Comandante era indescritível e eu disse ao Jaime que era impossível porque
tinha aquela operação.
Voltámos
para a messe e passadas uma hora ou duas ouve-se um helicóptero aterrar e aí o
Comandante disse:
- Agora
é que é!!!
Claro
que fui também até à pista.
Do
helicóptero sai o Pedro Melo Ribeiro, outro amigo, este de Lisboa, que não era
piloto mas vinha a acompanhar, e me diz:
- É pá,
vimos-te buscar porque esta noite há fados em Nova Lamego e o pessoal disse
logo que tu eras imprescindível!!!
A vossa
imaginação está agora com certeza a ver a cara do Tenente-Coronel, com o
espanto e sei lá mais o quê bem retratado na fisionomia.
Claro
que dei a mesma resposta e retirei-me para a messe, sob os olhares gozões de
uns e o olhar reprovador de outro, que não sabia bem o que fazer e até talvez
meditando na importância da minha pessoa.
Por
volta das 3 ou 4 horas da tarde, depois de uns uísques bebidos para animar as
tropas, aterra outro DO 27, e o Comandante entre o incrédulo e ansioso, lá se
dirigiu para a pista, comigo e já um número de camaradas a acompanhar.
Era
novamente o Jaime Brandão, que com um sorriso dispara:
- Então
vens ou não?
À noite
lá fomos para a operação que, como digo acima, não teve nada de especial a
reportar.
E assim foi a visita aérea que... não aconteceu!!!!
Durante
uns tempos foi lenitivo para as agruras e desconforto da guerra e só por isso
já foi muito bom!!!
1 comentário:
Boa tarde gente boa
Apetece-me começar por "Ah fadista".
É uma memória com piada que deve ter provocada uma grande azia" ao nosso Ten-Coronel !
Grande abraço Joaquim e obrigado pela partilha.
JERO
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