ALVORAR
Um poema do António Lúcio Vieira
era quase alvor a liberdade
era quase a vida quase a voz
era um rio em cheia quase foz
brandos ventos feitos tempestade
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e foi alevantado este meu povo
gente viva, erguida, agigantada
era um tempo velho feito novo
tempo aceso luz na alvorada
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assim nasceu esta ânsia de nascer
de novo neste chão por amanhar
chão regado a pranto e a sofrer
chão de medos, chão de tanto esperar
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e das noites algemadas de morrer
e das horas avisadas de acordar
que eu sou do povo que então quis saber
quanto de si o povo sabe dar
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e sou também desta terra feita
de cravos, de soldados e canções
da pátria onde me deito e onde se deita
a gesta que moldou mil gerações
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e sou o filho e sou também irmão
dessa gente que já vive na memória
sou da noite de escrever libertação
com a pena do poeta coração
e as musas de inventar a nova história
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e era assim o dia a madrugar
no sangue e no fio de uma espada
esperança tanto sonho embainhada
olhos tanta noite a vigiar
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e as lágrimas que correram tanto mar
e as vozes que rasgaram tanta estrada
e as armas onde a flor se viu plantada
não eram já as armas de matar
que o povo tem no peito e na raiz
a seiva da floresta libertada
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aqui, e era Abril e era amar
estava a renascer o meu país
quando se alvorou a madrugada
António Lúcio Vieira
25-4-1999 - 25 anos
2 comentários:
Grande Lúcio. Ainda és lembrado todos os dias. Que estejas em paz.
Lindo poema. Descanso eterno para o poeta Lúcio.
M Arminda
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