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UM
PORTUGUÊS NA AMÉRICA
Sobre ele o primeiro presidente Americano George Washington escreveu:
“A contribuição de Peter Francisco foi fundamental para a vitória da
revolução contra os britânicos.”
Na frase inscrita no monumento em honra deste português em New Bedford/Massachusetts está reproduzida uma outra citação de Washington :
“Um exército de um homem só”.
Entre outros, existem monumentos em sua memória na Carolina do Norte, Nova Jersey, Rhode Island e Virginia. Em 1976 foi emitido um selo na coleção bicentenária dos Estados Unidos com a figura de Peter Francisco e a citação “Um Soldado Extraordinário “.
O dia 16 de Março é o dia dedicado a este herói. É o dia da batalha de Guilford Courthouse em Greensboro, batalha em que Peter Francisco se salientou por feitos e coragem muito acima do normal. Matou onze soldados britânicos e acabou por sofrer ferimentos que quase lhe provocaram a morte.
Nasceu nos Açores em 1760. Foi raptado quando tinha cinco anos tendo sido abandonado num porto do Estado da Virgínia em Junho de 1765.
Alistou-se no 10 Regimento da Virgínia para lutar na guerra da
independência.
Torna-se célebre nas batalhas de Camden/1780 e Guilford
Courthouse/1781.
O general francês Lafayette, que lutou como voluntário ao lado de Washington, ao referir-se a Pedro Francisco usava o termo “Luso” que acabou por ficar como a sua alcunha de guerra. O Marquês de Lafayette criou uma amizade para o resto da vida com Peter Francisco, e ao visitar a América depois da guerra fez sempre questão de ter Peter Francisco junto a si em todas as muitas cerimónias em que foi honrado.
O aspecto físico do Pedro Francisco era impressionante. Aos 16 anos já tinha um metro e noventa e oito de altura e pesava 118 quilos.
George Washington terá mandado forjar uma espada de 1,80m de propósito para
ele.
Refere-se também que a capacidade física de Pedro Francisco lhe permitia
transportar ao ombro algumas das pesadas armas de artilharia.
O que o tornou uma verdadeira lenda no exército americano foi o facto de,
para impedir que um canhão da artilharia rebelde caísse em posse dos ingleses, separou-o
das rodas e transportou-o nos seus braços até à nova linha de defesa
americana.
O canhão era de um modelo muito usado (de 499 Kg.)!
E é precisamente transportando um canhão ao ombro que está representado no
selo norte-americano que foi editado em sua honra.
Travis Bowman publicou em 2009 o livro “Hércules da Revolução”.
Um filme histórico de longa-metragem a ser distribuído nos Estados Unidos, Portugal
e Brasil estará também planeado sob o título “Luso”.
Existe infindável documentação na Biblioteca do Congresso Norte Americano Sobre o soldado Peter Francisco.
Näo foi mais um soldado na guerra da independëncia mas sim… O SOLDADO!
Existem afinal duas versões quanto ao modo como apareceu na América.
Uma que refere ter sido raptado para posteriormente ser vendido como
escravo. Outra diz que terá sido entregue pelos pais a um comandante de navio
para aprender, e se tornar mais tarde um homem do mar.
Escreveu George Washington, depois da batalha de Guilford Courthouse, referindo-se a Peter Francisco:
"Sem ele teríamos perdido duas batalhas cruciais, talvez mesmo a guerra e com ela a nossa liberdade. Peter Francisco é verdadeiramente um Exército de um só homem".
Em 1950 investigadores, seus descendentes nos Estados Unidos, foram encontrar referências a Pedro Francisco nos registos baptismais da Ilha Terceira.
Filho de Luís e Maria Francisco, nascido a 9 de Julho de 1760 em Porto
Judeu/Ilha Terceira/Acores.
A somar-se aos muitos monumentos existentes nos Estados Unidos dedicados a Peter Francisco, foi também erigida uma estátua em Porto Judeu em 2015, representando uma criança que olha o mar.
Depois da guerra foi proprietário de duas estalagens e respectivas tabernas e de uma plantação. Em 1819 recebeu uma pensäo vitalícia por parte do Congresso Americano.
De 1825 até à sua morte em 1831 serviu na posição honorífica de
"Sergeant-in-Arms" do Palácio das Reuniões dos Delegados da Virgínia.
Foi sepultado com as mais altas honras militares no Shockoe Hill Cemetery
em Richmond/Virgínia.
Algumas Associações de Luso-Americanos vieram a criar uma medalha em honra de Peter Francisco que é entregue a personalidades representativas. O primeiro a receber tal medalha foi o Presidente Kennedy.
Depois das primeiras heroicidades de Peter Francisco o General George Washington ter-lhe-á oferecido a promoção por distinção a Oficial.
Promoção que acarretava uma boa pensão para o resto da vida a somar-se às
possibilidades de adquirir vastas terras e plantações a um preço simbólico.
Peter Francisco recusou, invocando como razões o facto de ser mais útil na primeira linha entre os camaradas soldados e por ter plena consciência de não ter recebido qualquer educação formal e escolar para tais cargos.
Todos os documentos existentes chegariam, não para um simples texto mas para um longo e interessante livro de aventuras incríveis mas... reais!
Livro que existe e está publicado nos Estados Unidos.
Enfim, um português que não foi “oficial de aviário” apesar de ter
participado de armas na mão numa Revolução.
José Belo
3 comentários:
Caro José Belo
É sempre com agrado e indisfarçado orgulho que tomo conhecimento destas personagens e do seu desempenho.
Devo dizer que já tinha ouvido falar (e até também lido) do Peter Francisco e da sua decisiva contribuição na luta pela independência dos Estados Unidos mas essa do filme "O Luso" ainda não conhecia e acho que se for feito de forma épica, mesmo que aqui e ali com "criatividade", poder ser muito interessante.
Hélder Sousa
O nosso amigo Se. Cor. Pessoa chamou-me a atenção para este excelente artigo do Sr. Cap. José Belo, meu vizinho do Sul e amante do quentinho das Key West, Florida.
Conheço relativamente bem a história do Peter Francisco e do seu contributo para este país americano, aliás, muito bem descritos pelo Cap. Belo.
No artigo há uma foto, a última, com três murais, sendo o do meio o tributo prestado pelo Centro Comunitário "Amigos da Terceira", de Pawtucket, Estado de Rhode Island, que visitei várias vezes, ao Peter Francisco. Dos outros dois murais, o da esquerda é dedicado aos Veteranos que combateram sob a Bandeira dos EUA e o da direita aos Combatentes da Guerra do Ultramar. Junto daqueles murais tomei parte em algumas cerimónias de homenagem aos dedicados nos murais e do Dia de Portugal.
No Google poderão encontrar várias referências àquele Centro Comunitário, que também tem página no Facebook, e onde se poderá apreciar o cuidado que o Centro tem com os seus murais, um exemplo a seguir.
Abraço transatlântico.
José Câmara
Peter Francisco,para além do heróico combatente,foi durante toda a sua vida um homem frontal,de uma só palavra,que nunca atraiçoou os valores que o formavam.
E,em verdade, a sua longa vida deu muitas voltas.
Os açoreanos com quem convivi no Exército,e posteriormente em inesperados locais do “Deep South Americano” souberam sempre demonstrar a mesma frontalidade consciente e sincero orgulho nas suas raízes atlânticas.
Na nova Pátria têm sido embaixadores do melhor de nós próprios,facto que nos deve a todos orgulhar.
Um abraço do J.Belo
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