O texto que se segue foi enviado pelo nosso camarigo José Belo como comentário ao Poste 1094, a propósito da história (já antiga) nele contida. Foi inicialmente incluído naquele mesmo Poste como comentário, mas considerou-se posteriormente que mereceria destaque maior como Poste autónomo. Por isso aqui fica.
Miguel Pessoa
José Belo |
Herr Överste.
Só agora fui até à revista Karas.
Surpreendido. Sensibilizado.
Pensei escrever um comentário que acabou por se tornar um… texto!
Tem estado por aqui um temporal muito razoável, mesmo em termos de círculo
polar.
As temperaturas têm estado naquele nível de "fazer doer" quando
se sai de casa... 34 graus negativos!
A lufada de calor da amizade lusitana que até aqui chegou fez-me... parar.
Já lá vão mais de quatro décadas que cheguei à Suécia com uma única mala de
mão e uma experiência de vida militar que então (muito erradamente!) julguei
que para nada me iria servir.
Inesperadamente, recordar algo que o escritor Augusto Abelaira escreveu... “E aqui estou, sozinho, sem tecto, entre ruínas...
à espera".
Nesses primeiros tempos muitas vezes nisto pensei.
São já muitas as pedras colocadas (tanto pelos "assuecamentos"
como pelas "americanizações") sobre as raízes lusitanas.
Mas, por muitas que sejam as "pedras culturais" colocadas, estas
sobrevivem a quase tudo.
O nosso querido Portugal visto de fora não é só a tal... "Terra que o
mar não quer".
Para se ter consciência de algumas das nossas qualidades humanas, quase me
atrevo a escrever "únicas” - torna-se necessário uma razoável distância
geográfica, temporal e cultural.
Quanto mais integrados - profissional e familiarmente - nas sociedades
envolventes mais acabamos por compreender que não somos só aquele pântano de
atrasados, incapazes e incompetentes em que, estranhamente, muitos (por aí)
gostam de se banhar.
"...nunca se
volta.
O lugar a que se volta
é sempre outro.
A gare a que se volta
é outra.
Já não está a mesma
gente, nem a mesma luz, nem a mesma filosofia."
(Fernando Pessoa)
A propósito de aniversários e de diferenças culturais... na Suécia
festeja-se (em grande!) os aniversários das décadas de uma vida, com festa e
bons presentes.
Os 30 anos, 40 anos, 50 anos, etc.
Os anos intermediários são festejados somente pelos amigos e familiares
muito próximos, com festa "moderada" e, em vez de presentes, pequenas
lembranças.
Quanto às minhas raízes culturais lusitanas: Para mim eles são
"forretas"!
Outra tradição é a de não se dar às crianças durante os dias da semana nem
rebuçados, nem chocolates ou caramelos.
Unicamente ao Sábado.
Justificam como sendo saudável, ao mesmo tempo que cria espírito de
disciplina na criança.
Mais uma vez... para as minhas raízes de anarquismos lusitanos feitas… eles
são "forretas"!
Um grande abraço do
José Belo
José Belo
4 comentários:
Exmº. Senhor
José Belo
Venho, respeitosamente, solicitar a V. Exª. nos informe, com a brevidade possível, se a distribuição de Fodka nessas terras é, também, efectuada somente aos fins de semana ou, pelo contrário, é praticada diariamente por via do arrefecimento global.
Pede a V.Exª. deferimento
Muito atenciosamente
Alberto Branquinho
Amigo e Camarada Alberto Branquinho.
Excelentíssimo , mesmo mui Excelsitado...Duúnviro.
Para os que julgam que lá te estou a ofender é só dar uma saltada às enciclopédias e procurar o latinório-Duumviri Sacrorum.
(Desde que abandonei a minha saudosa Arma de Infantaria,a tal dos "palmípedes" honestos,é agora só "punhos de renda" ao meu redor).
Uma pequena introducäo (näo no sentido erótico da palavra) para confessar que os meus "assuecamentos" me poderiam ter levado a julgar que o "Fodka" estava de algum modo relacionado com o tal acordo ortográfico com os países...africanos.
Mas as tais raízes lusitanas ainda mexem e, a gargalhada provocada por este tipo de humor (täo nosso) que täo bem tens sabido cultivar nos nossos "escritos" é... mais do que saudável.
Tentando responder à pergunta quanto ao "Fodka".
Essa de só aos fins de semana,a ser colocada aquando dos gloriosos tempos do PREC e seus plenários (sempre construtivos) seria de imediato chamada de...provocacäo!
Num Inverno de 9 meses em que o Sol nunca sobe no horizonte e o dia é sempre noite,(como diria um brasileiro),com as temperaturas médias entre os 20 e 30 graus negativos;com nevöes e neblinas daquelas em que "o pé do homem nunca pôs a mäo" ,(como voltaria a dizer o mesmo brasileiro),vens tu com o "Fodka"...só ao fim de semana?
Sendo as meninas escandinavas internacionalmente reconhecidas como...muito dadas...é só perguntar em qualquer plenário das Nacöes Unidas,Parlamento Europeu ou "engatäo" Lusitano,torna-se bem óbvio o motivo porque a vasta maioria das criancinhas locais nascem em Maio-Junho.
Em pura matemática das täo saudosas aulas regimentais tem que se concluir que a "Fodka" é consumida quase diariamente durante o Inverno.
No entanto,e isto deve ficar bem esclarecido,esta aparente regra geral NÄO se aplica aos "machos ibéricos".
Tanto os de passagem como (e principalmente!) os residentes.
Outro tipo de cultura, e habituacöes, levam a um consumo da "Fodka" bastante mais amiudado, (o que faz estarrecer os locais!).
Invejosos!
Quanto à tua,mais uma vez provocativa,referência a um arrefecimento global... francamente.......
Eu que sempre te julguei um leitor assíduo do meu Presidente Donald Trump.
Fake News Buddy! Fake News!
E que tudo o resto se..."Fodka"!
Como estamos numa de Vodkas,agora com inocente "V",quando aqui deres uma saltada estás convidado para provar a minha vodka caseira com 97% de teor alcoólico.
Depois de duas "saúdes" o tom de voz torna-se "a modos que"... elevado.
Mas como o vizinho mais próximo vive acerca de 297(!) quilómetros da minha casa,( o que por aqui näo é nada!)acabamos por näo incomodar.
Constipacöes,gripes e outras maleitas,é algo que passa ao lado.
Como täo bem se diz na Lusitänia..."Mata o bicho".
Ou,citando os locais:Em verdade tira-se mais da vodka do que a vodka tira de nós!
SKÅL!
Humildemente-Respeitosamente-(e de grosso modo) Virginalmente
Sempre ao dispor.
Um grande abraco do J.Belo
Oh! Oh! Oh!
Mas eu escrevi "fodka" pensando que, por aí, o "v" se pronunciava "f" como nas terras da Deutschland...
Um grande ABRAÇO, desde aqui, deste que promoveste a duúnviro (Espero não pagar mais IRS por causa disso).
SKAL (sem trêma e sem skull), que é como quem diz CHEERS! À NOSSA!
Alberto Branquinho
É por estas e por outras que adoro a "malta do nosso tempo"!
Sim senhor, tudo muito bom.
A história imaginada, a sua reposição, a troca de correspondência entre o Branquinho e o Zé Belo.
Um mimo!
Obrigado por estes momentos divertidos e de elevada cultura.
Abraços
Hélder Sousa
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