TRAUMAS
DO IMPÉRIO
Entre outros, o desastre de Alcácer-Quibir, a 4 de Agosto de 1578,
fez agora 440 anos, teve repercussões profundas em Portugal, no Séc. XVI.
No campo de batalha, na localidade de Alcácer- Quibir, em
Marrocos, ficaram entre mortos e prisioneiros cerca de 10 mil soldados
portugueses recrutados em todo o país, incluindo muitos membros de quase todas
as famílias nobres do Reino. Segundo os relatos da época, não havia ninguém, em
Lisboa, que não tivesse interesse na guerra de Alcácer-Quibir. Isto, porque
quem não tinha, lá, nas fileiras um filho, tinha o pai ou o marido ou um
irmão.
D. Sebastião, então, Rei de Portugal herdou a Coroa, por morte do
seu avô D. João III em 1557, tinha então 3 anos de idade. Era um jovem
cavaleiro que sonhava com feitos heróicos. Vivia numa ansiedade permanente de
retomar, reconquistar o nosso Império no Norte de África. Nesse espírito de
luta, atacou os Mouros, na sua terra, exactamente, a 4 de Agosto de 1578,
travando-se a mortífera e imemorável batalha de Alcácer-Quibir.
Diz-se que os Portugueses lutaram com bravura e heroísmo, mas,
foram esmagados e o nosso Rei D. Sebastião combateu, desesperadamente, até ao
fim... não havendo mais notícias do Rei até aos nossos dias. Não se sabe, nunca
se soube do "paradeiro" do nosso El-Rei D. Sebastião, após a batalha
de 4 de Agosto de 1578.
Para além desta tragédia militar para o Reino de Portugal, no Séc.
XVI, Portugal iria viver horas muito tristes porque iria perder o seu maior e
precioso bem - a LIBERDADE E A INDEPENDÊNCIA. Quando chegaram os primeiros
rumores da derrota portuguesa, em Alcácer-Quibir, esta notícia suscitou, em
Portugal, um movimento de «pânico colectivo».
Ao arrepio da finitude irreparável da vida (a morte), sempre se
"sonhou" que o nosso El-Rei D. Sebastião pudesse, um dia, no silêncio
de uma prometedora manhã de nevoeiro regressar de Alcácer-Quibir... conciliando
e apaziguando os espíritos mais sofredores. Daí o cognome de Rei
o "Desejado", título patriótico atribuído por um povo que, apesar de
tudo, acreditava que o seu jovem Rei D. Sebastião um dia havia de voltar,
mas... não voltou!...
Manuel Frazão Vieira
(Ex-Aferes Mil.º CCAV 8351)
(O autor não aderiu ao novo acordo ortográfico)
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