A
propósito do 1000º “poste” na nossa Tabanca do Centro, que em boa altura o
Miguel Pessoa (sem ele nada disto era possível) realçou e muito bem,
apeteceu-me escrever uma pequena nota para dizer o que me vai no coração.
Nascida
a Tabanca do Centro de uma conversa entre quatro combatentes da Guiné, (numa
viagem ao Porto, à Tabanca de Matosinhos), com o objectivo de reunir todos os
meses, num almoço, aqueles que em seu tempo demandaram terras da Guiné, (numas
“férias” pagas pelo Estado Português), rapidamente esses encontros “alastraram”
a outros combatentes de Angola e Moçambique, e até a outros mais novos que se
orgulham da nossa geração de combatentes e connosco querem privar e ouvir as
nossas histórias.
Para
melhor comunicarmos, decidimos iniciar um blogue, onde fomos dando conta dos
“anúncios” dos encontros e reportagens sobre os mesmos.
Depois
começaram a surgir histórias, contos, ditos, “trocas” bem humoradas de
“galhardetes” em prosa e verso, que fomos publicando, mas sempre com as
premissas que desde o início nos impusemos, sem polémicas de políticas,
futebol, religião ou até mesmo da guerra, porque essa poderão ser mantidas ao
vivo durante os encontros, sem nunca ultrapassar os limites da camarigagem que
une todos os combatentes.
Nunca
nos interessou a “qualidade”, (literária ou qualquer outra), dos escritos, mas
sim que, cumprindo as premissas que nos impusemos, acima referidas, fossem o
reflexo dos sentimentos daqueles que os escrevem, em histórias reais ou
ficcionadas, a assim nos ajudassem a estar mais perto uns dos outros e a melhor
entendermos o nosso passado na Guiné, Angola ou Moçambique.
Também
nunca nos interessaram os números, a quantidade de combatentes que se reúnem,
mas sim e sempre, que nos possamos reunir, abraçar, falar, e juntos nos
ajudarmos em tudo aquilo que vamos precisando no psíquico, no físico e até no
material.
Realmente,
desde o início, que na Tabanca do Centro, quando pagamos o almoço, aqueles que
querem e podem, dão sempre mais qualquer coisa que, depois de reunida uma soma
mais considerável, fazemos chegar a combatentes necessitados e que estão
referenciados por outros combatentes ou pela Liga dos Combatentes, normalmente
do Núcleo de Leiria.
E, falo
por mim e sei que também por muitos outros, afirmando que nós, combatentes,
precisamos mesmo muito destes encontros, destas conversas, deste recordar,
porque falamos uma linguagem que aqueles que não estiveram lá, não falam, e
portanto não podem entender, e assim, não sendo nós entendidos por alguém,
difícil se torna recordar o passado para viver melhor o presente.
Por
isso, enquanto pudermos por aqui estaremos, e podem contar connosco para os
encontros, para os sorrisos, para as lágrimas, para os abraços.
Monte Real, Fevereiro de 2018
Joaquim Mexia Alves
Sem comentários:
Enviar um comentário