FRUTA DA ÉPOCA
No meu tempo na Guiné os tomates
cultivados pelo capelão da BA12 eram muito cobiçados, muito por nossa culpa,
pois sempre que podíamos fazíamos uma colheita na horta que o capelão mantinha
junto à igreja da Base.
Era generalizada a opinião, entre quem
deles se servia, de que os referidos tomates, embora pequenos, eram sumarentos
e saborosos e enriqueciam qualquer salada. E sabe-se o gosto que o pessoal
tinha por tudo o que lhe lembrasse a metrópole. E era vê-los a "deitar
abaixo" uma saladinha feita com tomates fresquinhos, acabadinhos de
apanhar...
É claro que o capelão calculava
perfeitamente quem eram os malandros (neste caso as malandras...) que lhe
andavam a roubar a fruta, mas pactuava simpaticamente com a
situação, dado ser por uma boa causa.
Mas não se ficava pelos tomates a
razia que íamos fazendo nos produtos da base. Para além da fruta que íamos
comprando ao responsável pela horta da Base, lá iam marchando de vez em quando
uns limões, umas papaias, que o pessoal a alimentar era muito e de bom apetite.
Nem o cajueiro do Comandante escapava
(do Comandante é um modo de dizer, que estava junto ao comando da Base), sendo
que, um dia, havendo uma escada à mão, duas de nós (de que não vou referir os
nomes...) resolveram atacar o dito cujo. Estavam elas neste preparo, penduradas
nos ramos altos, quando passa o Comandante da Base, com o seu séquito.
O facto
é que o Comandante não reconheceu "as intrusas", pois se viam apenas
as calças do camuflado, pelo que invectivou energicamente as duas
"delinquentes", julgando que eram soldados da Polícia Aérea; e as
duas no topo da árvore também não reconheceram a voz do Comandante, pelo que
reagiram verbalmente em termos que não vou reproduzir aqui...
Tendo
as partes procedido à identificação mútua, o incidente acabou por ficar sanado,
pese embora o Comandante tenha prosseguido a sua viagem resmungando contra a
lata daquele pessoal, sublinhado por um sorriso complacente dos militares que o
acompanhavam.
Giselda Pessoa
2 comentários:
Bem......
Salta logo à ideia aquela velha frase que nos diz que "a fruta cobiçada é a mais saborosa".
Se não é assim, acho que assenta bem!
Agora, fico a imaginar quais os impropérios "hardcore" que devem ter sido proferidos... Calculo que não devem ter incluído nenhum 'convite para jantar'...
Pois é, nesse, como noutros tempos e ocasiões, o que é preciso é 'desenrascar'.
Hélder Sousa
Pois é amiga Giselda. Vós, deitavam a mão à fruta, mas um dia resolvemos fazer um jardim na frente do P Socorros e a nossa amiga Rosa Exposto, resolveu que era mais fácil no seu caso desviar um dos vasos mais bonitos que o bem disposto, capelão Almeida(já falecido), tinha na frente da Capela.
Estas partidinhas serviam para paródia e aliviar o stresse. A vossa partida, soube melhor ao paladar. Suas marotas!.. Bjs Mª Arminda
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