sexta-feira, 9 de agosto de 2013

P358: AVENTURAS DE UM LUSO-LAPÃO LONGE DE CASA



HISTÓRIAS DE UM "EXIGRADO*-CHICO-ESPERTO"
NAS TERRAS FRIAS DO NORTE

Desde a minha chegada à Suécia - e já lá väo 36 anos - procurei integrar-me o mais rapidamente possível nos hospitaleiros (!) costumes locais.

Todos teräo ouvido repetidas referências ao facto de as Suecas serem..."muito dadas". Como jovem Lusitano que entäo era, senti a necessidade de (e näo será de mais salientar!), para fins exclusivamente relacionados com sérios estudos etnográficos, confirmar ou näo esta generalizaçäo aparentemente demasiado fácil.

Em pouco tempo pude verificar que o "aparentemente" seria palavra a mais.

A bem dos tais estudos etnográficos e em profundo sacrifício pessoal, decidi aceitar convite de bonita jovem sueca (haverá suecas feias?) para ir tomar uma bebida a sua casa, situada no equivalente ao Cascais cá do sítio.

Apartamento confortável. Fantástica vista sobre o Báltico. Menina verdadeiramente..."muito dada".

Tudo mais que OK até a TV informar que devido aos contínuos nevöes das últimas 48 horas todo o trânsito estava interrompido durante, pelo menos, a noite.
O Zé Belo, educado em criança num colégio muito sério (o Joaquim que o diga!), até os pais cometerem o erro de o mudar para o Liceu Francês Charles Lepierre, estava já a preparar-se para, como seria devido, ir dormir a casa sua.

Impossível! Há que - e de acordo com a sueca muito dada - dormir na cama dela,e na próxima manhã, depois do noticiário, se verá.

OK.OK.OK! Lá fiz mais um (!) sacrifício e fiquei.

Demasiado cedo pela manhã sinto que alguém me sacode um braço. Ainda meio a dormir, num quarto estranho e bastante escuro, continuo a sentir os abanões no braço, agora acompanhados por uma voz de criança que repetia: -“Papá! Papá! Acorda!”

Depois de noite bem refrescada julguei estar a ter alucinacöes. Vodka a 86%!
Procuro acender um candeeiro. Ao meu lado estava uma criança que mal se tinha de pé.... muito mais... preta que branca... e com olhos enormes fixos nos meus.

Continuava a repetir: -“Papá! Papá! Acorda!”

Com noticiário ou sem ele, com ou sem nevöes, cheguei a Estocolmo muito mais depressa do que de lá tinha saído.

Näo fora o frio e a neve, quase poderia ser uma daquelas historias sobre os "Filhos do Vento" da Guiné ultimamente surgidas em blog de ex-combatentes umbilicais.

José Belo             

* Exilado+Emigrado=Exigrado.  Mais uma das palavras compostas a que a Tabanca do Centro nos começa a habituar...            

6 comentários:

Anónimo disse...

Terão sido ainda os ares da Guiné e o demasiado avanço tecnológico dos Suecos em relação aos Portugueses que foi dito e feito????

Um abraço,
BS

Anónimo disse...

Compreendi agora, mais vale tarde que nunca, a fotografia publicada na conceituada revista KARAS, onde se vê um "nadador" de barbatanas e tudo ao léu, arrostando os nevões que tinham caído durante a noite para fugir o mais depressa possível da cama da menina " muito dada".
Faltou nessa publicação, quer-me parecer, expressar as palavras que o Zé Belo proferia, entre duas braçadas: " Porra, porra, vai chamar pai a outro"!

Abraço buarqueiro para todos os Camarigos da Tabanca do Centro.

manuelmaia disse...





NESSA "CAMA DO PASSADO"
BEM RODADA ,JÁ SE VÊ...
JÁ POR LÁ TINHA PASSADO,
ALGUÉM DO PAIGC...

EM CRIOULO,PORVENTURA,
ZÉ BELO AQUI NÃO O DIZ,
FALARA A CRIATURA,
AO QUE CONSTA `INDA PETIZ...

ACORDA, ACORDA,PAPÁ !
MAS QUE MUDADO TU ESTÁS...
MILAGRE MAIOR NÃO HÁ,
AMANHÃ COMO ESTARÁS ?


"FIDELIDADE" ESPANTOSA
MOSTRADA PELA CRIANÇA,
FOI A FORMA RESPEITOSA,
A QUEM NA CAMA "DESCANSA"...

QUEM DEITA CO`A MÃE É PAI,
"É DOS LIVROS", NÃO DUVIDA,
E DA AFIRMAÇÃO NÃO SAI
REPETINDO DE SEGUIDA...

ACORDA PAPÁ, ACORDA...
DIZ-LHE DE NOVO A SORRIR!
NESSE INSTANTE,ZÉ RECORDA,
QUE BEBERA ATÉ CAIR...

AÍ ZÉ QUE PENSAS TU ?
ANTES QUE DÊ PARA O TORTO,
MAIS VALE QUE FUJA NU,
DO QUE FICAR HOMEM MORTO...

AQUI FICA A EXPLICAÇÃO
PARA A FOTO HUMILHANTE
OU NADAVA À PAI ADÃO,
OU SUCUMBIA NUM INSTANTE...






Hélder Valério disse...

Pois.....

Desta história ressalta a poesia do Maia, sublinhando e 'enquadrando' devidamente todo o imbróglio e, já agora, a observação pertinente do VdGama. Bate tudo certo!

Quanto ao 'caso' em si mesmo, a minha observação vai no sentido de enaltecer o enorme 'sentido de dever' patriótico que o Zé Belo, mais uma vez e em outras circunstâncias, evidenciou.

Abraços
Hélder S.

joaquim disse...

Oh Zé Belo, a coisa esteve "preta"!!!

Grande abraço

Anónimo disse...

E assim se desnuda um...inocente!