sábado, 20 de setembro de 2025

P1550: EM BUSCA DA VERDADE

DOS NOSSOS "MALES" SABEMOS.

E DOS "MALES" DOS OUTROS?...

Vejo e leio muitas vezes aqui na Tabanca Grande textos sobre os “os males” provocados pelas Forças Armadas Portuguesas na Guiné, e não só (como recentemente o uso do napalm), mas, raramente, ou nunca se encontram por aqui textos relatando “os males” que o PAIGC, e não só, provocou nos militares portugueses e nas populações durante a guerra, porque sobre  o acontecido depois do 25 de Abril até há alguns textos sobre o que então se passou.

Escreve-se sobre coisas que uma grande parte das vezes apenas se ouviu falar, histórias contadas e que terão sido praticadas pelos militares portugueses, mas sobre coisas semelhantes praticadas pelos militares do PAIGC, pouco ou nada se diz.

Eu, por exemplo, ouvi contar várias histórias que terão acontecido durante e depois de emboscadas feitas pelo PAIGC, mormente no conhecido “carreiro da morte”, mas, porque de tal não sou testemunha presencial e são histórias muitas vezes repetidas, evito falar ou escrever sobre as mesmas.

Mas com tanta gente que aqui vem todos os dias, não haverá ninguém que escreva e dê testemunho sobre isso?

Calculo que não seja politicamente correcto, como hoje em dia se diz, mas se este espaço se quer considerar um repositório mais ou menos fiel dos acontecimentos da guerra na Guiné, não deveria também ter essas histórias do “outro lado” aqui contadas?

É uma espécie de desafio que aqui deixo, para que a verdade não exista só para um dos lados, mas para ambos, pois a paz só se constrói verdadeiramente na verdade. 

Joaquim Mexia Alves

quinta-feira, 4 de setembro de 2025

P1547: CONSELHO DE AMIGO

                 CONVERSA DE CHACHA…

Aconteceu-me há uns tempos que, no seguimento de um almoço-convívio da Velha Guarda Paraquedista realizado na AFAP - evento onde sou sempre bem recebido - percorri a sala adjacente onde outro pessoal almoçava igualmente, com o objectivo de cumprimentar velhos conhecidos presentes.

Acabei por parar na cavaqueira com um grupo para mim desconhecido e, palavra puxa palavra, acabámos por focar a conversa nos nossos velhos tempos da Guiné, pois chegámos à conclusão de que tínhamos estado lá na mesma altura.

Suponho que, por eu estar rodeado de pessoal paraquedista, o meu interlocutor me terá “identificado” como um paraquedista também; mas, dada a proximidade entre a BA12 e o BCP12 – ao lado um do outro em Bissalanca – as memórias acabam por se misturar e fui elucidando com alguma facilidade o sujeito sobre os pilotos e os paraquedistas que conhecia daquele tempo. E tanto falámos dos paraquedistas Rafael Durão, Araújo e Sá, Calheiros, Cordeiro, como dos pilotos Lemos Ferreira, TC Brito, Pedroso de Almeida, Mantovani, com quem tínhamos lidado naquela época.

A dada altura, resolve o sujeito perguntar-me se “eu sabia alguma coisa do Pessoa”. Como me convenci que ele me estava a confundir com um “pára”, disse-lhe que poucos contactos tinha tido com esse Major Paraquedista.

“Não”, diz-me ele. “Não é esse Pessoa! É o piloto cujo avião foi abatido lá na Guiné!”

“Eh pá, esse Pessoa sou eu!...”, respondi-lhe. Não admira que, com mais 50 anos em cima e uns bons quilos a mais, o rapaz não me tenha reconhecido… O facto é que a partir daí a conversa lá entrou nos eixos…

Vem à baila esta conversa de chacha que tive naquela dia com o perigo que às vezes há de se mandar palpites fortes de que se possam vir a arrepender, principalmente se resolverem fazer apreciações depreciativas de alguém de que ouviram falar, mas que desconhecem.

Não foi o caso presente, que ninguém fez comentários depreciativos, mas já assisti a uma cena de alguém que resolveu fazer um comentário jocoso sobre uma cena que lhe tinha sido contada, sem saber que o seu interlocutor era a pessoa visada no seu comentário…

Por isso, meus amigos, cuidado com os comentários que fazem junto de alguém que pouco ou nada conhecem, pois pode suceder que o vosso interlocutor esteja muito mais envolvido no assunto do que vocês pensam…

Miguel Pessoa

terça-feira, 22 de julho de 2025

P1546

                                        OS SINAIS DE DEUS

Este texto, da autoria do nosso camarada Joaquim Mexia Alves,

foi recentemente publicado nos blogues

 https://queeaverdade.blogspot.com/

e https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/


Era para ser uma consulta normal de oftalmologia. 

Na quarta feira, a caminho de Lisboa, pareceu-me sentir algo diferente na minha vista direita mas não dei importância por já ter alguns problemazitos anteriores que eram, aliás, motivo da consulta.

Na consulta a médica, muito simpática e competente (amiga do meu filho mais velho e da minha nora), mandou-me ler com a vista  direita as habituais letras do quadro e foi então que percebi que não via nada daquela vista, estava tudo negro, excepto uma pequena nesga do lado direito que ainda tinha imagem.

O susto foi enorme e feitos os exames competentes logo se chegou ao diagnóstico de um grave descolamento da retina que necessitava de intervenção cirúrgica urgente.

A competência e dedicação da médica foram inexcedíveis e conseguiu que uma sua colega arranjasse tempo para me operar no fim da manhã seguinte.

Assim aconteceu e, para encurtar razões, já me encontro em casa, em repouso prolongado para garantir o bom êxito da operação.

Como em tudo o que me acontece hoje em dia tento sempre ver a presença de Deus e o que Ele me quer dizer no que me vai acontecendo.

Assim escrevo este texto que vai ser o último destes próximos dias.


OS SINAIS DE DEUS


A mão de Deus

Esta consulta já tinha sido adiada por mim.

Se fosse quando estava marcada inicialmente o problema não teria sido detectado.

A mão de Deus guiou-me para o tempo certo e as circunstâncias certas.

Nas coisas de Deus não há coincidências, há “deuscidências”.

 

Sinal de Deus 

A constatação de que nada via da vista direita, como se fosse uma cortina preta, excepto a pequena nesga do lado direito, levou-me a reflectir que muitas vezes nós colocamos essas “cortinas” na nossa relação com Deus e apenas O queremos ver em pequenas partes das nossas vidas.

Também precisamos de uma “operação espiritual” que remova essas “cortinas” da nossa visão de Deus.

 

A presença de Deus 

Depois do enorme susto de perceber a perda da visão naquela vista, sobreveio uma grande serenidade, aceitação e entrega à vontade de Deus.

Entreguei tudo por aqueles que podendo ver Deus querem continuar cegos à Sua presença nas suas vidas.

Nas horas que fui passando nos cadeirões e macas, fui invocando o Espírito Santo e servindo-me dos dedos das mãos para ir contando as contas do Rosário, sentindo assim bem viva a Sua presença com Maria nossa Mãe junto de mim.

 

O amor de Deus 

As médicas, as enfermeiras, auxiliares, administrativos daquele Hospital dos Lusíadas, foram de uma simpatia e dedicação a toda a prova (e reparei que não era só comigo), e isso foi para mim o amor de Deus a rodear-me.

A minha comunidade paroquial da Marinha Grande com os seus grupos a que pertenço com enormes amizades, as minhas amigas e amigos do Renovamento Carismático Católico, no CHARIS, Pneuma, Comunidade Emanuel também do Alpha com as suas orações, foram também, sem dúvida, sinal visível do amor de Deus para mim. 

O meu “velho” grupo de amigos de Lisboa com o Grupo de Forcados de Montemor e não só, já desde a juventude, com a sua amizade e solidariedade, foram uma expressão muito sentida deste amor de Deus que une os amigos. Um deles até escreveu logo que esperava um texto sobre o “acontecimento”!

Os meus filhos, nora e genro, a minha mulher, a minha irmã e irmãos, a minha família e ligados a ela, com o seu carinho e ternura foram e são sempre a parte mais visível e próxima do amor de Deus na minha vida.

A todos, muito, muito obrigado.

Guardo-vos nas minhas orações

Deus vos abençoe, proteja e guarde sempre.

Realmente o amor de Deus não tem largura nem comprimento, é incomensurável, eterno e manifesta-se das mais variadas formas.

Obrigado meu Deus por tanto que me dás e eu dou-Te tão pouco.

 Marinha Grande, 19 de Julho de 2025

Joaquim Mexia Alves

sexta-feira, 9 de maio de 2025

P1535: FALSOS PEDITÓRIOS

Com a devida vénia ao Jornal de Notícias e ao seu redator, o jornalista Roberto Bessa Moreira, transcrevemos um artigo publicado no passado dia 3 de Abril sobre falsos peditórios dos bombeiros, com venda de bilhetes para sorteio da Associação Portuguesa de Veteranos de Guerra.

“GNR PÕE FIM A 20 ANOS DE FALSOS PEDITÓRIOS DOS BOMBEIROS

Bilhetes para sorteio da Associação Portuguesa de Veteranos de Guerra foram vendidos em falsos peditórios

Roberto Bessa Moreira

Jornalista

A Associação Portuguesa de Veteranos de Guerra é suspeita de dar cobertura à burla e foi alvo de buscas.

Um grupo hierarquizado e com várias células acumulou muitos milhares de euros, nos últimos 20 anos, com falsos pedidos para os bombeiros. O esquema estende-se a todo o país e, suspeita a investigação da GNR, terá tido cobertura da Associação Portuguesa de Veteranos de Guerra. Esta instituição foi alvo de buscas ontem, no âmbito da Operação “The Scheme”, que levou os militares a Braga, Moimenta da Beira, Loures ou Pombal. No final, oito pessoas e duas entidades foram constituídas arguidas por burla, branqueamento de capitais e associação criminosa.

O esquema era simples. Um grupo de três ou quatro pessoas instalava-se junto a semáforos, classificações ou rotundas de diferentes cidades e abordava os automobilistas que todos eram obrigados a parar. Fardados integralmente ou envergando um colete vermelho da Associação Portuguesa de Veteranos de Guerra, os operacionais facilmente se confundiram com bombeiros e pediram um donativo para a compra de uma ambulância para a corporação local. Isto, porém, nada sabia do que estava a acontecer e nunca recebia qualquer palavra.

Se tudo corresse de acordo com o planeado, o grupo abandonou o local na posse da quantidade angariada durante várias horas, mas se a GNR ou a PSP fossem alertadas para o falso peditório, a desculpa estava preparada: os burlões diziam que estavam a vender bilhetes para um sorteio promovido pela Associação Portuguesa de Veteranos de Guerra e devidamente autorizado pelo Ministério da Administração Interna (MAI). Dessa forma, evitávamos qualquer problema com a Justiça.

Burla era modo de vida

A investigação, que começou em 2020 e foi conduzida pelo Núcleo de Investigação Criminal de Viseu, suspeita que os responsáveis ​​da Associação Portuguesa de Veteranos de Guerra deram cobertura à burla, recebendo uma percentagem dos lucros obtidos com os falsos peditórios. O último relatório e contas da instituição mostra que, em 2023, este auferiu mais de 70 mil euros com um “sorteio nacional”, que, no ano anterior, lhe rendeu 95 mil euros.

Quem também recebeu uma percentagem do dinheiro angariado eram os autores dos falsos peditórios. Muitos deles fizeram da burla o seu modo de vida. O montante restante foi distribuído pelos elementos do topo da organização, incluindo o líder, que tem residência em Lisboa.

Ao Jornal de Notícias, a GNR confirma que, ontem, foram constituídos como arguidos oito homens, entre os 24 e os 65 anos, mais duas instituições. Todos indicados por burla, branqueamento de capitais e associação criminosa, mas nenhum deles foi detido.

Liga fez queixas às autoridades

O presidente da Liga dos Bombeiros, António Nunes, garante que há vários anos que são feitas queixas nas autoridades devido a falsos pedidos para associações humanitárias. “São feitos por grupos de pessoas, que se vestem com uma farda vermelha, que se confunde com os bombeiros”, para enganar os automobilistas. “Algumas pessoas fazem-no há muito tempo e outras são novas”, diz.

Operação

Fardas apreendidas

A GNR apreendeu ontem descobertas de fardas semelhantes aos dos bombeiros e outros bens associados às corporações. Também foram coletados extratos de transferências e depósitos bancários, alguns internacionais.

Quase 70 militares

A Operação “The Scheme” foi liderada pelo Núcleo de Investigação Criminal da GNR de Viseu e realizada por 68 militares, também dos comandos da GNR de Braga, Leiria e Lisboa. A Direção de Investigação Criminal participou igualmente nas diligências.

Apreensão de 27 mil euros: Foram apreendidos nas 20 buscas em Moimenta da Beira, Braga, Magoito (Sintra), Amadora, Queluz, Agualva-Cacém, Loures e Pombal.”

O NOSSO COMENTÁRIO

Desde há anos que vejo esta gente nas rotundas e até me cheguei a “pegar” com um deles porque achei que era tudo aldrabice.

Esses sujeitos estavam a pedir para uma ambulância para os veteranos de guerra e eu disse-lhes que eu era combatente e que as ambulâncias eram dos bombeiros ou do INEM.

Meteu os pés pelas mãos e a coisa ia acabando mal.

Afinal, pelo visto, pela notícia eu tinha razão.

Também nos cabe a nós combatentes denunciar estas aldrabices feitas em nosso nome.

Joaquim Mexia Alves