Mais uma espécie com que o nosso camarigo José Belo costuma cruzar-se nas
suas deambulações, lá no isolamento do seu refúgio na Lapónia. Afinal estes e
outros animais são a sua companhia habitual… e os vizinhos mais próximos que
tem…
“CORVOS DE GUARDA”…
José Belo |
São
comuns em toda a Suécia, Noruega e Finlândia, principalmente nas zonas mais a
norte destes países, umas aves da mesma família que os corvos, mas com um
tamanho quando adultos cerca de 3 vezes superior.
Os corvos vulgares existentes na Escandinávia não são negros como os de
outras paragens, mas sim de uma penugem cinzenta acastanhada. Em contrapartida
estes "Korpar", de seu nome em sueco, têm a cor dos nossos
corvos mantendo-a todo o ano, independentemente das vulgares camuflagens
adaptativas à cor da neve de outros animais aqui na Lapónia.
Sendo o corvo vulgar considerado um dos mais inteligentes animais, estes
Korpar conseguem de longe ser superiores.
Poisados em locais com uma boa visão de tudo o que se passa em seu redor,
seguem atentamente (todo o dia) as actividades humanas da casa, ou
quinta, por eles escolhida.
Como atentos "cães de guarda" reagem com
os seus gritos intensos quando surgem visitantes não familiares ao local, não o
fazendo se são os habitantes normais da casa quem se movimenta.
Quanto às pessoas por eles bem reconhecidas, os sons que provocam variam
sempre de acordo com o indivíduo que observam. Estes sons são de tal modo
diferentes consoante as pessoas que vivem na casa, que é impossível não os
"compreender" em pouco tempo.
A sua contínua atenção a tudo o que seja actividades humanas fez com que,
na época dos Vikings, estas aves fossem consideradas as favoritas do deus
superior da mitologia de então (Odin).
Segundo tradição profunda este usava-os como mensageiros informadores
de tudo o que os humanos iam fazendo.
Eram de tal modo considerados entre os Vikings que dois deles, os favoritos
de Odin tinham nomes próprios, "Hugin" e "Munin".
José Belo
20 comentários:
Pois muito bem: temos então "corvos de guarda"!
Já tinha dado conta de existência de gansos que se encarregavam de fazer a protecção dos espaços onde vivem mas estas dos corvos de vigia é nova para mim.
E até que não será muito de estranhar. O mais difícil era saber que essas espécies vivem por aí.
Conhecer ou reconhecer os habitantes normais e "naturais" dos vários locais é de facto bem interessante e notável.
Já quanto aos "favoritos de Odin" e tendo em conta o meu escasso conhecimento da mitologia nórdica, fico para aqui a magicar "quem" poderá ser aqueles a que os nomes se referem.
Hélder Sousa
Ó companheiro José Belo
E só agora vens informar a gente da existência desses corvos, assim ainda mais inteligentes que os nossos e, ainda por cima, com essas capacidades de reconhecimento, detecção e vigilância?
É que podíamos ter colocado dois ou três bichos desses ao serviço aqui por Tancos e não tinha acontecido uma coisa daquelas.
Francamente, essa não é de patriota!
Um abraço deste que se assina
Alberto Branquinho
Realmente essa do grasnar dos corvos é, ou era, assim mesmo.
Lá na minha terra, só sou alfacinha a partir dos 10 anos, em certas alturas do ano aparecia um corvo junto da casa do minha avó e por lá ficava durante uns tempos. Quando se aproximavam visitas o corvo grasnava como que avisando os da casa.
Há uns anos, houve um encontro de ornitólogos no Algarve que apresentaram um estudo sobre o canto das aves da mesma espécie em zonas diferentes de nidificação. Chegaram à conclusão que um melro, rouxinol, ou qualquer outra ave do Algarve tem um piar diferente das no Minho, por exemplo, e assim acontece em todas as zonas do planeta. Quer dizer que um galo criado na Dinamarca chega ao Ribatejo e as galinhas lá do sítio não o percebem, e assim será com um corvo da Suécia a avisar um minhoto da aproximação de visitas, mas a grasnar em sueco.
Por acaso, não estive presente nesse encontro de ornitólogos e não pude perguntar se no cantar dos pintassilgos do Porto se pode concluir que trocam os bês pelos vês e nos do Alentejo cantam mais sossegados.
Ab. e saúde da boa
Valdemar Queiroz
Por razões “técnicas” só agora tive conhecimento da publicação deste texto, e daí o meu atraso nas respostas aos comentários.
Ao Helder de Sousa:
Tendo em conta o reconhecido desconhecimento da mitologia nórdica atrevo- me a recomendar como introdução a leitura atenta das qualidades,e principalmente actividades,da deusa Freija.
(Deve-se ter em conta que o “J” nas línguas germânicas lê-se “i”)
O que por vezes se passava sob o seu manto feito de penas de falcão daria trabalho para uma vida aos Excelentíssimos membros da Comissão de Censura do “antigamente”.
Ao Alberto Branquinho:
Muito antes da tua sugestão quanto ao uso destas alimárias em Tancos já uma Comissão de Trabalhadores da zona industrial de Moscavide tinha sugerido,aquando do PREC de 74/75,a importação para o Depósito Geral de Material de Guerra de um casal destes exóticos corvos.
Infelizmente um plenário selvagem,tão típico da época,opôs-se veementemente a tão provocativa e alienante sugestão.
Havendo corvos nacionais,para mais Alentejanos,só pequeno burguêses reacionários poderiam apresentar como sugestão a importação de um casal de tais “pipis” da reacionária Social Democracia sueca.
Acabou por instalar-se em Beirolas não um casal de corvos Alentejanos...mas um bando deles...ainda mais “canhotos” que os originais.
Muito mais “canhotos” mesmo!
E lá surge o fado das armas em boas mãos,um verdadeiro fado corrido,que em nada veio abonar quanto às qualidades destes “pipis” como sentinelas de último recurso.
Como as quantidades que, e muito a propósito de uma história de passarinhos,”voaram”de Tancos foram infinitamente mais pequenas que as anteriores,terá sido,muito ao contrário do que afirmas em comentário,uma atitude de verdadeiro patriotismo o não envio de tais alimárias para Tancos.
Ao Valdemar Queiroz:
Nas,quanto a mim muito felizes,referências à nossa passarada Lusitana foram aparentemente esquecidos os “patos bravos” e a muito especial espécie dos”cucos parlamentares “.
(Estes últimos com a sua tão interessante característica de piarem mais do que voam)
Faltam também as saltitante” pegas” que sempre julgamos ,com carinhoso patriotismo, serem “passarinhas “ só nossas .
Felizmente ou infelizmente (tudo depende do passarão “papa-milhos” que as analisa) elas estão bem espalhadas por essa Europa fora.
Um grande ,e como sempre mui respeitoso, abraço do J.Belo
J. Belo
Escrever com esse jeito não é para todos.
E ainda quanto aos ornitólogos, não consegui resposta quanto à origem/razão de todos aqueles apelidos para a mesma zona específica, pra mim chegava "gaiola" (até havia o 'faz-me uma gaiola'), mas vá se lá saber apareceram: pombinha, pardalita, pipi, periquita, franguinha, melra, e o que mais se queira.
Igualmente com todo o meu respeito, um grande abraço e saúde da boa.
Valdemar Queiroz
Da dita, esqueci-me do apelido mais conhecido: passarinha.
Valdemar Queiroz
José Belo
Pois! Está bem!
Mas, observando mais uma vez a foto do teu corvo instalado no telhado em atitude inteligente, desafiante, com as patas bem implantadas no telhado (principalmente a esquerda), bem observadora, pensei: - Não será uma corva?
Como corva, fez-me lembrar aquela passagem da canção do Moustaki:
"...
Une corbeau bien plantée sur ses deux jambes
ont l'appelle "Atention Permanente".
Have a good stay and
my best regards to mr. president
Alberto Branquinho
Caro JBelo
Obrigado pelos esclarecimentos e recomendações que me foram dirigidos.
Em relação aos conteúdos de outros comentários, tanto os iniciais como os contra-comentários (ou "pró"), só posso dizer que "cada vez gosto mais".
Já um amigo me confidenciou que considera que o JBelo conversa (ou escreve) em cifra e não consegui desdizê-lo. Fiquei contente.
Boa estadia pelos "States", cuidado com o tal "vírus chinês" (assim chamado lá) e se tiveres que voar mais vezes, olha, aproveita para fazeres "milhas"...
Abraço
(respeitoso, claro!)
Hélder Sousa
Meu Caro Alberto Branquinho (cada vez mais caro pois o dólar está bastante desvalorizado).
Estando agora a pontuar em alguns dos nossos blogues uma pandemia de títulos universitários e respetivos doutos Doutores,espero que aproveites avidamamente(!) esta sabedoria ,ingênua por pastoral, de um humilde criador de renas no Árctico.
Para evitar as dúvidas profundas que infelizmente aparentam surgidas no teu sempre tão perspicaz espírito investigativo ,vou tentar fazer chegar até ele (o tal perspicaz) a maneira com resultado garantido, de poderes vir em situações futuras ,tão normais nas praias lusitanas,a distinguir um corvo de uma “corva nórdica”..
Se afirmares junto à pseudo passarinha (salvo seja!) a tão infeliz frase:
-O ERRO MAIS GRAVE DOS PASTORES LUTHERANOS NA ESCANDINÁVIA FOI O DE ENSINAREM AS MULHERES A LER!
O imediato e violento grasnar da alimária dá-te garantia imediata de tratar-se de uma passarinha.
Aproveita,porque lições destas levam mais de quarenta anos de experiências várias até ficarem bem interiorizadas no espírito lusitano!
Com um grande e,mais uma vez,muito respeitoso abraço do J.Belo
Caro Helder de Sousa
Com família que não fala português.
Com colegas de profissão nos States que não compreendem sueco.
Com os meus cães de trenó que só conversam comigo se lhes falo em dialeto da Laponia.
Comigo a cada vez mais só me concentrar na fonética(!) portuguesa em vez do conteúdo,quando arranjo a coragem sempre necessária para procurar na TV lusitana alguns dos programas onde
,aparentemente,se tenta discutir assuntos políticos actuais.
Falar e escrever em cifra....eu?!?
Um grande abraço do J.Belo
(PS/ Sempre ao dispor quanto às decifragens do dialeto lapão)
Excelentíssimo Senhor Editor da Revista Karas
Com o profundo interesse pelas alimárias laponicas
tão veementemente demonstrado por alguns dos leitores...verdadeiros animalistas...pergunto eu,e contigo famílias numerosas:
-Terá Vossa Senhoria recebido um texto no qual é referido o animal considerado o mais agressivo e perigoso deste extremo do extremo Norte europeu?
Tendo em conta as quantidades de ursos,lobos,linces,águias reais,víboras,e até mesmo as tão saltitantes laponas que por aqui abundam,não será fácil de se obter o título do...animal mais perigoso!
Compreendendo as possíveis relutâncias Editoriais em publicar um texto de tal modo sanguinário ,tendo em conta os numerosos Oficiais Reformados das nossas tropas especiais que sempre acompanham estes blogues,atrevo-me a julgar ser possível com conveniente lápis azul (dos restantes da saudosa Comissão de Censura do antigamente)
eliminar as passagens que pela sua agressiva veracidade mais chocantes se tornam.
Tendo em conta que impertinências são sempre impertinências,sejam elas laponicas ou alentejanas,”amando-lhe” desde aqui o meu sentido pedido de desculpas.
Um abraço do J.Belo
Caro Zé Belo
Se nessa "cartinha para o editor" te estás a referir à tua história sobre a agressividade do alce, tem calma que o tema não está esquecido e vai aparecer...
Tendo em conta as características nebulosas do teu comentário acima, devo ainda referir que, quanto ao amigo referido pelo Helder Sousa que considera que o JBelo conversa (ou escreve) em cifra, suponho que ele se estava a referir a mim... É que já são bastantes anos a virar frangos suecos (ou lapões)...
Um abraço
Miguel Pessoa
Como já aqui nada escrevo há muito tempo aqui deixo o meu abraço para todos, se me permitem especialmente para o Zé Belo que foi meu colega de colégio quando ainda existiam colégios a sério.
Uma curiosidade que muitos devem saber: Os corvos na Rússia são preto e branco, ou seja, são "malhados"!!!!
Abraços
Joaquim
Meu caro Miguel
Tu que durante tantos anos( Décadas?) tens amigável e PACIENTEMENTE acompanhado ,e aturado ,esta HistóriasTrágico Marítimas Laponicas ,surpreendes-me quando confundes os nossos alces com um outro animal,este na realidade o “tal” mais sanguinário e que mais vítimas com sérias consequências acaba por provocar por aqui.
Eu sei,eu sei,eu sei.......que não são só os pilotos aviadores que andam sempre a voar.
As nossas actuais idades provocam que as nossas memórias também...voem!
A haver paciência por parte dos Camaradas aqui segue parte da história original.
Precisamente neste período do ano deslocam-se desde o estrangeiro numerosos “ranchos” de trabalhadores(muitos thailandeses) contratados pelas fábricas de frutos enlatados para colherem uma quantidade de toneladas das mais variadas bagas aqui existentes e muito apreciadas como compotas,marmeladas,geleias, ou nas variantes de frescas ou congeladas.
As exportações para a Alemanha ,entre outros,são enormes.
Depois de introdução às realidades do mato selvagem envolvente feita normalmente por um capataz lapão,tudo transmitido no noticiário da TV local,um dos thailandeses preocupado com a numerosa fauna selvagem que iria encontrar pergunta ao lapão:
-Qual é o animal mais perigoso passível de ser encontrado nas florestas locais?
O lapão,depois de uma longa pausa meditativa (quase a “modos que” alentejana) responde:
A carraça!
Nas florestas e estepes estas carraças,transportadas tanto pelos rebanhos de milhares de renas como pela muito numerosa fauna selvagem,são um verdadeiro flagelo durante as 3 semanas do Verão local.
As febres,graves inflamações cerebrais,borelia ,etc, causam doenças crônicas,algumas delas mortais pela não existência de tratamento para as mesmas.
Todos os que por aqui vivem se vacinam durante anos sucessivos, mas infelizmente novas espécies de carraças trazidas ultimamente desde as estepes russas ultrapassam os efeitos das vacinas existentes.
Este pequeno animal resiste não só aos quarenta graus negativos dos nossos Invernos como aos nove meses de continua neve no solo.
(Um pouco como os geniais políticos lusitanos que a tudo sobrevivem)
Um abraço do J.Belo
Caro Zé Belo
Eu logo me pareceu que as piores carraças haviam de ser russas!!!!
Abraço forte
Joaquim
Caro Zé Belo
Tens razão claro, embora eu tenha atenuantes: Neste tempo de confinamento tenho avançado muito para além do que é publicado, por isso os textos dos colaboradores têm entrado nas rotativas um ou dois meses (ou mais...) antes da sua publicação. Por isso por vezes já nem me lembro do que está para sair...
É o caso do texto das carraças, que estava previsto surgir só lá para Outubro. Mas, atendendo ao teu lamento, decidi alterar a programação e publicá-lo já para a semana - embora com o teu comentário já tenhas posto a história a descoberto... Com essa alteração é a publicação do teu lince que fica adiada.
Abraço. Miguel
PS - Já agora um apelo às massas. Na ausência de convívios o blogue tem vivido exclusivamente de textos fornecidos pelos seus fieis colaboradores (que não são muitos...). Temos tentado publicar um texto com periodicidade semanal (quando havia convívios publicávamos um ou dois por mês) o que traz uma exigência acrescida de fornecimento de material. Por isso, se quiserem colaborar estão à vontade. Basta enviarem o texto para tabanca.centro@gmail.com
Caro Miguel
Como o alce também tem carraças está lançada a pista para uma feliz adaptação editorial quanto aos dois rascunhos.
O título literário muito clássico....*O alce com comichão nos pendentes”...creio que em obra teatral de Shakespeare ,seria certamente apropriado.
Um abraço do J.Belo
Felizmente que é verão, senão os pendentes ficavam na neve - e lá tinham as carraças que hibernar...
Miguel
Mais uma excelente comunicação que é uma autêntica lição.
Obrigado Mestre.
Grande abraço e bora viver.
JERO
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