quarta-feira, 26 de junho de 2019
domingo, 23 de junho de 2019
P1147: OUTRAS GENTES, OUTROS COSTUMES
NA SUÉCIA O “MIDSUMMER” FESTEJA
O SOLSTÍCIO DE VERÃO
José Belo |
Dia 21 de Junho,
solstício de Verão, dia mais longo do ano.
No Norte de Portugal festeja-se o São João. Na Suécia, país protestante,
festeja-se nesta data o "Midsummer", que mais não é que o acima
referido solstício de Verão.
Festa vinda de tempos imemoriais na qual a natureza é o figurante central.
O tão exótico Sol da Meia-noite que nos proporciona nesta altura do ano
algumas semanas de luz contínua e cria um ambiente quase mágico.
Descrevê-lo para quem nunca o presenciou é tarefa impossível para este tão limitado
"escriba".
Não é em nada semelhante à luz do nascer ou pôr-do-sol, mas antes uma
luminosidade quase mágica, como que criada para poetas.
Depois dos longos Invernos de nove meses em que o sol nunca sobe no
horizonte esta luz cria todo um ambiente propício à Festa.
A luz do sol da meia noite no Junho de Estocolmo.
Näo é täo forte como na Lapónia mas näo é menos exótica.
|
No centro dos largos principais de aldeias, vilas e cidades levantam-se
altos postes decorados com grinaldas de flores.
Tradicionalmente o levantamento dos postes é tarefa unicamente efectuada
pelos homens da localidade, em acto simbólico da fecundação da natureza que,
neste curto período do ano escandinavo, explode em criação.
A meio da manhã os habitantes acompanhados por crianças de todas as
idades formam grandes círculos concêntricos à volta do poste cantando versos
tradicionais e efectuando gestos mímicos variados.
(É o momento da festa favorito das crianças!)
Tudo acompanhado a acordeão, violino e um muito antigo tipo de
guitarra-violino de 12 cordas.
Todos colocam à volta da cabeça bonitas grinaldas de flores selvagens.
É então que as tais "suecas-míticas" brilham em toda a sua beleza
natural fazendo esquecer a este lusitano que os vinte anos já lá vão... e que
nesta altura do ano tem cerca de... trinta anos!
Ao contrário das alcachofras queimadas pelas românticas meninas do Porto na
busca dos grandes amores, por aqui as jovens procuram 7 diferentes flores
silvestres que devem ser colocadas sob a almofada da cama onde dormem.
Deverão então sonhar com o grande amor da sua vida.
Caso isto não aconteça não será por a magia ter falhado mas sim porque elas
apanharam as flores erradas!
Ao meio da tarde come-se bem e bebe-se... ainda melhor! (Aqui estou a ser
diplomático!)
A ementa tradicional desta festa consta de infindável variedade de receitas
(cada dona de casa tem a sua) de filetes de arenque cru, curados com os mais
variados condimentos, como a mostarda, cravinho, pickles, tomate e cebolas
variadas, cominho, coentros, endro, etc, etc, etc, que são acompanhados de
batata nova (e é fundamental que seja batata nova) e uma mistura de iogurte com
natas frescas.
Inúmeros queijos, alguns bem curados e temperados com cominho, muita manteiga
e tostas duras. Serve-se também salmão, tanto fumado como curado em mistura de
2/3 de sal, 1/3 de açúcar, pimenta moída e endro - ambos em fatias extremamente
finas.
Ovos cozidos, divididos ao meio e cobertos de caviar.
Quantidade de cerveja bem gelada com teor de álcool muito (!) superior ao lusitano,
acompanhada em cada gole (!) por uma também infindável variedade de vodkas
condimentadas com especiarias.
Para as crianças há as muito saborosas almondegas suecas e um tipo de
pequenas salsichas grelhadas.
Tudo isto finalizado por um enorme bolo de morangos com natas.
Depois da bem bebida refeição começa o baile que se prolonga por toda a não
existente "noite".
(Dizem alguns que não será por acaso que o mês de Março/Abril é o mês
em que nascem mais crianças na Suécia)
Um grande abraço desde o extremo do extremo norte da Suécia.
José Belo
sexta-feira, 21 de junho de 2019
segunda-feira, 17 de junho de 2019
sexta-feira, 14 de junho de 2019
P1144: UMA EXIBIÇÃO... EM CUECAS
Meus caros amigos e camaradas
Hélder Valério Sousa |
Não me tem sido possível participar nos
vários "Encontros/Almoços" da "Tabanca do Centro" por
motivos que, se não se importam, não vou elencar aqui e agora. Não tenho ido,
ponto!
Mas agora, por "pressão" do
Joaquim Mexia Alves, do Miguel Pessoa e com o "pontapé de saída" do
"Jero", vou tentar corresponder ao desafio que me lançaram de ser um
contributor mais activo.
Sendo assim, aqui vai a primeira
"recordação", que ainda não foi objecto de texto para publicação no
"Blogue-Mãe". Lá chegarei, também, mas já agora segue para aqui,
talvez de forma mais resumida ou, pelo menos, sem pretensões de servir para
"tirar ilações", como por vezes costumo fazer.
O maior problema é a falta de fotos
ilustradoras pois das que tinha tirado em Piche, e foram bastantes, perderam-se
numa emboscada à coluna de Piche para Nova Lamego. Vinham à guarda de um dos
meus operadores, que vinha de férias (eu, quando vim de Piche para Bissau
deixei lá ficar a caixinha com as fotos e foi esse 1º Cabo Guedes que era seu
portador). A coluna foi alvo de ataque, o Guedes ficou ferido no pescoço com um
pequeno estilhaço mas a mala que ele trazia foi atingida por um estilhaço maior
que, entre outras coisas, atingiu a minha caixinha de fotos.
Então, a história/recordação que vos
proponho conhecer tem a ver com o que se passou uma bela tarde à saída do
Entroncamento, na estrada para Torres Novas.
Hélder Valério Sousa
UM
ESPECTÁCULO INESPERADO…
E APLAUDIDO
E APLAUDIDO
Fiz o 1º Ciclo do CSM em Santarém, saiu-me a especialidade de TSF pelo que
o 2º Ciclo do CSM foi feito no então BT (Batalhão de Telegrafistas) em Lisboa e
depois foi necessário efectuar um estágio operacional tendo-me calhado Tancos.
A mim e a mais três....
Ora esses tempos em Tancos, que ocorreram entre a primeira quinzena de
Janeiro e até ao meio de Abril de 1970, foram muito bons e cheios de coisas
notáveis. Os meus camaradas de curso eram o Fernando Marques (que não chegou a
ser mobilizado), de Alhandra, casado, com uma vida civil razoável, possuindo um
"Morris Cooper" com o qual ele me levava e trazia de volta a casa
passando em Vila Franca, onde então eu vivia. Além dele e de mim havia também o
Mário Miguel, de Barcelos (que foi para Moçambique) e o Manuel Martinho, de S.
Martinho do Campo, Santo Tirso, que foi para a Guiné comigo.
Era raro o dia em que não fizéssemos uma saída de Tancos para as
redondezas, para as proximidades e também para mais longe, Entroncamento,
Tomar, Torres Novas.
No dia desta história decidimos ir até Torres Novas.
Saída do Quartel (do "Perímetro Militar de Tancos") fardados, no
tal "Morris" com os saquinhos de roupa civil no porta-bagagem. Tudo
bem, tudo normal.
Passámos o Entroncamento, tomámos a estrada para Torres Novas e, em certa
altura, seriam quase em cima das 18:00, tomámos uma saída para um terreno um
tanto descampado e inclinado à direita da estrada, parámos o carro, tirámos os
sacos com as roupas e vá de despir a farda.
Durante alguns instantes ficámos em cuecas e em tronco nu e foi quando se
começaram a ouvir uns assobios do tipo dos que se costumavam fazer às miúdas
assim a modos que "fuifuiu, fuifuiu, fuifuiu". Só nessa altura
reparámos que onde estávamos era em frente à saída de uma fábrica, que o "mulherio"
que entretanto estava a sair era mais que muito e que lhes oferecemos, sem
querer nem saber, um espectáculo de "striptease", muito aplaudido.
Fizemos o que tínhamos a fazer, seguimos o nosso caminho, debaixo de vários
piropos e, como seria de esperar e era natural naqueles tempos, tudo correu
lindamente.
É claro que nunca mais cometemos o mesmo erro mas sempre que por lá
voltámos a passar as nossas gargalhadas não se faziam esperar.
E é tudo, sobre este episódio.
Abraços
Hélder Valério Sousa
terça-feira, 11 de junho de 2019
sábado, 8 de junho de 2019
P1142: NÃO ESTÃO ESQUECIDAS...
ALCUNHAS DO TEMPO DA VIDA MILITAR
QUE NÃO ESQUECEM / 1
Já
passaram mais de 50 anos e não esqueci algumas das alcunhas de “rapazes” que
passaram dois anos na Guiné integrados na “minha” C.Caç. 675. E como tenho nos
meus arquivos alguns “testemunhos” desses velhos tempos posso de vez em quando
“mergulhar” fundo no passado “sem perder o pé”…
Posto
isto vamos a factos.
No
longínquo dia 4 de Julho de 1964 dois grupos de combate da C.Caç. 675 saem para
o mato, no Norte da Guiné, e têm um tremendo “baptismo de fogo”, que incluiu um
ataque bem sucedido a uma tabanca inimiga e duas emboscadas no itinerário de
regresso ao quartel, de que resultam vários feridos graves e um ligeiro.
A
evacuação para o Hospital de Bissau foi feita por dois helicópteros e, no segundo
- no meio de alguma confusão - seguiu também o “Salvação”, ferido numa perna e
nas costas por estilhaços de granada, feridas no entanto superficiais e que não
teriam justificado a sua evacuação.
O Salvação |
Quando
“a poeira assentou” tivemos informações via rádio dos feridos que inspiravam
mais cuidado e nos dias seguintes a vida no aquartelamento teve alguma acalmia,
esperando-se que o “Salvação” regressasse `”às lides” nos dias mais próximos.
Esta palavra (as lides) tinha alguma razão de ser pois o rapaz era de Salvaterra
de Magos,uma terra de touros e toureiros.
Cabe
aqui e agora dizer que o “Salvação” tinha físico de artista de cinema e cuidava
bastante do seu aspecto. Tinha apanhado um grande cagaço na segunda emboscada
do “célebre” dia 4 - ele e muitos outros, com o autor destas linhas incluído -
e aproveitou a sua estadia em Bissau para, além de tratar dos ”arranhões” dos estilhaços,
cuidar dos dentes, de quistos sebáceos, de calos cutâneos, da neurose de
compensação, da goteira do cotovelo, da prevenção para picadas de mosquitos e
mosca tsé-tsé, de perturbações causadas pelo calor, de alopecia, de
sonambulismo, da falta de apetite depois de comer, etc., etc.
Quando
apareceu na Companhia uns dois meses depois já quase que ninguém o conhecia.
Daí para frente o Condutor-Auto nº. 2572/63 Francisco Augusto da Costa Salvação
só passou a ser conhecido por “São e Salvo” ou “Salvação”. Pegou melhor o
“Salvação”, até porque condizia com o apelido. E de apelido a al(cu)nha foi só
um passo... Até porque quem tem (cu) tem medo e o “Salvação, regressou são e
salvo à Metrópole em 8 de Maio de 1966!
Chega
agora a vez do “Sorna”, um jovem nascido e criado na Costa da Caparica, com a
especialidade de atirador (Soldado nº. 2227/63, Henrique Manuel Pereira
Cambalacho) e com uma doença congénita de “preguicite aguda”. Dormir era com
ele e rapidamente começou a ser conhecido na Companhia como o
"Sorna". Com alguma esperteza e matreirice à mistura conseguiu passar
ao fim de pouco tempo a “ajudante” da Cantina e ficou dispensado de patrulhas
no mato, que eram as partes mais desagradáveis da “especialidade” de atirador.
O guarda-redes “Sorna”, assinalado por um círculo, com os habituais titulares da equipa de futebol da CCaç.675, apadrinhada pelo Cap. Tomé Pinto. |
Como
era normal ao tempo nos “intervalos da guerra” havia malta que jogava futebol e
nesse grupo de predestinados para o “desporto-rei” fazia parte o “Sorna” que,
para não se cansar muito, jogava a guarda-redes que, como é sabido, é o lugar
mais parado numa equipa de futebol.
Não
era bom nem mau, antes pelo contrário, mas um dia fez uma defesa tão aparatosa
que acabou... no Hospital de Bissau! Mas até lá chegar... é que foi o cabo dos
trabalhos.
Ainda
hoje não se sabe se o “Sorna” defendeu a bola sem querer, se levou com a bola
na cara ou se bateu com a cabeça na trave e... mordeu a língua! Das duas... três.
O que é certo é que não foi golo e o que é ainda mais certo é que mordeu a
própria língua violentamente. Saiu em braços – não em ombros - e quando meia
hora mais tarde o “Sorna” ,deitado na sua cama, começou a pedir ajuda por
sinais, porque já não conseguia falar... os vizinhos da camarata não lhe
ligaram nenhuma.
O
rapaz começara a ficar roxo e, quando finalmente o médico e o enfermeiro da
Companhia foram alertados para o seu estado, a língua já estava tão inchada que
o “Sorna” corria riscos de asfixia. E para obviar a males maiores o médico
fez-lhe uma traqueotomia, com os meios disponíveis na Enfermaria do
aquartelamento. Quando o infortunado «guarda-redes» estabilizou foi evacuado de
helicóptero para o Hospital de Bissau. Passou um mau bocado mas... voltou ao
Quartel menos “Sorna”.
Mas
a alcunha ficou e... mais ninguém lha tirou! Aqui está um caso em que a
primeira função das alcunhas (a identificação) não ajudou nada. És “Sorna” e
quando estás doente a sério... ninguém acredita! Está claro que esta situação
complicada nunca teria acontecido com o “Salvação”...
Faz
tempo...
JERO
PS - E em breve vos trarei mais alcunhas...
terça-feira, 4 de junho de 2019
P1141: XIV Encontro da Tabanca Grande - Monte Real, 25 de Maio de 2019
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Fotografias do Miguel Pessoa
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