segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

P299: UMA NOTICIA TRISTE

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Hoje o nosso grande amigo Vasco da Gama teve uma tristíssima notícia.
Faleceu a sua sogra.
Nestes momentos as palavras são escassas, para dizer a um amigo o quanto sentimos o seu sofrimento.
É melhor exprimirmo-nos por gestos, e dar um abraço forte, apertado, cheio de sentimento e envolver o nosso amigo na nossa inquebrantável amizade.
É o que agora fazemos à Celeste e ao Vasco da Gama, neste hora dolorosa, esperando de Deus a Sua infinita bondade para quem partiu, e a Sua companhia de amor para quem fica.
Estamos convosco, Celeste e Vasco, na sincera amizade que nos une.
Nota:
Quem quiser pode deixar aqui na caixa de comentários o seu abraço de amizade à Celeste e ao Vasco.
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P298: LEMBRANDO O NOSSO CONVÍVIO DE 30 DE JANEIRO


sábado, 12 de janeiro de 2013

P295: O "ARRAIAL"!!!

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" Resultados" na sala do soldado
da 1ª flagelação ao Xitole em 04.04.1972
Empenagens de granadas de canhão sem recuo
recuperadas depois da 1ª flagelação ao Xitole em 04.04.1972
Ao fundo vêem-se as valas que utilizávamos durante as flagelações.


Num almoço da CART 3492, (companhia a que pertencia na minha chegada à Guiné), que tivémos em Monte Real, o António Azevedo, nosso médico "de serviço", (é sempre bom ter um médico por perto nestes almoços...), que esteve connosco no Xitole, contou-me a seguinte história de que eu já não me lembrava.

Contou ele que, quando foi o primeiro ataque ao Xitole, estava no exterior da "messe" de oficiais e ao ouvir os sons das saídas de morteiro e canhão sem recuo, começou a olhar para o ar para ver onde era o "arraial", pensando estar em Viana do Castelo nas festas ou coisa parecida.

Contou também que se sentiu projectado no ar e caiu dentro da vala, tendo eu caído por cima dele.

Tinha sido eu que o tinha "atirado" para a vala ao dar-me conta que ele não percebia o que se estava a passar!

Se fosse hoje, com o meu peso, esmagava-o!!!!

                                                                                                                             Joaquim Mexia Alves
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quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

P294: "ALODANDO" NO COMO

Deparando com estas fotos dos velhos tempos relembrei os factos que nos envolveram há 39 anos e não resisti a recuperar o texto que já há uns tempos vi publicado em dois blogues – “Luís Graça & Camaradas da Guiné” e “Especialistas da BA12”. Esclareço que quando digo “nos envolveram” me refiro também a mim. Afinal, embora não o tenha referido no texto, eu era o piloto do Fiat G-91 que descolou em busca do DO-27…
Mesmo correndo o risco de ser repetitivo aqui segue o texto, já conhecido por alguns.

DO-27 NO CHARCO DO COMO

Na manhã do dia 17 de Novembro de 1973 o Centro de Operações do Go1201, na BA12, recebe um pedido de evacuação, vindo de Catió, tendo de imediato destacado um DO-27 para efectuar essa missão. A equipa de alerta era constituída pelo Fur. Ivo Mota, da Esq. 121, e pela Enfª Paraquedista Giselda Antunes, e a eles se juntou a Enfermeira Paraquedista Natália Santos, acabada de chegar à Guiné e que, por ser "pira", acompanhava as "veteranas" nas evacuações, para "ganhar calo".
Estava-se já na época pós-Strela, que tinha trazido diversas restrições à navegação aérea. Entre a opção de subir para 10.000', descendo depois à vertical do destino, o piloto optou pela outra opção possível, que era a de efectuar todo o voo a baixa altitude (50' a 100' sobre o terreno - o correspondente a 15 a 35 metros).
Para evitar zonas mais perigosas o Fur. Mota decidiu então seguir ao longo da linha de costa, sobre a água, contornar a ilha de Como (refúgio do PAIGC), subir o rio Cumbijã e, atingido Cufar, dirigir-se em linha recta para Catió.
O voo decorria normalmente a baixa altitude; à passagem por Bolama tiveram a oportunidade de ver o navio que fazia o transporte de víveres e material, que se dirigia para sul. O DO-27 não parecia ressentir-se de qualquer problema resultante do incidente da véspera. O avião sofrera um choque com um pássaro que lhe tinha acertado no hélice, mas a inspecção feita ao avião no intervalo dos dois voos não tinha detectado qualquer anomalia.
Quando sobrevoavam os tarrafos ao lado da ilha de Como, o avião resolveu "apagar-se" - o motor parou repentinamente, obrigando o piloto a uma reacção rápida para preparar uma aterragem de emergência. Dada a baixa altitude a que seguiam, a única solução era "poisar o estojo" na direcção em que seguiam, em pleno tarrafo, o que o piloto fez - diga-se - com bastante êxito, pois o avião ficou atolado no lodo, mais ou menos direito, tendo os ocupantes saído ilesos desta aterragem (ou mais propriamente "alodagem"). Quem esteve na Guiné sabe bem as diferenças no contorno das margens (no mar ou nos rios) entre a maré cheia e a maré vazia. Neste caso era hora da maré baixa e a água, tendo descido, deixara o tarrafo coberto de uma espessa camada de lodo.

 Rapidamente, os ocupantes abandonaram o avião procurando, atascados no lodo, alcançar uma zona de águas mais profundas, onde pudessem, mergulhados, ficar menos expostos a olhares da margem e ser eventualmente "pescados" pelo navio que pouco antes tinham visto a navegar naquela direcção.
Ter-se-iam passado duas horas desde a aterragem forçada no local quando detectaram uma embarcação do tipo Zebro que se aproximava do local, atraída pela silhueta do DO-27 atolado. Desconfiados, continuaram metidos na água pois a distância não permitia uma identificação eficaz do pessoal que se aproximava. Com a aproximação do zebro puderam verificar que os tripulantes eram brancos, o que os levou a chamar a sua atenção. Rapidamente foram recolhidos e levados para o navio de guerra a que o zebro pertencia e que se aproximava entretanto do local.
Na BA12, entretanto, alertados pela falta de reportes do DO-27, tinham mandado descolar um Fiat G-91 que, seguindo o percurso mais provável voado pelo DO veio rapidamente a localizá-lo no tarrafo. Imediatamente a Força Aérea pediu a colaboração da Armada, que deslocou uma segunda embarcação para o local.
Terá então havido aqui alguma falta de comunicação pois o segundo navio atarefava-se na busca do piloto no local quando este já se encontrava no primeiro navio. Mas mais vale a mais do que a menos...
O facto é que, depois de recuperada pela Armada, mesmo sem dispôr de material (perdido no acidente) a enfermeira Giselda ainda foi fazer a evacuação a Catió, num outro avião entretanto disponibilizado, que "serviço é serviço"...
No dia seguinte, uma LDG da Armada iniciou os trabalhos de recuperação do avião, aproveitando a fase da maré alta, que permitiu a aproximação ao local. A içagem do avião infelizmente não correu tão bem como se pretendia. Na primeira tentativa o DO acabou por cair novamente na água, ficando ainda mais danificado... Provavelmente foram maiores os estragos nessa altura do que na altura da queda! Não foi no entanto importante, pois o destino dele seria sempre a sucata. A deformação da estrutura e a corrosão da água do mar tinham provocado danos irreparáveis no avião.


Podemos imaginar que o fim feliz deste acontecimento se deveu a um conjunto de factores favoráveis que podiam muito bem não ter acontecido:
O facto de o avião voar bastante baixo, não sendo observável das tabancas existentes;
A aproximação final do avião ao ponto de queda com o motor parado, não tendo, pelo seu silêncio, alertado ninguém próximo (detectou-se depois uma tabanca com população presumivelmente hostil a cerca de 700 metros);
A existência de um navio da Armada, em missão de vigilância próximo do local, o que permitiu a rápida recuperação dos ocupantes do DO-27.


                                                                                                                Miguel Pessoa